O novo provedor da Justiça, José Carlos Delgado, disse esta terça-feira, 24, que pretende intervir no sentido de ajudar a agilizar os processos judiciais pendentes, que constituem um dos grandes problemas da justiça do país.
“Não é fácil, o provedor não pode intervir nos processos pendentes em juízo, mas tenho intenção de pedir encontros com os presidentes dos Conselhos Superiores de Magistratura Judicial e do Ministério Público para vermos como é que poderá ser a nossa colaboração”, afirmou o provedor de Justiça.
José Carlos Delgado falava, na cidade da Praia, à saída de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, uma semana após tomar posse como o novo provedor de Justiça, em substituição de António Espírito Santo Fonseca.
O novo provedor referiu que a Provedoria tem registado muitas queixas sobre os processos pendentes nos tribunais de Cabo Verde, mas voltou a sublinhar que a lei não permite ao provedor intrometer-se na questão dos processos.
“Temos é que ver com os conselhos superiores qual é a melhor forma. Não podemos intervir, recebemos as queixas, encaminhamos, mas o nosso papel termina aí. Isto só pode resultar de uma cooperação no sentido da boa colaboração na realização da justiça”, explicou.
De acordo com o relatório anual do Ministério Público sobre a situação da Justiça, os tribunais de Cabo Verde têm pendentes quase 3.500 processos de averiguação de paternidade, mas o sistema não tem recursos financeiros para acelerar os testes de ADN, conclui o relatório anual do Ministério Público sobre a situação da Justiça.
De acordo com o relatório anual sobre o estado da Justiça (2019/2020), elaborado pelo Conselho Superior do Ministério Público, Cabo Verde fechou o ano judicial com 68.932 processos-crime pendentes, um aumento de 2,3% face a 2018/2019 e uma quebra de produtividade de 28,8%, sobretudo devido à pandemia de covid-19 e às limitações impostas ao funcionamento dos tribunais.
José Carlos Delegado abordou ainda com o chefe de Estado cabo-verdiano a situação dos provedores de Justiça da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), estando previsto para o próximo dia 10 de dezembro um encontro, por videoconferência, sobre a ação dessas organizações e os vários aspetos da cooperação.
O provedor de Justiça falou ainda com o Presidente da República sobre a questão das prisões do país e apresentou um dos projetos que tem para o mandato, que é a abertura da Provedoria da Justiça às organizações da sociedade civil, para que possam fazer chegar as suas preocupações e queixas.
José Carlos Delgado, ex-presidente do Tribunal de Contas cabo-verdiano, convidou ainda Jorge Carlos Fonseca para visitar a Provedoria da Justiça, o que deverá acontecer no início do próximo ano.
O provedor de Justiça, que toma posse perante o presidente da Assembleia Nacional, tem um mandato de cinco anos, renovável uma única vez.
Entre outras atribuições, assume a defesa e promoção dos direitos, liberdades, garantias e interesses legítimos dos cidadãos, assegurando através de meios informais, a justiça, a legalidade e a regularidade do exercício dos poderes públicos.
O antigo presidente da Assembleia Nacional, António Espírito Santo, foi eleito em dezembro de 2013 como o primeiro provedor da Justiça de Cabo Verde, e tinha o mandato expirado desde janeiro de 2018.
Com Lusa
Tenho muito tempo um pedido de ajuda nesta instituicao ate ainda so me foi desviada da atencao.
Todos sabem que fui prejudicado nos meu direitos e atribuicao de uma pensao minima..
Sera que é so para deitar areia nos olhos do povo?