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Rui Semedo

O PAICV, maior partido da oposição em Cabo Verde, anunciou esta terça.feira, 10 de dezembro, que vai propor um aumento salarial na função pública de 2,5%, no âmbito do debate final da proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2020, que esta semana volta à Assembleia Nacional.

Em conferência de imprensa realizada na Praia, o líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, afirmou que a proposta está em linha com a inflação acumulada e pretende minimizar os efeitos que a seca prolongada está a ter na economia das famílias.

“Aumento salarial de acordo com a inflação acumulada, que neste momento, em dois anos, é de 2,5%. Isso para beneficiar todos os trabalhadores da Administração Pública, mas também para servir de referência ao setor privado”, disse o líder da maior bancada parlamentar da oposição.

A próxima sessão ordinária da Assembleia Nacional vai decorrer de 11 a 13 de dezembro e, entre outros pontos, prevê a discussão na especialidade e votação final da proposta de Lei que aprova o Orçamento do Estado para o ano económico de 2020. Na votação global, a proposta passou apenas com os votos a favor do Movimento para a Democracia (MpD), que suporta o Governo, com a oposição a votar contra.

Segundo Rui Semedo, o PAICV vai ainda propor no debate que começa quarta-feira a extensão da aplicação do salário mínimo a “toda a administração direta e indireta do Estado”, admitindo que há “setores que ainda não o aplicam”, e o aumento da pensão social para “pelo menos” 7.500 escudos (67 euros), entre outras medidas fiscais, como a redução do Tributo Especial Unificado (TEU) de 4 para 2%.

Ainda antes de conhecer a proposta do PAICV, o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirmou na sexta-feira que o recorrente pedido de aumento salarial na função pública em 2020 é um “discurso popular” e “perigoso” para o país, que não consegue comportar uma decisão dessas.

“Gostava que as pessoas tivessem mais rendimentos? Sim. Mas para que as pessoas ganhem mais temos de ter mais impostos para pagar. Estamos disponíveis para aumentar os impostos para pagar isto? Vamos pagar mais aumento de massa salarial com recurso a endividamento? Não. Há aqui um equilíbrio que tem de ser gerido”, disse Olavo Correia, perante os parceiros sociais.

A posição foi assumida pelo governante, que é também ministro das Finanças, na reunião da Concertação Social, realizada sexta-feira na Praia, juntando representantes dos trabalhadores, do patronato e do Governo para analisar várias propostas governamentais com reformas, nomeadamente na administração pública.

Em causa está a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2020, que não contempla qualquer aumento salarial na função pública, depois dos 2,2% aplicados em 2019, ano em que o país regista uma inflação de 1,9%.

“Nós, independentemente daquilo que é a nossa preocupação particular, somos líderes e temos um país para gerir. Não podemos olhar apenas para uma variável e fazer um discurso apenas com base nisso. Por isso é que nós somos líderes e outros são trabalhadores e funcionários”, disse Olavo Correia.

O vice-primeiro-ministro insiste que, nesta fase, defender aumentos salariais é um “discurso perigoso para o futuro" de Cabo Verde: “Qualquer desequilíbrio orçamental, nas finanças públicas, quem primeiro vai pagar com isso são os trabalhadores: aumento da inflação, incapacidade do Estado em pagar os salários atempadamente, etc.”.

Com Lusa

Comentários  

0 # Fantonelli Mariah 12-12-2019 11:02
É inacreditável ouvir de[censurado]dos do maior partido da oposição, principalmente de um ex-governante vir exigir deste governo o aumento salarial. É verdade que os trabalhadores da administração pública viram os seus poderes de compra entrar em erupção desde de 2011 em que este de[censurado]do era governante. Fica feio e triste ouvir esta farsa dos de[censurado]dos do PAICV porque, foi com o governo do PAICV que os funcionários da AP confortaram de uma vez por todas, que já não era possível haver actualização salarial, contrariando toda a negociação da concertação social que dita que a actualização salarial deveria acontecer em função da inflação havida para repor o poder de compra. Foi o governo do PAICV da VIIIª Legislatura em que o proponente Rui Semedo era governante. O quê que aconteceu? Prometeram o 13º mês nas campanhas para as legislativas de 2011, venceram as eleições e blindou-se as actualizações dos aumentos salariais na AP, em uma economia blindada segundo diziam na altura, que não dava sequer para cumprir o acordo de Concertação Social.
É caso para dizer que os nossos políticos, tanto os do PAICV como os do MpD que já estiveram no poder, sabem muito bem governar quando estão na oposição, na situação só sabem assobiar-se e verem para o lado, a pesar do slogan "sem djobi pa ladu" que no aspecto da actualização salarial, houve uma luz no fundo do túnel com o aumento salarial de 2,2%, ainda que só beneficiou parte da AP. Pena é que para o próximo ano, foi novamente blindado mas, a esperança renasceu.
Em resumo dizer que, esta exigência vindo donde veio, ou seja do PAICV, é lágrimas de crocodilo.
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-1 # trabalhador vivo 11-12-2019 02:39
Aumento salarial urgente com o apoio dos trabalhadores.
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-1 # trabalhador honesto 11-12-2019 02:06
Pronto socorro para os trabalhadores.
O ecossistema não é o aumento de salário em dinheiro de acordo com o MF.
Para os trabalhadores o melhor ecossistema é respeitar as promessas de campanhas para às eleições que o MPD fez em aumentar o salário todos os anos de acordo com as inflações. Então é assim os trabalhadores querem os 2,2 do ano passado mais 1,3 deste ano significa que o aumento rondaria os 3,5 %. Manifestação é o caminho certo para os trabalhadores reivindicarem os seus direitos.
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