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cidade da praia

O Estatuto Administrativo Especial para a cidade da Praia, foi esta sexta-feira, 10, rejeitado no parlamento, após a proposta de regulamento apresentada pelo Governo não ter conseguido a maioria absoluta dos deputados presentes na sala de sessões. É a quarta rejeição.

Do total de 72 deputados do parlamento, 66 presentes na sala de sessões e por videoconferência votaram, sendo 39 a favor, insuficiente para fazer passar a proposta governamental.

Para fazer aprovar a proposta no parlamento, o executivo necessitava do voto favorável de 44 deputados e das três bancadas.

Dos deputados que votaram a favor, 35 são do Movimento para a Democracia (MpD), partido que suporta o Governo, e quatro do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), o maior partido da oposição.

Em sentido contrário, seis deputados votaram contra, sendo todos os três da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), dois do PAICV e um do MpD, enquanto 21 deputados do PAICV abstiveram-se.

Numa declaração de voto, a deputada Filomena Martins, eleita pelo PAICV pelo círculo eleitoral de São Vicente e uma das que votou contra, explicou que não foi contra a Praia, na ilha de Santiago, mas por considerar “oco” o estatuto apresentado pelo Governo.

Filomena Martins adiantou que o voto contra se deveu também à falta de outros fundamentos e por entender que as periferias do país é que merecem algum estatuto especial.

António Monteiro, da UCID, cujos três deputados eleitos por São Vicente também votaram contra, explicou que o estatuto especial não vai resolver, mas, sim, trazer mais problemas à capital de Cabo Verde, notando que vai continuar a ter mesma a pressão demográfica.

No entender daquele parlamentar, o estatuto seria um “presente envenenado” para a cidade da Praia, considerando que os seus munícipes iriam ter uma vida mais cara, e que ira seria “agudizar” ainda mais as discrepâncias entre as ilhas, concelhos e população do arquipélago.

Por sua vez, o líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, disse que o seu partido se absteve não contra o estatuto, mas contra o que o Governo e o MpD querem da Praia.

Rui Semedo reafirmou que propôs a suspensão do debate da proposta de lei para ir a negociações com o Governo, no sentido de “dar um estatuto digno e que a Praia merece”.

O deputado adiantou disse que a Constituição da República fala de um Estatuto Administrativo Especial, mas salientou que o que o MpD levou ao parlamento é, principalmente, um estatuto para presidente de câmara, que não tem nada para melhorar a administração da cidade e a vida das pessoas.

A líder parlamentar do MpD, Joana Rosa, acusou os deputados do PAICV de chumbar a proposta, depois de durante o debate mostrar “abertura total” para negociar com o maior partido da oposição, entendendo que não se estava a discutir o concelho da Praia, mas, sim, a capital do país.

Por isso, Joana Rosa tinha pedido a aprovação da proposta na generalidade, para depois acolher as propostas do PAICV na especialidade e dessa forma “cumprir” a Constituição.

A proposta de lei que regula o Estatuto Administrativo Especial da Capital de Cabo Verde, na Constituição da República desde 1999, foi apresentada pelo ministro-adjunto do primeiro-ministro e da Integração Regional, Rui Figueiredo Soares.

Durante o debate, o representante do Governo declarou que todas as questões levantadas eram pertinentes, pelo que mostrou “total disponibilidade” para ouvir propostas do PAICV e da UCID, e constituir uma comissão paritária para chegar a entendimentos sobre a matéria.

“Não estamos a tirar de ninguém para levar a ninguém, mas, sim, a cumprir o que está na Constituição”, destacou Rui Soares, garantindo que, a ser aprovada, a proposta não iria ser financiada por impostos dos municípios.

A proposta de lei do Governo do Estatuto Administrativo Especial da capital cabo-verdiana previa que a Praia recebesse maior dotação financeira do Estado, a criação de uma comissão da capitalidade, liderada pelo executivo, e a elevação do presidente da câmara ao estatuto equivalente a ministro. 

 A proposta de lei foi entregue no parlamento, em dezembro, pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva (antigo presidente da Câmara da Praia), que desafiou a oposição a aprovar o documento. 

Na ocasião, Ulisses Correia e Silva, que é também líder do MpD, referiu que a proposta de atribuição de um estatuto especial à capital do país está “consagrado na Constituição da República desde 1999”. 

A atribuição do Estatuto Administrativo Especial da cidade da Praia, com a descentralização de competências e outras responsabilidades atualmente assumidas pelo poder central, é um assunto que tem vindo a passar entre os vários governos (PAICV e MpD) na última década.

A Assembleia Nacional de Cabo Verde conta com 72 deputados, dos quais 40 eleitos pelo MpD, enquanto 29 são do PAICV e três da UCID. 

Com Lusa

Comentários  

0 # relaxe 26-07-2020 12:46
Para merecer um Estatuto Especial o presidente da Câmara da Praia tem primeiro dar sinais de merece-lo, fazendo todo um trabalho a nivel da educacao civica da população praiense, por um fim a essas grandes máfias e burlas de terrenos, por um fim à gestaão danosa dos recursos publicos (1 milhao de contos no mercado do Coco), por ordem publica municipal ate porque dispoe da policia municipal, etc.etc.
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0 # Temóteo V.Tavares 14-07-2020 14:57
Acho que já é altura de se começar a levar a sério o problema de "bairrismo doentio" que existe neste país, sobretudo entre a ilha de Santiago/Praia e S.Vicente/Mindelo. Já não dá para ignorar esse fenómeno negativo e que só prejudica o processo de desenvolvimento de Cabo Verde no seu todo.

É mais que evidente que esse "bairrismo doentio" não se circunscreve apenas a grupos reduzidos de pessoas, quer em S.Vicente, quer na Praia, mas trata-se de um fenómeno transversal, e que se verifica mesmo no seio de Partidos políticos.
Assim sendo, fica comprometido o processo de desenvolvimento do país, a não ser que esse fenómeno seja encarado de frente, discutido sem traumas e definidas estratégias com vista à sua minimização.

Mas antes de mais, é necessário lembrar que esse "bairrismo doentio" é um fenómeno que tem as suas raízes históricas, vem da época colonial. Toda aquele que conhece um pouco de História de Cabo Verde sabe que o processo de transferência da capital do país da antiga Cidade de Ribeira Grande (hoje Cidade Velha) para a Cidade da Praia, não foi um processo pacífico. Foi necessário uma luta árdua por parte da geração dos Santiaguenses da primeira metade do século XIX para que o Decreto Régio de transferência da Capital para a Cidade do Mindelo (a construir) não fosse cumprido.

Este facto histórico explica em grande parte o sentimento anti-Santiago/Praia que ainda prevalece no seio de alguma elite Mindelense, sentimento esse que se tem manifestado de variadíssimas formas. Nem vale a pena listar todas as manifestações bairristas de alguns S.Vicentinos desde a a independência de Cabo até hoje. Claro, em relação a essas manifestações e atitudes bairristas muitos Santiaguenses não ficaram indiferentes.

Por conseguinte, se hoje há também atitudes e manifestações bairristas por parte de alguns Santiaguenses, torna-se necessário analisar as suas causas.

Se se pretende acabar com esse "bairrismo doentio", que hoje se verifica de ambos os lados, a estratégia tem de passar necessáriamente pela Regionalização Política e Administrativa do país (cada ilha uma Região), o que aliás vem sendo defendida por alguns S.Vicentinos, e que o subscritor deste comentário também defende.

Não se está a defender aqui a Regionalização nesses termos (cada Ilha uma Região Política e Administrativa) apenas debelar, ou acabar com o "bairrismo doentio" existente, mas como via de desenvolvimento equilibrado das ilhas de Cabo Verde.

Quando os moradores de cada ilha/região passarem a assumir totalmente o processo de desenvolvimento da respectiva ilha, cabendo ao Governo Central a gestão e arbitragem dos interesses comuns das ilhas, deixaremos de ouvir comentários estapafúrdios do tipo "Praia está a comer no prato de S.Vicente", "tudo é realizado na Praia", "Governo da República de Santiago", etc, etc, etc.
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0 # Manuel Miranda 12-07-2020 21:06
Primeiro. Nem antes e nem agora fiquei surpreendido por o estatuto especial da Praia, ter sido chumbado pelos parlamentares.
Segundo. Tanto o MpD, bem como o PAICV, não tem razão para atirar pedras ou apontar dedos. Porquê. O PAICV já tinha por diversas vezes apresentado o Diploma para aprovação e o MpD, sempre o rejeitou e desta vez o PAICV fez o memo.
Portanto, os dois simplesmente estão em jogo de dis[censurado] e Bla Bla, nada mais.
Por isso, o artìgo como está deveria ser retirado e seguidamente colocado ao povo um referendo e a solução aparece definitivamente para Praia Maria.
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0 # SÓCRATES DE SANTIAGO 11-07-2020 17:56
Estou plenamentente de acordo consigo, meu caro Daniel Carvalho. Há matérias que precisam, sim, urgentemente, de REFERENDO, a nível nacional. Refiro- me, entre outras, o ESTATUTO ADMINISTRATIVO ESPECIAL PARA A CIDADE DA PRAIA, a OFICIALIZAÇÃO DO CABO- VERDIANDO, NOSSA LÍNGUA MATERNA e a REGIONALIZAÇÃO. Mantenha socrática.
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-1 # Daniel Carvalho 11-07-2020 16:47
Para Sócrates e Santa:
Que acham da ideia de referendo, como forma de dar voz e vez aos cidadãos não eleitos, mas simplesmente interessados eleitores?
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-1 # José 11-07-2020 17:27
Para Daniel Carvalho.
Esta é uma questão política. O MpD por três vezes não votou a proposta do PAICV porquê que o PAICV, por mais que tenham amor à Praia iam votar MpD? Este estatuto seria para o Movimento no poder mas nunca para a "Praia Maria da Vitória".
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+2 # Santa 11-07-2020 13:33
Afinal o PAICV não votou contra pelo que tive a coragem de assistir o parlamento desta vez embora de positivo para educar as crianças e jovens nada tem o nosso Parlamento.
Vejamos PAICV 21 abstenção
UCID- 3 contra
MPD -1 Contra
PAICV - 2 contra
PAICV -4 votos a favor
Fazendo os cálculos não pela "matimatica" a maioria do PAICV abstiveram. As pessoas estão a levar estas abstenções mais no campo Político , no entanto já que estão a caminhar para o campo político pergunto: Porque que o PAICV já levou a este parlamento 3 vezes esta mesma questão para Assembleia e não passou. Queiram publicar as fotos dos de[censurado]dos do MPD que não tinha votado nos estatutos da Praia pela 3ª vez consecutiva?
Portanto não venham com demagogia em tentar tapar a farinha com a peneira e nem tentar colocar malagueta nos olhos dos Cabo-verdianos. Estamos todos vigilantes . Viva Praia , Viva Cabo Verde . viva uma só nação. Abaixo bairrismo , abaixo populismo. Após as autarquias vamos conversar de novo. Não venham com nada eleitoralista porque o povo cobra e não vota brincadeiras.
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0 # SÓCRATES DE SANTIAGO 11-07-2020 11:22
O MPD e o PAICV têm de deixar de BRINCAR AO ESTATUTO ADMINISTRATIVO ESPECIAL PARA A CIDADE DA PRAIA. Enquanto um e outro usar isso como arma de arremesso político (um míssil apontado para a cabeça de cada qual), a CAPITAL DO PAÍS JAMAIS TERÁ O SEU ESTATUTO ESPECIAL, diga- se de passagem, UM IMPERATIVO CONSTITUCIONAL.
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+1 # John Miller 13-07-2020 09:50
Esse estatuto foi colocado por quem na Constituição da República de Santiago? MpD e Paicv!
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+3 # José 11-07-2020 17:31
Para onde seriam canalizados os benefícios dedse estatuto? Para os pobres é que não. Seriam enterrados no mercado do coco.
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+2 # Terra terra 11-07-2020 09:16
ANCV - Assembleia Nacional causadora da vergonha e vexame.
Sempre disse que a saida de Figueiredo do parlamento seria uma perda enorme para a nossa bancada. Veio a Joana Rosa, que parece ter mais ciumes da Janira do que intersse em conseguir alguma coisa boa para o pais. Alias, gostaria de saber se ela e mesmo jurista e onde trabalhou antes.
O nosso Orlando Dias ja da licoes de etica na politica! Veja ate onde chegamos! Um de[censurado]do desastroso, que desde que la esta nao fez outra coisa a nao ser envergonhar-nos. Deus me livre pensar que algum dia possa vir a ser lider parlamentar ou desempenhar algum cargo no governo! Tampouco o de embaixador em Sao Tome.
Num quesito o PAICV tem razao: temos que aprender a negociar, principalmente a aprovacao de diplomas que exigem 2/3. Da forma como queremos impor tudo, somente do jeito que queremos, nao da! Afinal, somos democratas ou nao?
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0 # Caboverdiano 13-07-2020 23:47
Terra terra pouco sabe do nosso representante da nação Ilustre de[censurado]do Orlando, que um dia no Fogo, resolveu festejar o grande resultado do PAICV , onde tirou toda roupa, "nu prite", para comemorar a sonhada vitória que, infelizmente não aconteceu a nível nacional, apanhou o vôo para a Praia e desceu no aeroporto Francisco Mendes um jato rabentola para sempre.
Só lamentamos a falta de telemóvel com câmara e de Facebook na época que nos permitisse ver o seu modelito em Instagram agora, claro sem desmaio!
Pelo curriculum se sabe quem nos representa e de que maneira!
Bem haja democracia para todos os gostos.
Por azar não ficou presidente do CDAO! Não é mesmo? Ou estou sonhando?
Que pena!
Da próxima vai haver desmaio "propi"!
Si raganha bem raganado...
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-1 # Daniel Carvalho 11-07-2020 08:41
Ainda bem que a maioria dos de[censurado]dos votaram a favor, devendo significar que a maioria dos Caboverdianos estão a favor. Por isso, o assunto não deve morrer por aqui. Um referendo ainda este ano,e se for possível, no mesmo dia que as eleições Autárquicas, poupando imensamente os cofres do Estado. Salvo melhor interpretação do disposto no 1º segmento do nº 2 do Artigo 103º da Constituição da República, não há qualquer impedimento legal que seja nessa data. Seria mais um importante teste à nossa Democracia, rumo à sua consolidação. O passo seguinte seria referendo à regionalização antes ou ao mesmo tempo com as legislativas de 2021.Vamos acelerar o processo de transformação deste nosso pais e parar de perder tempo com discussões estéreis à custa do erário público, retardando caprichosamente o processo de desenvolvimento. Credo!!! está se ficando farto demais. Pertos da náusea.
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+1 # domingas 12-07-2020 18:42
A Praia ja e especial por ser a capital. E a regiao que mais se desenvolveu depois da independencia.Esse estatuto nunca devia ter entrado na constituicao.Isso sim foi um acto de bairrismo.
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+1 # José 11-07-2020 17:41
Regionalização!!! Sejamos realistas sobretudo nesses tempos de pandemia. Basta de teorias!.
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+1 # jose carlos 10-07-2020 21:46
Esse Estatuto não era para a Praia
Era para o Oscar Santos, todos sabemos isso
que queria ser um ministro sem ser-lo.
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