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Jose Manuel Pinto Teixeira

Suspeitas de benefício pessoal e favorecimento na compra de 960 m2 de terreno na Prainha, cuja venda fora anteriormente negada a um cidadão cabo-verdiano, está na origem da investigação.

O Gabinete Antifraude Europeu está a avaliar a conduta do ex-representante da União Europeia em Cabo Verde, o português José Manuel Pinto Teixeira, na sequência de uma comunicação da eurodeputada socialista Ana Gomes.

A participação da eurodeputada portuguesa foi enviada ao Gabinete Antifraude Europeu (OLAF, na sigla em inglês) e à chefe da diplomacia e vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini, na sequência da visita que Ana Gomes fez a Cabo Verde, em Setembro, integrando uma missão de eurodeputados do Grupo dos Amigos de Cabo Verde no Parlamento Europeu.

Numa resposta a esta comunicação, datada de finais de novembro, Federica Mogherini afirma estar a par das questões surgidas em torno da alegada compra do terreno, cuja venda tinha sido anteriormente negada a um cabo-verdiano.

"O OLAF está a avaliar o caso. Só depois desta avaliação inicial, decidirá se abre ou não uma investigação", disse.

Ressalvando que o facto de o OLAF estar a avaliar a situação não significa que tenha sido cometida alguma irregularidade, Federica Mogherini adianta que já foram pedidas a José Manuel Pinto Teixeira informações adicionais que permitam clarificar a situação.

"Os representantes da UE estão obrigados a respeitar os mais elevados padrões de comportamento ético, que são particularmente rigorosos quando se trata de representantes seniores. Depois de deixarem o serviço da UE, os representantes estão vinculados ao dever de comportamento íntegro e discreto no que à aceitação de certas nomeações ou benefícios", afirmou a responsável.

"Como tal, estamos a examinar as alegações e já contactámos o antigo representante para pedir clarificação", acrescentou.

Na comunicação, Ana Gomes adianta que, durante a sua visita a Cabo Verde, foi alertada por várias pessoas e pela comunicação social para a compra do referido terreno onde José Manuel Pinto Teixeira começou a construir uma casa, no início de Agosto, altura em que ainda estava ao serviço da UE.

"O titulo de transferência do terreno de propriedade pública para privada é objeto de muita especulação, depois de inicialmente a autarquia ter dito que era uma oferta e mais tarde que se tratava de uma venda, e de, até ao momento, não ter divulgado o contrato, o valor da compra e a prova de pagamento", refere o documento.

A eurodeputada assinala também suspeitas levantadas nas redes sociais e na comunicação social de que o embaixador terá usado a sua posição de representante da UE para beneficiar pessoalmente.

"A autarquia foi acusada de ter dois pesos e duas medidas, uma vez que há anos impediu um cidadão cabo-verdiano de comprar e construir naquele terreno, enquanto agora autorizou Pinto Teixeira a construir", prossegue.

Ana Gomes assinala também as preocupações de Portugal, uma vez que o terreno se localiza ao lado da residência da Embaixada Portuguesa, "sendo crucial para a sua segurança", e adianta que Portugal manifestou interesse no terreno que não lhe foi permitido comprar.

"Pinto Teixeira e a UE tornaram-se alvo de uma campanha de difamação com acusações de falta de transparência, corrupção, impunidade e comportamento antiético", considera Ana Gomes.

"Comprar um terreno público para benefício pessoal enquanto em funções, através de uma câmara que beneficiou de programas da UE - com a autarquia da Praia a deixar claro que era uma recompensa pelo bom trabalho de Pinto Teixeira - levanta suspeitas de probidade, legalidade e comportamento ético. A indiferença à reação pública e a inação em defesa da imagem da União Europeia levanta questões adicionais", sublinha.

A eurodeputada considera ainda que, através das suas ações e declarações públicas, o embaixador revelou ser um apoiante do atual partido no poder (MpD) e manifestou grande desagrado com o agora maior partido da oposição (PAICV), enquanto no poder.

"Há uma perceção generalizada de que foi instrumental na vitoria do MpD (2016), com contribuições estratégicas e financeiras. Alguns círculos acreditam que a compra do terreno na Praia é uma recompensa pelo apoio político", adianta.

Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete de comunicação do OLAF, adiantou que este organismo não se pronuncia sobre "casos que possa ou não estar a tratar" para "proteger a confidencialidade de uma eventual investigação e os possíveis processos judiciais subsequentes, bem como para assegurar o respeito pelos dados pessoais e pelos direitos processuais".

A agência Lusa tentou também contactar José Manuel Pinto Teixeira, mas o antigo representante fez saber, através de um representante da empresa responsável pela obra da sua nova moradia, não pretender prestar declarações neste momento.

José Manuel Pinto Teixeira foi embaixador da UE em Cabo Verde entre Outubro de 2012 e Agosto de 2017.

Com Lusa

Comentários  

0 # djimbo 04-01-2018 12:55
Sobre os vários factos de suspeições levantadas contra a gestão actual desta equipa Camarária sobre vendas de terrenos e mais, já é mais que altura de Ministério das finanças mandar fazer uma auditoria através da Inspecção das finanças para clarificar estes e vários outros dossiers de vendas de bens público dentro desta Câmara.

Isto não impede a Procuradoria geral da república de fazer uma investigação exaustiva e profunda na gestão das coisas públicas junto desta equipa Camarária e tornar público o resultado das investigações.

Temos que provar aos parceiros de Cabo verde que em Cabo Verde os bens públicos são respeitados e são de todos e que aqui vivemos numa democracia real, e existe leis esplanadas na constituição que pune todos aqueles que no exercícios das suas funções, quer político e ou administrativo tentar contra estes princípios são punidos de acordo com a lei existente.

É de bom senso recebermos sempre e constantes lições de outros países e ou organizações externas e mesmo de pessoas a nos ensinar como se deve viver e governar numa democracia.

Cabo Verde almeja ser tratado com alguma diferenciação pela Europa então temos que começar a por as coisas no caminho.

Só assim poder ter uma sociedade são e sadio, respeitador das regras existentes

Façam o que é certo. Este 2018 vai ser somente de coisas boas e espero velas.

Viva a constituição da república de Cabo Verde.
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0 # Bomba de Alcaeda 03-01-2018 19:01
Muito bem. É preciso investigar esse Senhor que usou a Diplomacia Europeia para fazer política partidária em Cabo Verde e, só assim, se entende o porquê que ele conseguiu aquele terreno. Aquilo foi a "moeda de troca" pelos apoios concedidos e que muito ajudou o mpd. Não foi para isso que ele foi colocado em Cabo Verde.
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0 # djimbo 03-01-2018 15:29
FELIZMENTE A DEMOCRACIA FUNCIONA NOS PAÍS DOS BRANCOS E A IGUALDADE É PARA TODOS. SEI QUE O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL SE SENTE INFERIOR JUNTO DOS BRANCOS POR ISSO OFERECE COISAS DE TODOS PARA ALGUÉM QUE ELE ACHOU O TER BENEFICIADO.

AGRADECIA QUE INVESTIGAÇÃO ESTENDESSE A ESTE PONTO A VER SE SOMENTE O EMBAIXADOR FICOU AGRACIADO COM ESTE LUXUOSO LOTE DE TERRENO OU SE TAMBÉM ANTERIORMENTE O PRESIDENTE DA CÂMARA NÃO TINHA SIDO FAVORECIDO ANTES.

VEJAM PARA APRENDER COISAS BOAS QUE SÓ FAZ BEM A UMA SOCIEDADE SADIA E SÁBIA.

RESPEITO PELA COISA PÚBLICA. ESTA INVESTIGAÇÃO DEVIA SER MUITO ANTES FEITA EM CABO VERDE. HÁ INDÍCIO MAIS QUE CLARO DE FAVORECIMENTO E DE CORRUPÇÃO. NÃO NOS FAZ PASSAR MAIS VERGONHA.

NÃO BASTAVA A CRÍTICA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA AGORA ESTA. VALORIZEM O VOSSO ESTATUTO

BEM AJA A CABO VERDE
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0 # Marino 03-01-2018 14:22
Sempre duvidei deste senhor meteu bico na política fez campanha descarada com o MPd e sabia que reclamaria alguma contrapartida; espero que o MPd não venha justificar esta investigação atacando o paicv; comprar 960 metros quadrados de terreno numa zona nobre como a prainha por 6 mil contos eu também comprava e revendia por 50 mil contos e de certeza apareceria pessoa para compra; o MPD deu um grande prenda ao ex embaixador pelos serviços prestados ao partido
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0 # calundjul 03-01-2018 14:10
Todas as festas incluindo a festa da nossa votoria foram feitas na casa do nosso grande e glorioso apoiante.
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