Pub

dora pires

Finalmente São Vicente já tem instalados os novos órgãos municipais saídos das eleições de 25 de Outubro, após dois dias de acirradas discussões, com eleição da Mesa da Assembleia Municipal, liderada por Dora Pires (UCID).

Assim, o partido mais votado nas eleições autárquicas, o MpD, ficou fora da Mesa da Assembleia Municipal, fruto de um entendimento entre a UCID, o PAICV e o Movimento Independente Mas Soncent (MIMS) os quais, juntos, formaram uma maioria.

Com efeito, esta quarta-feira, 18, foi possível a eleição da mesa definitiva, após o impasse de terça-feira, com a apresentação de duas listas, a lista A proposta pelo MpD, e que integrava os nomes de Lídia Lima, para presidente, Elisabete Delgado, para vice-presidente, e Domingos Lima, para secretário, todos do MpD, ao passo que a lista B, proposta em conjunto pela UCID/PAICV/MIMS, que indicava Dora Pires, para presidente, Albertino Gonçalves (MIMS), para vice-presidente, e Dirce Vera Cruz (PAICV) para secretária.

O resultado da eleição pendeu para o lado da lista B, com 11 votos a favor, nove votos contra e uma abstenção, formando assim uma Mesa da Assembleia Municipal sem o MpD, que venceu as eleições autárquicas de 25 de Outubro, mas com maioria relativa.

Na sessão, em que se ouviu acusações de “assalto ao poder”, “golpe” e “santa aliança dos perdedores”, entre muitas outras, o MpD bem cedo deixou claro, através do eleito Flávio Lima, que não aceitaria votar listas para a mesa definitiva nas quais não figurassem o nome de Lídia Lima para presidente do órgão, por achar que a mesma já veio eleita desde o dia 25 de Outubro, dia das eleições.

UCID, PAICV e MIMS discordaram deste posicionamento e pediram em todas as intervenções que se desse a palavra à plenária que, diziam, é soberana, e, durante largos minutos, as discussões centraram-se nestas duas posições, até que a bancada do MpD solicitou uma suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

No reatamento da sessão, finalmente realizou-se a eleição, com os resultados que retiraram o MpD da Mesa da Assembleia Municipal de São Vicente, sem antes Lídia Lima, que presidiu à mesa provisória, ter dado conta de uma “euforia muito grande” para assaltar a Mesa da Assembleia Municipal, e que a eleição só se realizou porque ela não tinha suporte na lei para a travar.

Instalada a Mesa Definitiva, coube a Dora Pires, na qualidade de presidente da Assembleia Municipal de São Vicente dar posse ao presidente da câmara, Augusto Neves, e aos oito vereadores que o vão acompanhar, em cerimónia testemunhada pelo ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares e ministro do Desporto, Fernando Elísio Freire.

Assim, a Câmara Municipal de São Vicente passa a ser constituída, após a posse, pelo presidente Augusto Neves, e os vereadores Silmara Sousa, Rodrigo Rendall e José Carlos da Luz (MpD), António Monteiro, Neusa Sança e Anilton Andrade (UCID), e Albertino Graça e Celeste da Paz  (PAICV).

Em relação à Assembleia Municipal de São Vicente, nove dos 21 eleitos, nomeadamente Lídia Lima, Giliardo Nascimento, Flávio Lima, Ana Filomena Soares, António Pedro Rodrigues, Elisabete Delgado, Domingos Lima, Miguel Duarte e Ana Paula Cardoso, pertencem ao MpD.

A UCID, por seu lado, terá uma bancada municipal composta por sete eleitos, Dora Pires, Jorge Humberto da Fonseca, Zuleica da Cruz, Orisa Morais Sequeira, Adrian Duran Lopes, Silvina Neves Teixeira e Júlio Santos Fortes, o PAICV terá quatro eleitos municipais, Leila de Pina, Jean Emmanuel da Cruz, Odair Cruz e Dirce Vera Cruz, e o estreante MIMS um um eleito municipal, Albertino Gonçalves.

Com Inforpress

Comentários  

+1 # A. Piedade 26-11-2020 13:36
O Plano falhado de Augusto Neves
Não obstante as declarações inflamadas à volta da eleição da Mesa da Assembleia Municipal de São Vicente, a verdade é que o MPD esteve à beira de protagonizar a sua própria “coligação negativa” com o PAICV, o que só não aconteceu por causa das guerrilhas internas deste último partido, especialmente nesta ilha.
Em vésperas de eleições legislativas, o mais importante para o MPD em S. Vicente é estancar o crescimento da UCID, o grande ganhador das autárquicas de 25 de Outubro.
Augusto Neves considerando-se grande estratega, mestre de xadrez político imaginou um plano que tinha três objetivos:
1. Conservar o controlo da Câmara mediante pequenas concessões ao PAICV, mas mantendo a situação anterior sem grandes mudanças, apesar de ter perdido a maioria.
2. Travar a influência da UCID, deixando-a sem meios de tirar proveito do seu sucesso eleitoral
3. Silenciar os seus críticos dentro do próprio partido que de há um bom tempo estão a pedir a sua cabeça
Para isolar o partido de António Monteiro estava portanto disposto a aliar-se com o seu arqui-rival Alcides Graça, para o que contava com o apoio do seu amigo e adversário nas eleições Albertino Graça.

Perante um PAICV sem protagonismo, faz a esse partido uma oferta irrecusável: em troca do apoio dos seus eleitos que lhe garantiriam uma gestão tranquila – pelo menos até as eleições legislativas, depois se verá… – propõe-lhe a profissionalização de dois vereadores, atribuindo ao seu amigo Titota o papel de coordenador de pelouros enquanto, na Assembleia Municipal, desiste de apresentar a candidatura da sua colega de lista, Lídia Lima, cedendo a presidência à candidata do PAICV.
Nesse jogo de xadrez, Augusto apostou em liquidar o seu principal adversário (a UCID) oferecendo a rainha ao PAICV, competidor claramente enfraquecido por sucessivas derrotas eleitorais e assim aplicar um cheque-mate decisivo a António Monteiro, isolando-o tanto na Câmara como na Assembleia. Ao mesmo tempo, esperava desferir um golpe de mestre aos seus críticos e adversários internos que de há muito vêm pedindo a sua cabeça.
Se a profissionalização de vereadores não colocava problemas, a questão da Assembleia era muito mais complicada, pois os militantes do seu partido não a aceitariam de ânimo leve: Lídia Lima conquistou uma importante base de apoio dos militantes locais - rosto simpático do MPD em S. Vicente é muito mais popular do que o carrancudo Augusto Neves. Por isso seria necessário negociar, não com ela que jamais aceitaria, mas a um nível mais elevado. Convencido da sua jogada de mestre, Augusto faz mais um movimento de xadrez e joga com o Rei: consegue convencer Ulisses Correia e Silva que esse gambito simultaneamente reduz a pó o relativo sucesso eleitoral da UCID e coloca o PAICV na dependência do MpD, contribuindo para lhe retirar ainda mais apoio entre o eleitorado.
É claro que necessita de obter o acordo da outra parte, o PAICV. Alcides Graça, perdedor sistemático e manhento do poder, estava preparada para aceitar a oferta, a troco da profissionalização não só dos vereadores, mas também de alguns dos seus militantes nos quadros da Câmara, o que lhe devolveria algum protagonismo político que lhe escapou totalmente das mãos.
À última hora, porém, alguém derrubou o tabuleiro e o jogo foi-se abaixo. O PAICV local não constitui uma equipa coesa e existe uma grande clivagem entre seguidores de Graça e apoiantes da Janira, estes que não mexeram uma palha para que o PAICV tivesse melhores resultados nas autárquicas. Além disso, enquanto Alcides negociava com Augusto, Janira negociava com António Monteiro. Pressionado por Janira e acossado pelos seus adversários locais, Tcheps acabou por desistir da negociata e foi obrigado a emparceirar-se com a UCID.
Os sonhos do Augusto e da sua magnífica jogada foram por água abaixo.
Isso é que explica a grande fúria de Gust que lhe fez perder a compostura na cerimónia de posse dos eleitos municipais.
Responder
0 # Carlos Silva 26-11-2020 20:23
Deus tenha PIEDADE!
Responder
0 # Camara tem mel 25-11-2020 15:45
Essa assembleia municipal de SV tem mel e muito mel mesmo, só pode ser. Impressiona a forma como o Gust e o Mpd estão a fazer tudo para tomar esta assembleia. Todas essas tramoias, insultos só levam-me a crer que muita sujeira deve estar esconde naquela camâra para que o Gust e o Mpd estarem assim tão apegados ao poder. Como sãovicentino interessado em ver a ilha desenvolver e que haja transparência desejo que essa coligação funcione e que faça escola em Cabo Verde, tanto a nivel municipal, como nas próximas legislativas.
Responder
0 # Eugénia Ramos 25-11-2020 14:09
Eu acho muito justo esta Câmara pluralista. Para o bem dos Sanvicentinos, basta de maioria absoluta.A maior parte dos partidos, quando têm maioria absoluta fazem tudo q lhes der na gana e sem pretar conta à ninguém. E isso é muito mal para os municípos. Essa Câmara compartilhada demonstra que á democracia finalmente começou a funcionar na prática.
Responder
+1 # qual ideologia 20-11-2020 19:51
Qual ideologia?!
Ideologia é governar a Câmara com equilíbrio e transparência!
Governar um país pobre como cabo verde sob ideologia é atraso mental.
Responder
-3 # Jota 19-11-2020 14:25
Se por um lado acho interessante o sucedido em SV no que toca ao funcionamento do sistema, por outro vê-se que em cabo verde os partidos andam todos a deriva. Não têm ideologias base e sequer são coerentes. A UCID foi sempre um partido clandestino durante o periodo de partido único, referindo-se sempre como sendo de base cristã, coisa que não tem nada a ver com o PAICV. Vamos ver no que dá, mas acho que vai ser interessante.
Responder
-6 # Evaristo Lima 19-11-2020 12:42
Viva PAICV, o grande ganhador da Geringonça! Grande estratega, que nem um judoca usou a força da UCID, em S. Vicente, para começar a neutralizá-la. Primeiro, o PAICV, ideologicamente, esvaziou a UCID. Era impensável que um Partido que se diz Democrata-cristão fizesse uma aliança à esquerda, com um Partido de raiz marxista-leninista, o PAICV, tendo deixado claro que a UCID não é um Partido Democrata-cristão ou então a Direcção da UCID, particularmente, o seu Presidente António Monteiro, não sabe o que é democracia cristã. Segundo, com o impulso dado pela UCID, o PAICV ganhou um novo e grande folego para os próximos embates eleitorais. Nestas eleições, vários eleitores descontentes penalizaram o MpD e votaram a UCID, mas não com o propósito desta unir-se ao PAICV para penalizar o MpD, antes para que houvesse sinergia entre o MpD e a UCID e governar S. Vicente rumo ao desenvolvimento. Por outro lado, os ortodoxos da UCID nunca vão perdoar o António Monteiro o facto de ter-se juntado ao PAICV, Partido que sempre combateram. Terceiro: Para o PAICV é cristalino que a UCID não é um Partido de confiança, pois, ara atingir pequenos objectivos, a UCID é capaz de pôr de lado o seu ideário político, se é que o tem. Quarto: A Camara de S. Vicente vai ser ingovernável e cairá. Os eleitores penalizarão o Partido que derrubar a Camara. Nesta empreitada, a UCID vai ser o mestre-de-obras. Ao PAICV e ao MpD, só têm que ter paciência. Quinto: Nos próximos embates eleitorais, os descontentes do MpD e os ortodoxos da UCID, seguramente, não irão permitir ao António Monteiro uma nova jogada traiçoeira, em nome da UCID. Os votantes do PAICV, concluindo que a UCID não é e não será solução voltarão seguramente ao Partido de origem. Sexto: O PAICV, com a indefinição ideológica da UCID, o reposicionamento dos eleitores, as dificuldades da Camara e o desgaste da governação, cedo recuperará o seu peso politico em S. Vicente, à custa do debilitamento da UCID. Sétimo: O Augusto, seguramente, vai se sentir bloqueado e sem condições para exercer o cargo, momento para sair e deixar a responsabilidade nas mãos do bloqueador-mor, neste caso será a UCID que PAICV é demasiado inteligente para cair na ratoeira. Oitavo: Quanto ao Grupo independente, tem responsabilidade alguma já que dissolve-se ao cair a Camara. Novo: A UCID será a grande perdedora.
Responder
+2 # Pipi 19-11-2020 06:39
Se alguém tinha Gust como pessoa inteligente, acabou de tirar as dúvidas de uma vez por todas. A politica é arte de saber como interpretar o sentido do voto popular e de interagir com as todas as forças políticas em presença.
Gust não tem qualquer hipótese de voltar a ganhar numa eleição intercalar. E o MPD não vai andar atrás das teimosias e falta de visão de Augusto Neves porque seria a derrocada nas próximas legislativas e presidenciais de 2021.
Responder
+3 # Clara Medina 19-11-2020 02:03
Augusto Neves diz estar preparado para novas eleições mas tal pode ser um bluf ou um reflexo duma certa arrogância que lhe é característico e o comportamento instintivo e incontrolável de egos que não aceitam a derrota, mesmo que ela seja seja mínima.
Com possíveis novas eleições os eleitores que votaram especialmente na UCID ganharão uma certa confiança e auto-estima, bem assim como os simpatizantes do PAICV pelo que sendo necessário regressarão uma vez mais em massa para as urnas para consolidarem ou alargarem o seu inesperado sucesso.
Os absentistas, na maioria pessoas que desacreditaram na política e que não contavam com esta mudança de forças dentro da Câmara Municipal, sentir-se-ão estimuladas a fazerem uso do seu voto, neste caso a favor da UCID ou do PAIGC para restabelecerem o equilíbrio de forças dentro da Câmara Municipal.
Portanto para Augusto Neves c.s. MPD seria correr um grande e desnecessário risco voltar tão depressa para as urnas.
Além disso e em caso duma possível estrondosa vitoria da coligação UCID/PAICV, o que não é impensável, na política o imaginável pode acontecer, tal vitória poderá acarretar uma contaminação negativa para o MPD nas próximas eleições legislativas.
Responder
0 # golo.luis 19-11-2020 09:37
Na linha do que comenta a Clara Medina e demais, o desastroso discurso apocaliptico de Gust, com eleições antecipadas e djagassida à mistura, à qual se associa a infantilidade da intervenção de Lidia Lima, com assaltantes a atormentá-la, o MPD deu sinais de início de uma derrocada em SV. O Gust não tem carisma nenhuma e o pior é, neste contexto institucional adverso, ser petulante e não concluir que com este resultado eleitoral o povo sanvincentino disse-lhe para "baixar a bola" e negociar! Mas ainda assim quer desafiar! Que estupidez saloia!
Responder
+4 # Caboverdiano 18-11-2020 22:55
Assim o MPD fica sabendo o que é bom para a tosse.
O Gust não vai ter chance de dar escapadelas para tomar o seu groguinho em pleno horário de trabalho e deixar as pessoas de plantão a sua espera.
Cá se faz, cá se paga,
Os outros que se ponham de molho a sua barba enquanto a de Gust esteja a arder!
É o começo da "dessampadjudação"!
Responder
+1 # toto 18-11-2020 22:23
Adoreiii essa aliança q enriquecem a Democracia ,PARABÉNS SV ,q esta marcar a pauta do q será a Legislativa 2021.
Uma pena para MpD ser partido ganhador sem ter maioria no plenário , perder a posse por gulosos ,não entraram em dialogo com os outros e ver o resultado ,11m votos são menos q 18m votos juros .
Responder
-1 # Colundjul51net@hotm 18-11-2020 16:59
Oiiiiiioiii GUST....
Responder