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São 960 metros quadrados de terreno na zona de Prainha, o bairro mais nobre da capital do país. José Manuel Pinto Teixeira terá pago perto de 6 milhões de escudos, ao preço de 6 mil escudos o metro quadrado, mais as taxas.

Neste momento, as obras já iniciaram. E o ainda representante da União Europeia em Cabo Verde vai ter a sua casa totalmente construída dentro de um ano, ou seja, em Julho de 2018, conforme licença de obra nº 115199, emitida pela Câmara Municipal da Praia (CMP), no dia 27 de Julho passado.   

Muitos cabo-verdianos manifestaram a sua indignação em relação a esta concessão. O deputado nacional, José Maria Veiga, escreveu um post na sua página do facebook, onde classificou este negócio de “coisa inédita em representações diplomáticas”. Este eleito nacional nas listas do PAICV para Santiago Norte chamou a atenção de “jornalistas, cidadãos, contribuintes e da própria União Europeia”, perguntando: “como é que classificam isso?”

Este post e outros no mesmo sentido suscitaram uma onda de protesto e indignação, sobretudo no seio dos praienses, muitos questionando as razões de tal decisão da CMP.

É sabido que a capital do país enfrenta crises de terreno para construção de habitação própria. Os cabo-verdianos soam muito para conseguir um tracto de terreno para albergar a sua prole. É um facto.

Se conseguir um terreno nos bairros periféricos da cidade já é um Deus nos acuda, as zonas nobres como Prainha nem se fala. Porque são cobiçadas, sobretudo pela elite nacional. Prainha, Quebra Canela, Palmarejo Baixo, são das zonas consideradas mais nobres da capital do país, e, por isso mesmo, são das mais cobiçadas.

Violações

Tanto assim é que a CMP, num determinado momento, adoptou a modalidade de leilão no processo de aquisição dos terrenos nessas zonas. Para introduzir mais transparência, mais justiça e legalidade, mas também para conferir valores mais justos para os lotes existentes nessas zonas.

Entretanto, no caso do terreno concedido ao Embaixador da União Europeia, a Câmara não faz leilão, frustrando assim os desejos de muitos cabo-verdianos e estrangeiros que sonham com um terreno de grande valor urbanístico e assim construir a sua habitação nesta zona. 

Ao agir como agiu, a CMP, num primeiro momento, adulterou o seu próprio regulamento, que diz que os terrenos nessas zonas são vendidos em leilão. Num segundo momento, perdeu dinheiro, porque, se leiloado, o preço do terreno seria maior. E, num terceiro momento, violou os princípios da transparência, da legalidade e da justiça a que se encontra vinculado por força da lei.

Uma honra. Diz a CMP 

Todavia, sentindo-se atacada, a CMP, em comunicado, explica que vendeu o terreno ao José Manuel Pinto Teixeira, porque “nos últimos 5 anos, este diplomata desempenhou a sua missão em Cabo Verde, na qualidade de Representante da União Europeia (EU) no nosso país. Nessa qualidade, é inegável o seu contributo no enriquecimento e fortalecimento da parceria especial entre Cabo Verde e a EU”.

Neste sentido, a CMP “sente-se honrada de um cidadão estrangeiro, diplomata de carreira, que em fim de missão e prestes a se reformar, tenha escolhido a Cidade da Praia para viver, o que demonstra que a Praia é uma cidade acolhedora, inclusiva, segura e aberta ao mundo, aliás, classificada como a 2ª cidade mais cool de África”.

O comunicado regista que “o cidadão José Manuel Pinto Teixeira, solicitou a CMP a compra de um terreno para a construção da sua habitação própria nesta cidade, venda que foi concretizada de acordo com as normas e condições estabelecidas no contrato de compra e venda entre as partes, e em conformidade com o valor do terreno praticado por esta autarquia”.

Para a CMP “a fixação de residência do cidadão José Manuel Pinto Teixeira, é um ganho para a Cidade e um sinal positivo do grande trabalho que a CMP vem fazendo para tornar esta cidade, mais competitiva e mais atractiva para o turismo residencial de qualidade”.

Comentários  

-1 # Daniel Carvalho 10-08-2017 10:59
Recomenda-se a todos que tenham cuidado quando pretendem expressar as suas opiniões em nome do POVO; os seus sentimentos pessoais em nome do colectivo. Não fica bem e nem dá credibilidade ás informações.Eu sou Caboverdiano, não manifestei nenhuma indignação perante esses deparastes.
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+1 # Cabo-verdiano 09-08-2017 21:04
Eu queria só perguntar o Sr. Óscar Santos ququal é o agregado familiar do Sr. Embaixador da UE e quero que responda.
Acho exagero demais vender uma pessoa um lote de terreno com uma área de 960 metros quadrado pa construção de moradia. E os cv não têm direito? Ele é o único deplomata que veio cv. Ele desempenhou função em seu nome ou da UE? Será que todos os deplomatas que estão em CV receberão prémios de grande gabarito como esse Sr.?

Desculpem mas, acho que os cv merecem mais respeitos.
E os Deplomastas nossos receberão prémios desta natureza? Espero que o Mac 114 e o Sr. José Manuel Va estejam atentos...
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0 # Jotamonte 09-08-2017 16:15
Isto é completamente absurdo e fere a legalidade. O tal de Embaixador só faz isso por estar no final da carreira mas sabe que isso é anti-ético. Aproveita-se da situação que lhe é oferecida pelos seus "amigos" de negociatas
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-1 # José Antonio Martins 09-08-2017 11:28
Este jornal e seus profissionais envergonha a comunicação social do país. Quem lêem suas baboseira, se são cientes de suas capacidades de avaliações, notam que esses comunicadores distorcem os factos e criam confusões com suas escritas. É digno que qualquer estrangeiro tenha uma habitação própria em Cabo Verde, tal como cabo-verdianos as tem nos países que lhes acolheram. O importante é que o terreno foi vendido e a preço que alta maioria de cabo-verdianos não suportam. Quanto custou o terreno de ex-primeiro ministro e de seus ex-ministros? Basta lembrar que o Programa Casa para Todos o seu cerne seria resolver problemas habitacionais do povo. Quantos cidadãos tiveram a graça de ter uma casa desse frustrado Programa. Quem negociou o financiamento, pondo o seu cunho? É nada mais, nada menos, este Embaixador. Deixemos de ser mau reconhecedor!
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0 # Helena Fontes 09-08-2017 15:00
Esse José António Martins não deve ter entendido o teor deste artigo e arma-se em opinador da moral e da ética que devem conduzir os negócios da coisa pública! Enfim, caso para dizer, como dizia o jornalista e escritor, "tem tanto burro mandando em gente inteligente, que até penso que a burrice é uma ciência!" Melhor ter ficado calado! :P
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-1 # Joaquim 09-08-2017 10:45
Na Minha Openiao acho que o texto esta mal escrito, porque não é os Caboverdianos que estão indignado com a venda do terreno ao Sr Jose Pinto Teixira, mais sim os Paicivista que não gosta dele e alguns pessoas da Praia, porque nós das outras ilhas principalmente de Santo Antao estamos deacordo que ele compra terreno em qualquer ilha de Cabo Verde. Agora pergunto? Porque o Sr. Jose Pinto Teixeira, escolheu a Praia Para Construir? ele devia ter escolhido era a Ilha de Santo Antao Aonde Ele tem mais Amigos, e aonde as pessoas gosta dele, por tudo que ele tem ajudado fazer, em Cabo Verde e particularmente em Santo Antão, Seja Benvindo a Cabo Verde Sr JPT, Não Tenhas medo de Ninguem.
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0 # asa 09-08-2017 21:05
Vocês são, mais embarcadores e lebescam, nada de amizade, vocês são amigos para terem proveitos.Ninguém é contra do terreno mas sim a embaixada e Portugal.
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0 # Africano 09-08-2017 09:05
Africa é pobre pamode africanos tem pensamento mediucre. Comunicado de CMP é um disgracia.
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0 # Tobedja 09-08-2017 02:01
Não sei porquê, mas este senhor nunca me inspirou confiança. Ele tem ar de um antigo feitor de roças. Ele é diferente de outros portugueses que conheço. Tem uma cara estranha. Mete-se na política interna, fala de mais, está todos os dias na comunicação social, não tem discrição... será que voltamos a ter um governador colonial?
Agora é a própria Embaixada de Portugal a tentar pôr cabresto a um compatriota solto por estas bandas? 960 m2, poxa!
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0 # Bela 08-08-2017 21:15
12º Ministro di Olicis tem direito a tereno más chik fo Praia... felizmente própria Embaixadora di Lisboa de Portugal dja da stop... ki vergonha pa Cabo Verde e pa Union Europeia... mundo é bemba.
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0 # José de Pina 08-08-2017 18:47
Es super Ministro dos sem djobi pa ladu é sortudo. É mereço gó, pa u ke fazi para mpadan...
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+1 # Astrid 08-08-2017 15:50
Quando a população se sente uma vítima inocente da corrupção e descaso egoísta, e ignora sua colaboração directa para a proliferação dos mesmos. Ninguém é inocente. E os políticos são um reflexo da sociedade que eles representam.
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0 # Avelino Pina 08-08-2017 15:31
Muito bonito!
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