O Supremo Tribunal de Justiça deixou prescrever um dos processo-crime contra Amadeu Oliveira em que este acusava o juiz Ary Spencer dos Santos de ser "gatuno, falsificador e aldrabãozeco". O advogado santantonense está inconformado e irritado, porque, ao recusar julgá-lo como vem clamando, o Supremo lhe tira a oportunidade fazer prova em sede do julgamento do que vem afirmando sobre esse magistrado judicial, que é membro destacado do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
O julgamento do recurso deste caso, que remonta a 2013, estava agendado para acontecer às 10h00 desta quinta-feira, 3, no Supremo Tribunal de Justiça, no Plateau, onde aguardava Amadeu Oliveira um forte dispositivo de segurança com agentes da polícia de choque à porta do STJ a impedir a entrada de familiares, jornalistas e apoiantes do advogado para assistir a um julgamento que deveria ser público, já que, segundo a notificação, era uma audiência pública contraditória.
Curioso é que sequer houve julgamento de facto. O juiz Anildo Martins, que disse ter recebido este processo recentemente, limitou-se a informar o Oliveira de que o caso prescreveu desde 13 de Novembro, pelo que já não vai haver mais julgamento.
Amadeu Oliveira considera absurda a posição do STJ por ter deixado "propositadamente passar o prazo de julgamento". Acrescenta que, se os juizes do Supremo já sabiam que o processo já tinha prescrito no dia 13 de Novembro do corrente ano, o melhor seria não o trem notificado para comparecer, acompanhado de um advogado constituído, para depois não realizarem o objectivo principal da audiência pública contraditória, que seria a reanálise do processo, visando a sujeição de Amadeu Oliveira a um novo julgamento.
Refere-se que, por causa das acusações que Oliveira vem propalando contra o juiz Ary Spencer Santos, ele foi submetido a julgamento no Tribunal da Comarca da ilha do Sal, em Março de 2016. Para fazer prova das acusações, o advogado apresentou testemunhas vindas de Lisboa (o advogado Luis Emilio Borges Rodrigues, o empresário Luis Alberto João Ribeiro, o operacional da polícia judiciária portuguesa, José Horta), da Praia (ex-presidente da República, António Mascarenhas Monteiro, sua esposa Maria Odete Pinheiro, o já falecido advogado Felisberto Vieira Lopes) e de São Vicente (advogado Daniel Ferrer Lopes), sem contar com vários intervenientes residentes na ilha do Sal.
Todas estas testemunhas prestaram depoimento de forma a comprovar as acusações tecidas por Oliveira contra o juiz Ary Spencer Santos. Só que, conforme contou ao Santiago Magazine o próprio Amadeu Oliveira, no dia seguinte ao término do julgamento todos os registos das provas testemunhais desapareceram de dentro da secretaria do Tribunal do Sal, incluindo as gravações em áudio, que tinham sido registados no disco duro do computador em uso naquele tribunal.
Desde essa altura, ou seja, 9 de Março de 2016, que Amadeu Oliveira interpôs um recurso de apelação para o STJ, tendo sido distribuido para ser relatado pela juiza-conselheira Fátima Coronel, que acumulava as funções de presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Quatro anos e nove meses depois, o STJ veio notificar o arguido Amadeu Oliveira para comparecer numa audiência pública contraditória que teria como propósito mandar repetir o julgamento para que todas as provas testemunhais entretanto extraviadas em 2016 pudessem ser reproduzidas.
Sucede que, logo no início da audiência desta quinta-feira, 3, o juiz Anildo Martins admitiu a hipótese de o processo já estar prescrito, no que foi secundado pelo representante do Ministério Público, Franklin Furtado, que alegou que já não fazia sentido avançar com a repetição do julgamento, uma vez que o processo já estava prescrito desde 13 de Novembro último.
Com isso, nem Amadeu Oliveira será responsabilizado pelas suas afirmações, nem Ary Spencer Santos será responsabilizado pelos supostos actos ilegais que terá cometido e que Oliveira insiste em denunciar como sendo "gatunagem, prevaricação e falsificação de processos".
Verdades escondidas
A defesa de Amadeu Oliveira está inconformada com a prescrição do caso e consequente arquivamento do processo, uma vez que clama ser julgado para poder, efectivamente, fazer prova pública no que se reporta a cada afirmação que tem feito contra esse juiz, actualmente colocado na Comarca da Praia e que é membro do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
"Não vou aceitar essa decisão, exijo ser julgado e responsabilizado. Porque, ao fim e ao cabo, é como a senhora deputada Mircéa delgado disse: não é normal um cidadão chamar nomes a um magistrado sem que quem de direito tenha a dignidade de esclarecer os factos e apurar responsabilidades", insiste Amadeu Oliveira, visivelmente irritado e desapontado com o sistema judicial implantado em Cabo Verde. "Isto é mais um truque e uma batota para esconderem a verdade do povo", atira.
Mais acrescentou que, "ao contrário das afirmações do primeiro-ministro, e presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, e das afirmações propaladas pelo vice-presidente da bancada parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, que só querem tapar o sol com a peneira e ludibriar o povo, este obtuso sistema judicial já não tem nem legitimidade moral, nem credibilidade técnica para julgar mais nenhum cidadão, enquanto o julgamento em tela que opunha o advogado Amadeu Oliveira e o juiz Ary Spencer Santos não for concretizado, de modo a se apurar as responsabilidades de cada um".
Para demonstrar a sua determinação e coerência, Amadeu Oliveira avisa inclusive que, "como acto de resistência e de indignação", vai recusar a comparecer a outra audiência pública do julgamento, agendado para 6 de Janeiro próximo. "O Estado pode me mandar deter, algemar à força e me levar ao tribiunal debaixo de força policial, porque de livre vontade já não comparecerei mais. Não é primeira vez que já me desloquei de outras ilhas, até de outros países para comparecer perante a Justiça, em vão, porque o sistema funciona ao estilo do crime organizado, em que alguns magistrados prevaricam e aldrabam o trâmite normal dos processos, conscientes de que gozarão de toda a protecção, tanto da Procuradoria-geral da República quanto do CSMJ, órgão este de que o juiz criminoso Ary Spencer Santos é membro destacado".
Prisão anunciada?
Oliveira mostra-se ainda mais indignado pelo facto de "a brigada da polícia de choque, ostentando armamento pesado, ter recebido ordens para impedir alguns cidadãos de terem acesso e assitir uma audiência que a própria lei classifica como sendo pública, designamente o emigrante Jerónimo Lopes, mais conhecdio por 'Cônsul de Roterdão', que veio da Holanda na noite de ontem, o empresário Samú Brito Bettencourt que veio de São Vicente, o jornalista Herminio Silves, que veio do interior da ilha de Santiago, sem contar que foi impedido o acesso ao advogado Ivanildo Semedo, com a alegação de que a sala de audiência pequena e era necessário salvaguardar a segurança física dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, como se a presença da equipa da polícia de choque e dos elementos de segurança mais os agentes de defesa e protecção pessoal dos magistrados não seriam suficientes para neutralizar eventuais e falaciosos perigos advenientes de quatro simples cidadãos".
Com a prescrição do processo, Amadeu Oliveira só vê um único caminho a seguir até conseguir que seja julgado publicamente. "O sistema judicial (PGR, CSMJ e STJ) me deixa única alternativa, que é continuar a apelidar o juiz Ary Spencer Santos de gatuno, aldrabão, prevaricador e falsificador. Aproveito para lançar um alerta aos deputados da Nação, aos partidos políticos e à Presidência da República sobre este sistema de Não-Justiça implantado em Cabo Verde. Estou a suplicar ao povo para se manter atento e informado, quando for preso, algemado e subjugado à força policial, em Janeiro ou Fevereiro do ano que vem, já que vou manter firme a minha determinação em não acatar mais nenhuma instrução ou ordem do sistema judicial-crime-penal por não lhe reconhecer legitimidade, credibilidade ou seriedade. E é estranhíssimo e lamenbtável que a Ordem dos Advogados faça parte desse sistema e não toma uma posição a respeito".
só para terem uma noção até os policiais gozam desse "privilegio" do não justiça, fazem gatos e sapatos dos reclusos e vangloriam de nada os acontecer pois num julgamento por mim presenciado o próprio juiz ao receber queixa do recluso por maus tratos da policia mostrando os hematomas no braço, aquele teve a audácia de dizer que isso não vem ao caso, agora pergunto, porque não? só pq usam fardas? sinceramente...
Completamente desacreditada desse sistema... como diz o outro "esse circo armado deve acabar"....
https://santiagomagazine.cv/index.php/mais/n-colunista/5302-tarrafal-gosi
Um abraço, pela douta análise !
Acho que a qualidade de uma democracia pode ser medida vendo até que ponto o povo se mantém informado nos assuntos importantes para o país. Se é assim, a democracia cabo-veridiana vale pouco. Para quê ter o poder de escolha quando não se está interessado nas coisas sobre as quais recaem esse poder?
Vou tentar fazer a seguinte pesquisa: perguntar aleatoriamente às pessoas quem é Amadeu Oliveira e quem é Pizzi para ver até que ponto os cabo-verdianos estão mais interessados num assunto ou no outro.
Porque não se “reativou e revalidou o processo, contestando os prazos, e fazendo manobras dilatórias, empurrando-o com a barriga para impedir que prescrevesse, como se faz "nos casos que realmente os interessa? e de "desgraçados que não têm dinheiro para "fazer face ao sistema"?
Acreditamos que ainda há gente nas prisões cujo prazo de prisão preventiva está há muito tempo ultrapassado e vêm logo com essa no caso do pobre Amadeu? Isso é descriminação (positiva ou negativa? Alguém me elucide)
Só a título de exemplo, Alex Saab esteve preso para além dos limites legais e ninguém se dignou a indignar-se com prazos e maria-prazos, fazendo o STJ "olhos e ouvidos moucos", e de repente resolvem virar "cumpridores compulsivos de prazos legais? Contestamos!
Isso é uma palhaçada de todo tamanho! Bem, está-se mesmo a ver o meu ceticismo face à "Marcação da Data do Início do Julgamento! A mesma dava-nos conta do mesmo para o dia 6 de dezembro, que pelas minhas contas, é o próximo domingo!
Esperemos que de lá ao fim da data da realização das sessões de audiência, não se venham a prescrever as restantes acusações, senão o nosso candidato a recluso vai mesmo ficar muito chateado com isso, e nós também, pois afinal, não haverá oportunidades e muito menos necessidade de provar nada, de esclarecer nada e nem de prender ninguém! O que acabará por resultar num natal "triste e monótono, sem saídas, em pleno confinamento, e sem outras diversões mais, extinto esse circo, armado há muito tempo, acabando contudo "por não realizar o "show".
É assim que este Governo diz estar a governar para a felicidade dos cabo-verdianos? (ou se referia apenas à felicidade de juízes e magistrados?)
Será que o "ataque ao sistema" foi a causa dessa prescrição? (Não a do AO ao sistema de justiça, mas o de alegados hackers ao sistema informático, e que afinal tratava-se de "almoço grátis" pois nem sequer se confirmou qualquer pedido de resgate!
Palpita-me que os nossos visados juízes afinal sejam tão sádicos que nem querem permitir a um cidadão, que almeja ir para a prisão, tal desiderato, quiçá em jeito de prenda de Natal! Qu’isto é para quem pode e não para quem quer!
Talvez o STJ não queira abrir precedentes, para que não permita a ninguém a "querer aparecer" virar estrela "galgando os ombros" da nossa justiça!
Imaginem um criminoso a dizer "ah-- "Ahh. Amadeu Oliveira? Somos amigos! Estivemos na mesma cela juntos, em S. Martinho! Isso faria com que a prisão parecesse "coisa chique", podendo até levar ao cometimento em massa de crimes, pois qualquer "zé-ninguém" poderá "xingar" juízes" implorando pra ser preso!
falando sério, coitado do homem" Tanto trabalho para nada! Continua insistindo e nada!
Talvez tenham medo do estrelato que ele poderia alcançar e tenham simplesmente resolvido “adotar a tática” de o ignorar completamente!
(não se iludam, nem se dêem ao trabalho, que o homem ele é já uma estrela e talvez venha mesmo a merecer uma estrela no "Passeio da Fama" em Hollywood! Quiçá um filme, elevado a nível de um "hotel Ruanda"!!
Onde fica a questão da transparência da Justiça e dos Tribunais? Estes vêm, a cada dia que passa, a sua "estrela apagada".
E diz Ulisses Correia e Silva do nosso sistema de justiça “legítimo, credível e prestigiado”!!!!!!?????? Realmente! Não sabemos se havemos de rir ou de chorar!
E como se diz no Brasil, “Fica quietinho e espera, que a vontade passa! Ninguém há-de lembrar disso, pois afinal, “os jornais de hoje só servem pra embrulhar peixe amanhã”.
Áh nha Guênti! Paxenxa!
Senhores Magistrados: A corda está a encurtar-se!!
Se Amadeu e Mircéia não se calarem, se não for possivel fazê-los calar, voces terão que entrar no caminho.
Senhor Procurador Geral: Em Timor, não terminou bem. De regresso a Cabo Verde, a sorte não lhe cobrou. Mas, nessa direção, está muito mau. Mas, vem aí uma luz no fundo do tunel: Se Hélio Sanches for eleito, a corrupção poderá sobreviver. Melhor não!!!!!!
Está claro para toda a gente tirar suas conclusões sobre o sistema de não Justiça em Cabo Verde
Mas de uma coisa toda toda a gente está certa : Amadeu preso é um problema dos diabos, solto é muito mais problemas, porque não se cala, e, em face disso, se comprova realmente do que vem dizendo. A única alternativa que se nos resta é tirar a nossa própria conclusão : o sistema de Justiça em Cabo Verde anda de mal a pior ! E não se pode falar de Estado de Direito Democrático um país em que o sistema de Justiça é conotado publicamente de corrupto!
Mas de uma coisa toda a gente está certa : Amadeu preso é um problema dos diabos, solto é muito mais problemas porque não se cala e, em face disso se comprova realmente do vem dizendo. A única alternativa que se nos resta é tirar a nossa própria conclusão : o sistema de Justiça em Cabo Verde anda de mal a pior ! E não se pode falar de Estado de Direito Democrático num país em que o sistema de Justiça é conotado de corrupto !
Alguém de direito que extingue esse STJ e reforme, antecipadamente, a todos funcionários que não passam de um bando de delinquentes.