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O deputado do PAICV, João Baptista Pereira, defendeu esta sexta-feira, 10, que é preciso respeitar a decisão do Tribunal Constitucional e “lembrar” as leis e mais actos do Estado só são válidos à luz da Constituição da República de Cabo Verde. João Baptista Pereira defendeu essa ideia no Parlamento, ao fazer uma declaração política sobre a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que, segundo ele, declarou um dos artigos do SOFA (Status Of Forces Agreement, sigla em inglês) inconstitucional.

O parlamentar disse que “repudia veementemente a postura de negação” do ministro dos Negócios Estrangeiros, face à decisão dos tribunais, relembrando que independentemente desta postura, que o País é um Estado de Direito Democrático e que assim sendo, as leis e mais actos do Estado e do poder local só são válidos à luz da Constituição da República de Cabo Verde.

Neste sentido, o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) tranquilizou os cabo-verdianos, acrescentando que o que é válido é aquilo que se encontra estipulado na Constituição.

O deputado, citando a constituição da República, relembrou ainda que “Cabo Verde é uma República soberana, unitária e democrática, que garante o respeito pela dignidade da pessoa humana e reconhece a inviolabilidade e inalienabilidade dos direitos humanos como fundamento de toda a comunidade humana, da paz e da justiça.”

Segundo o mesmo, para o PAICV o “reforço” da segurança de Cabo Verde, através da cooperação com outros Estados e organizações de segurança colectiva “é uma necessidade e um objectivo assumido pelo Conceito Estratégico de Defesa e Segurança Nacional (CEDSN)”.

Neste quesito, apontou as dificuldades dos Estados enfrentarem isoladamente os desafios que as ameaças representam para a comunidade internacional, assim como a localização de Cabo Verde e pela proximidade do país de áreas de actuação do terrorismo internacional e da pirataria marítima, entre outras.

Mas também, apontou as limitações do Estado, nomeadamente em matéria de meios e equipamentos.

Relativamente aos Estados Unidos da América, o parlamentar acentuou que o CEDSN diz que “é de facto, um parceiro do desenvolvimento de Cabo Verde com o qual o País deve incrementar, ainda mais, relações no âmbito da segurança e defesa”.

Entretanto sublinhou que para o PAICV, os acordos internacionais outorgados pelo Estado de Cabo Verde “devem respeitar” os princípios e as normas plasmados na Constituição da República.

E sobre o acordo em causa [SOFA], o PAICV diz que à luz do mesmo, o pessoal dos Estados Unidos é concedido privilégios, isenções e imunidades equivalentes aos do pessoal administrativo e técnico de uma missão diplomática, nos termos da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 18 de Abril de 1961.

Assim, reforçou que o Governo de Cabo Verde autoriza os Estados Unidos a exercer jurisdição penal sobre o pessoal dos Estados Unidos durante a sua permanência no território cabo-verdiano e se Cabo Verde o solicitar, os Estados Unidos informarão sobre o estado de quaisquer processos penais relativos a infracções alegadamente cometidas no território nacional por pessoal dos Estados Unidos que envolvam cidadãos cabo-verdianos.

“Com tal acordo, o Estado cabo-verdiano estaria a renunciar à prerrogativa soberana de fazer a justiça de modo exclusivo em seu território nacional, permitindo a presença de órgãos estrangeiros com poderes para exercer jurisdição criminal”, disse o deputado, justificando a solicitação da declaração de inconstitucionalidade de alguns artigos.

A declaração política suscitou diversas inquietações na casa parlamentar, onde a líder do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD) Joana Rosa, acusou o PAICV de não entender o que é o acordo e nem mesmo de acreditar na decisão do Tribunal Constitucional.

A mesma sublinhou ainda que as relações com os Estados Unidos têm sido reforçadas dia após dia.

Por sua vez, o ministro do Estado, Fernando Elísio Freire, considerou que a declaração política do PAICV são “ofensas escondidas” pela “falta de verdade” aos cabo-verdianos, acusando o maior partido da oposição de ter estado à espera que o TC declarasse o acordo “inválido”, mas que tal não aconteceu.

“O que o Tribunal Constitucional disse, é que a interpretação que o PAICV faz do acordo, é inconstitucional e o que está no texto é constitucional”, disse, solicitando ao PAICV para indicar onde é que o acordo seria alterado com a decisão do TC, sublinhando que essa decisão é uma “grande vitória da democracia cabo-verdiana”.

Com Inforpress

Comentários  

0 # Pereira Tavares 14-07-2020 16:15
O Sr. Daniel Carvalho já não se lembra dos 03 (três) chumbos que o mesmo EE para a Cidade da Praia tivera levado antes do MpD?
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0 # António Pereira 14-07-2020 16:11
O senhor Daniel Carvalho já não se lembra dos 3 (três)chumbos que o mesmo EE para a Cidade da Praia tivera levado MpD?
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0 # Daniel Carvalho 14-07-2020 11:47
Qualquer que seja o consenso sobre o destino colectivo da cidade de todos nós, pode e deve ser discutido nas sessões plenárias. vejo a utilidade das comissões paritárias, discussões e acordos prévios, apenas como procedimento metodológico visando ganhar tempo. Nós os eleitores,temos o direito de ouvir os nossos eleitos a discutirem e a defenderem os respectivos pontos de vista. E as discussões na especialidade servem para isso. A a provação de qualquer diploma no parlamento, não é nenhum favor que ninguém faz a ninguém, mas a reprovação acarreta sempre responsabilidades que neste caso deve ser assumida pelo PAICV e nunca por qualquer de[censurado]do individualmente e nem pela UCID, que apesar de ser uma instituição de cariz nacional, sabe-se que o seu foco é São Vicente.
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0 # Farsa do MPD 13-07-2020 13:31
As propostas deviam ser discutidas antes de levar o diploma ao PArlamento.
O resto é cantiga de quem não percebeu a estratégia do MpD: enganar o povo.
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-1 # Ao SrDaniel CArvalho 13-07-2020 13:29
o rui figueiredo sempre sereno a chamar o PAICV pedagogicamente à razão?
Como assim, se antes de levar o projeto de diploma à plenária o Rui Figueiredo (e o Ulisses) não procuraram o consenso necessário com o PAICV (e UCID) para garantir que uma vez levado à Plenária o Estatuto Especial para a Praia seria aprovado?
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-1 # Daniel Carvalho 10-07-2020 21:24
Sem muita surpresa, o PAICV, desorientado e sem argumentos, acabou por chumbar o Estatuto Especial para A Cidade da Praia Capital.
O MPD que se aparentava dividido, deu mostras de maturidade, e de ser o único partido com representação parlamentar genuinamente nacional, mantendo, coerente e firme nos seus propósitos, a excepção da jovem de[censurado]da que marcou uma posição, pelo ,menos aparentemente condicionada,pois a sua declaração de voto não convence a ninguém.
Mas quem teve um papel estranho foi a de[censurado]da Filomena do PAICV, eleita por São Vicente, que votou contra em defesa dos interesses da população do interior de Santiago!! Ainda assim devo agradece-la, pois o argumento dela valeu-me melhor do que o silêncio do de[censurado]do João Baptista e outros que eu julgava serem mais amigos da Capital do nosso país, e por conseguinte, mais amigos de Cabo verde.
Quanto à UCID, por ser um partido de influência circunscrita a São Vicente, sem ambição nem responsabilidade nacional, a sua postura é sempre previsível e portanto sem novidades.
O Governo esteve muito bem no debate, com Rui Figueiredo a justificar os seus cabelos brancos, sempre sereno a chamar o PAICV pedagogicamente à razão, perante a sua intransigência, pelo menos aparentemente irracional, porquanto afirma sistematicamente estar de acordo com os princípios plasmados no EE e mesmo assim faz barulho e vota contra.
Mas pronto,RESTA AO PAICV ASSUMIR AS SUAS RESPONSABILIDADES. Como se diz por aí, deixe estar como está para se ver como é que fica.
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-1 # Daniel Carvalho 10-07-2020 17:40
Da forma competente como Rui Figueiredo coloca as questões, se o PAICV não votar a favor do ES para a Cidade da Praia, pelo menos num primeiro momento que é a votação na generalidade, vai ficar numa situação muito má, porquanto já expressou de forma muito clara que está de acordo com o princípio, enquanto que o Governo mantem-se firme no compromisso de absorver as propostas do PAICV na especialidade. Situação embaraçosa para PAICV que não consegue agradar ao mesmo tempo a gregos e a troiamos, como sempre se diz.
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+1 # José 10-07-2020 16:47
Se o PAICV votar EE (caprichos do MpD), nunca mais falarei de Política e nunca mais votarei nele. O MpD sempre engana o PAICV para o mal de Cabo Verde.
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