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 JHA14

O PAICV reiterou esta terça-feira, 14, que não é contra o acordo SOFA, mas que todos os acordos devem conformar-se com a Constituição da República e que aguarda o pronunciamento do Presidente da República sobre a decisão do Tribunal Constitucional.

Estas declarações foram feitas pela presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, sobre a decisão do Tribunal Constitucional relacionado com o estatuto do pessoal dos Estados Unidos na República de Cabo Verde (SOFA – ‘Status Of Forces Agreement’, em inglês). A líder do maior partido da oposição, lembrou que o PAICV sempre manteve boas relações com todos os países parceiros de Cabo Verde, designadamente com os Estados Unidos da América (EUA) e continuará a manter essas boas relações.

Salientou que o seu partido está certo que os EUA, como um País democrático e fundado no Estado de Direito, seguramente respeitarão e valorizarão o funcionamento das instituições democráticas num País como Cabo Verde.

Disse, por outro lado, que o PAICV aguarda o pronunciamento do Presidente da República relativamente ao acórdão do Tribunal Constitucional sobre o SOFA. Aliás, recordou, foi durante a governação do PAICV que se iniciou a negociação sobre o SOFA, mas que o partido não chegou a assinar o documento, porque na altura tinha dúvidas legítimas sobre a constitucionalidade de algumas normas contidas no diploma.

Segundo Janira Hopffer Almada, o PAICV alertou o Governo da possibilidade da “inconstitucionalidade” dessas normas antes do mesmo assinar o acordo, lembrando que aquando da votação do diploma, o seu partido votou abstenção, porque entendeu que havia algumas normas que poderiam “ferir” a Constituição da República.

Daí, prosseguiu, a decisão do seu partido de ter pedido a fiscalização abstracta sucessiva da constitucionalidade de algumas normas do acordo SOFA, dúvidas essas, conforme frisou, vieram a ser esclarecidas com o recente acórdão do Tribunal Constitucional.

“É inconstitucional o 2º segmento, do número 2, do artigo III, do Acordo SOFA, em que se permite aos EUA o exercício de poderes tipicamente jurisdicionais sobre o seu pessoal em território cabo-verdiano, por crimes praticados durante a estadia dessas forças no arquipélago, por violação do princípio da soberania nacional, do princípio da tipicidade dos órgãos de soberania e dos órgãos judiciários”, citou.

Afirmou, neste sentido, que o PAICV “repudia veementemente” a postura de negação e de desrespeito do Governo aos cabo-verdianos e ao Tribunal Constitucional, frisando que o mesmo “tenta tapar o sol com a peneira” dizendo que essa inconstitucionalidade é “virtual”.

“Essa decisão é real e essa declaração de inconstitucionalidade também é real”, declarou, acusando Governo e o ministro dos Negócios Estrangeiros de proferirem declarações “irresponsáveis” e “ligeiras” sobre esta matéria.

“O Governo está a agir de forma irresponsável para tentar confundir os cabo-verdianos, porque o Governo está consciente que esta foi uma vitória do País e da soberania, está consciente que foi alertado antes, está consciente que o PAICV votou abstenção porque tinha dúvidas, portanto, o Governo tem de assumir que o PAICV alertou e não ouviu e agora se confirma aquilo que o PAICV tinha referido”, declarou.

Janira Hopffer Almada reiterou que o PAICV não é contra os acordos celebrados com nenhum País parceiro de Cabo Verde, designadamente os EUA, mas que entende que todos os acordos devem conformar-se com o ordenamento jurídico do País.

Com Inforpress

Comentários  

0 # Gum 15-07-2020 09:32
Bezantinice. O Sr presidente da república aquando da promulgação por isso promulgou, disse que não tem dúvidas sobre a constitucionalidade do ACORDO. Portanto se o acordo é o mesmo não há lugar para novo pronunciamento. O acordo está em vigor ou não. É válido ou não é. O acordo é inconstitucional. O art que o TC diz que pode ser inconstitucional põe em causa todos os restaurantes e o próprio acordo. Questões que a líder precisa clarificar.
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-3 # Daniel Carvalho 14-07-2020 16:12
Não se percebe tanto barulho, a não ser para aborrecer as pessoas. Se o PAICV diz-se satisfeito com o conteúdo do Acórdão do Tribunal Constitucional sobre o assunto;O Governo e o MPD dizem igualmente estarem de acordo, então está-se a discutir o quê?
A JHA quer ouvir o pronunciamento do Senhor Presidente da República sobre o assunto, quando conhece-o muito bem e sabe que no caso em apreço, o PR não está acima do TC, estando ele mesmo também vinculado ao cumprimento das decisões do TC.
Conhecido o Acórdão do TC, não resta alternativa a ninguém que não seja esperar para ver, quando surgirem situações concretas, se as autoridades vão ou não agir de conformidade com a Constituição da República,considerando que esse acordo,tal como todas as leis da república têm carácter geral e abstracto. Ou seja, é depois de ocorrer um facto em concreto,que se vai analisar o seu enquadramento juridico-legal e se decidir. Que mais é que se quer, por agora? STOP barulhada.
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