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SOFA
 

O Tribunal Constitucional declarou esta quarta-feira, 8, inconstitucional um artigo do acordo de defesa e segurança entre Cabo Verde e os Estados Unidos da América, que dá poderes às forças americanas por crimes praticados durante a sua permanência no arquipélago.

No ponto quatro do acórdão publicado hoje na sua página oficial na Internet, o Tribunal Constitucional (TC) declarou “sem redução do texto, a inconstitucionalidade do segundo segmento do número 2 do artigo III do Acordo sobre o Estatuto das Forças dos Estados Unidos da América”.

Para o TC, o artigo “permite o exercício de poderes tipicamente jurisdicionais sobre o seu pessoal em território cabo-verdiano por crimes praticados durante a estadia dessas forças no arquipélago por violação do princípio da soberania nacional”.

O tribunal entendeu que existe aqui uma “violação do princípio da soberania nacional, quando Cabo Verde autoriza os Estados Unidos a exercer jurisdição penal no território nacional em relação ao seu pessoal”.

As outras normas requeridas não foram declaradas inconstitucionais.

O pedido de fiscalização da constitucionalidade de algumas das normas do acordo foi feito por 27 deputados do PAICV, em outubro do ano passado, por manifestarem dúvidas sobre o Acordo de Estatuto de Forças ('Status Of Forces Agreement', SOFA, na sigla em inglês).

Na altura, a presidente do maior partido da oposição cabo-verdiana, Janira Hopffer Almada, disse que havia normas no acordo que podiam “pôr em causa a Constituição da República” de Cabo Verde.

O acordo estabelece um quadro de parceria e cooperação aplicável ao pessoal e aos contratantes dos Estados Unidos da América (EUA) que estejam temporariamente em Cabo Verde, no âmbito de visitas de navios, formação, exercício, atividades humanas e outras.

O PAICV solicitou a fiscalização da constitucionalidade de algumas normas, nomeadamente os artigos III (2), que se refere aos privilégios, isenções e imunidades, IV (2) e o XII.

“Não somos contra o acordo, mas entendemos que nenhum acordo pode ir contra a Constituição do Governo”, disse na altura Janira Almada.

O acordo foi ratificado em setembro do ano passado pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que disse não ter vislumbrado no SOFA "qualquer matéria" que lhe tenha "suscitado fundadas dúvidas sobre a sua constitucionalidade" e fez questão de referir que o acordo é "suscetível de ser sempre criteriosamente reavaliado na sua execução".

Na altura, o Governo cabo-verdiano congratulou-se com a ratificação, adiantando que se revê "integralmente nos fundamentos apresentados, bem como nos princípios políticos e sociais".

"A matéria de defesa e segurança é um tema socialmente reconhecido como essencial para o povo cabo-verdiano. E com o acordo SOFA o Governo garante aos cabo-verdianos um país com mais segurança, com mais defesa, com mais apoio humanitário", considerou o executivo.

O Governo liderado por Ulisses Correia e Silva considerou ainda que o acordo reforça o combate ao tráfico ilícito, particularmente na zona marítima do país, e aprofunda as relações com os EUA.

O documento foi assinado em 25 de setembro de 2017 e aprovado em 29 de junho do ano passado no parlamento cabo-verdiano, após ser negociado durante mais de oito anos.

O documento estabelece um quadro de parceria e cooperação aplicável ao pessoal e aos contratantes dos EUA que estejam temporariamente em Cabo Verde, no âmbito de visitas de navios, formação, exercício, atividades humanas e outras.

O acordo prevê para estes cidadãos os mesmo privilégios, isenções e imunidades que são concedidos ao pessoal administrativo e técnico das missões diplomáticas e estipula a renúncia a "quaisquer demandas" em caso de danos, perda ou destruição de propriedade, lesão ou morte de pessoal das forças armadas ou civil no desempenho das funções oficiais.

Com Lusa

Foto: D.R.

Comentários  

+1 # Agar de Musaranho 10-07-2020 05:23
Concordo com o commentaires que me antecedeu. Uma estrondosa derrota para o mais perigoso segmento. Queriam vir estrangular a nossas gente e partir sem consequências. Viva os verdadeiros democratas e patriotas de Cabo Verde!
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0 # André Maíz 09-07-2020 18:26
Aristides, o tal segmento, para os gananciosos américanos, Era a Alma do Acordo. Ainda não visite que a soberania para julgar, no seu território, méfiante as suas leis, pelos seus juízes, Era fundamental para garantir a independência do país. Com a estrondosa do segmento, que provocou um terramoto nos juristas não sérios e mercenários proximimos do governo, nem sei de os seus amos décidem vir a Cabo Verde. Sim, porque os gajos não querem ser julgados fora de américa. Passa bem e não tente tapar a montanha com guardanapo de papel.
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+2 # Filipe Veiga Alves 09-07-2020 15:19
Esse governo de mpd um governo sem pensamento.
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0 # Daniel Carvalho 09-07-2020 15:12
Todos os sujeitos envolvidos envolvidos estão de parabém, no sentido de que o debate sobre o assunto foi levado até às ultimas instâncias, não deixando dúvidas para ninguém da razoabilidade do acordo, que deixou de ter protagonista para ser um acordo verdadeiramente entre Estados de Cabo Verde e Estados Unidos da América. Bem haja o Tribunal Constitucional. Vida e saúde aos seus Ilustres Juízes Conselheiros.
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-2 # Aristides 09-07-2020 13:35
A meu ver andou bem o Ministro dos Negócios Estrangeiros aquando da sua entrevista à Inforpress. Para Luís Filipe Tavares, “contrariamente às conclusões apressadamente veiculadas por alguns órgãos de comunicação social, que, na prática, concluem num sentido contrário ao que resulta do acórdão (…) se conclui facilmente que a única inconstitucionalidade assinalada se refere a um segmento de um artigo, e apenas ocorrendo se esse segmento for interpretado num certo sentido – o de que a imunidade de jurisdição atribuída ao ‘pessoal dos Estados Unidos’ permitiria a instalação de tribunal marcial americano em território cabo-verdiano”.

Na perspectiva do ministro dos Negócios Estrangeiros, trata-se, assim, de “inconstitucionalidade meramente virtual”.
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+4 # Chiku 09-07-2020 12:19
MPD nunca foi patriotico! Sao simplesmente desmanteladores da nossa patria. Nao entendo como e que existem pessoas que votam num partido que deu provas desde os anos 90 di ki destroi Cabo Verde. Vende tudo ate a propria mae. Nao tem dignidade nem caracter. Um partido para o qual o dinheiro e coisas alheias falam sempre mais alto. O povo que vota sendo fanatico nao pode ver isto.
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+7 # Graciano Moreno 09-07-2020 10:03
CASO SOFÁ: Quando um um Presidente da República deixa ser instrumentalizado, desta forma, é caso para se perguntar, como é que ficamos, quanto ao garante da nossa Constituição da República?
Pois bem, pessoalmente, não esperaria que esta polémica do SOFÁ tivesse dado, envolvendo, Jorge Carlos Fonseca, um jurista, seguramente, dos mais conceituados da classe jurídica cabo-verdiana.
Mas, compreende-se, a política tem dessas.
O facto é que o Sr. Presidente da República deixou ser embrulhado pelos Senhores Ulisses Correia e Silva e Luís Filipe Tavares, dois leigos em matéria de Direito e que foram sobejamente incautos nestas negociações com os americanos.
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+4 # Ayan 09-07-2020 15:14
Ayan, sima nhu fla go mas nhu skeci di ponta dr. Carlos Veiga ki era embaixador e é um konhecidor di leis nacional ou é fama ke tem!!?
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+4 # Chiku 09-07-2020 09:23
Sempre MPD agindo como carneirada na asneira! Ninguem pa tadja. Viva Tribunal Constitucional e abaixo MPD! Governo subserviente, desavergonhado e incompetente com apoio do Presidente da Republica.
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+9 # Samiro 09-07-2020 07:57
Caboverde não è nenhum estado prostituta pode ate estar a ser governado por chulos, cafeteiros. Os politicos chulos que se cuidem porque um dia o povo vai sair a rua, o que esta acontecer neste país è de bradar o cèu, roubo de terrenos, roubo de empresas, partidarização da administração publica, ditadura na assembleia nacional, ditadura nos orgaos da comunicaçao social principalmente na tcv, politização doa tribunais a começar pelo Tribunal de Contas, politização do instituto da estatística etc etc, um dia isso vai dar mal...
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+3 # Colundjul51net@hotm 08-07-2020 23:30
O presidente sempre sorridente e a reboque dum ventilador ventoinha..... que tristeza.....
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+2 # André Maíz 08-07-2020 21:34
O PAICV fez o mínimo possível e com muita hesitaçao pelo meio, isto é, agiu a reboque da sociedade civil. Nao liderou a indignação. Seja como for, mais vale tarde do que nunca. Portanto, desta vez deve para sociedade civil.
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+2 # José 09-07-2020 09:25
Sr André! Deve estar tão desiludido com esse desfecho que vem desvalorizar a atitude do PAICV. Se a decisão do Tribunal Constitucional fosse o contrário estaria a crucificar o Partido da oposição. Que fanatismo e politiquice! E como fica o seu Presidente da República? Não diz nada?
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+7 # gheddafi 08-07-2020 20:34
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO VIU PORQUE NÃO QUERIA VER !!!
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+5 # GUILHERME TEIXEIRA 09-07-2020 08:47
é mesmo, não queria ver
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+1 # Nharasaquedo 09-07-2020 13:42
Eis a lucidez de um Jovem Órgão Soberano, que sem tibieza da grandeza do"pavão", respirou o Direito (nacional e internacional) obstando a que o pretenso "acordo" tenha lugar na Ordem Jurídica Nacional. Assim Nharasaquedo promete voltar.
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