O procurador-geral da República, Óscar Tavares, questionou esta sexta-feira, 20, como é que o “caso de detenção de Arnaldo Silva” pode ser considerado de perseguição política se não há nenhum titular de cargo político como arguido ou suspeito. Tavares destrói, assim, o argumento principal da defesa de Arnaldo Silva - motivação política.
Óscar Tavares reagiu assim depois de ser questionado pelos jornalistas sobre as afirmações do advogado de Arnaldo Silva, que considerou que o Ministério Público (MP) “está a fazer política” e que o processo visa atingir o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, à data presidente da Câmara Municipal da Praia.
“Eu não tenho de fazer comentários daquilo que dizem os demais cidadãos, observo e registo”, declarou Óscar Tavares, ao mesmo tempo que considerou “absurdo” encontrar uma politização naquilo que é a actividade do Ministério Público”, do ponto de vista fáctico e daquilo que é o processo.
“Porque nesse processo em concreto não há nenhum titular de cargo político como arguido e não há nenhum titular de cargo político como suspeito”, reforçou, quase que confirmando o artigo de Santiago Magazine sobre este caso, no qual tentamos descortinar os possíveis suspeitos, depois de referirmos que foi a defesa de Silva quem primeiro puxou este assunto para o campo político.
O procurador-geral da República explicou que este caso não foi reaberto, mas sim existia uma participação e que o Ministério Público tem por obrigação fazer a investigação, e há decisões que foram tomadas em sede processual no cumprimento da lei, que, “felizmente”, num Estado de direito como em Cabo Verde, todas as suas decisões são sindicáveis.
Para Óscar Tavares, que falava à imprensa depois de entregar o relatório sobre o sector da Justiça referente ao ano 2018 ao presidente da Assembleia Nacional, disse que ninguém está acima da lei e todos têm a obrigação de poder responder.
Por outro lado, mostrou-se “preocupado” pelo facto de se querer ter um Ministério Público controlado por outros poderes e sem a capacidade de conseguir prosseguir, independente do poder que as pessoas possam ter.
“Nada absolutamente nada nos irá desviar de cumprir, no quadro constitucional e legal, aquilo que é a nossa obrigação institucional”, garantiu o Tavares, que disse que as ameaças são permanentes, “fazem parte”, mas que se sente “tranquilo”.
Entretanto, disse que o Ministério Público tem a obrigação de garantir que nenhum magistrado possa ter qualquer receio de investigar qualquer processo e que, perante os cabo-verdianos, têm a obrigação de garantir e essencialmente na plenitude dos exercícios das funções daquilo que são as responsabilidades institucionais do Ministério Público.
Na ocasião avançou que o processo está na fase final de investigação e quando estiver concluído o Ministério Público irá comunicar o resultado deste processo e serão conhecidos os outros seis suspeitos deste caso.
Na ocasião apelou a todos os cidadãos à serenidade e calma, tendo em conta que, assegurou, o processo está em segredo de justiça, e que o Ministério Público “não vai desviar-se nenhum milímetro” daquilo que é a sua “obrigação institucional” de realizar investigação com a “plena autonomia”.
O mandato do procurador-geral da República, Óscar Tavares, terminou em Maio deste ano. Sabe o Santiago Magazine que a ministra da Justiça não terá encontrado "alguém" de confiança para o cargo, razão pela qual terá optado por manter Tavares como PGR, uma posição que não terá agradado a mnuitos dos seus pares. Aliás, há quem diga que terá sido por este motivo que, do nada, o nome de Janine Lélis surgiu, pela boca de José Manuel P*into Monteiro, como um dos elementos que terá negociado e assinado contratos envolvendo a CMP e a família Fernando Sousa, defendida por Arnaldo Silva. Sucede que Lélis era sim sócia de Arnaldo Silva entre 2004 e 2008 (Lélis e Silva Associados), mas todo o processo em causa e denunciado por Vieira Lopes tem como ano de arranque 2008, logo, a actual ministra da Justiça não participou, por exemplo, na assinatura do memorando entre a CMP e Fernando Sousa - aliás, vê-se no documento que quem assina e carimba é Arnaldo Silva e não Lélis e Silva - e que a defesa de Silva fez questão de trazer a público, sem que ninguém antes soubesse quem mais estaria envolvido nesse alegado esquema em que se acusa um ex-bastonário de associação criminosa e lavagem de capitais, entre outras suspeições graves.
Santiago Magazine/Inforpress
Porque pedimos essa reabertura ?
É que essa megaburla administrativa dos terrenos está intimamente ligada à criminalidade organizada da cidade da Praia com o narcotráfico a fornecer os avultados fundos financeiros para a construção civil do Palmarejo ...
Ora o grupo que procedia a lavagem de capitais na altura era a Tecnicil, via um complexo emaranhado de relações com outros pequenos construtores que serviam também de testas de ferro de tubarões que agiam na sombra da justiça e sob o silêncio e cúmplicidade da classe política...
Portanto havendo processo de megaburla dos terrenos estes devem ser ligados a actividade criminosa organizada e não largar as pontas que a justiça já conseguiu agarrar.
Força justiça!!!
Ver para crer
Arnaldo Silva é um Advogado de reconhecido mérito, é dono de um escritório de renome, tem à sua volta mais dois escritórios, dos mais notáveis, tem capacidade suficiente para se defender e se necessário contra atacar, quer seja em relação ao próprio MP, quer seja contra Vieira Lopes.Esperemos com calma que o assunto se esclareça. Mas não deixo de repetir que essa de motivação politica não me parece uma boa estratégia de defesa, tanto mais que os políticos também podem e devem ser investigados, quando denunciados. Aproveito para perguntar ao PGR em que pé está o processo relacionado com o Fundo do Ambiente; Novo Banco e outros.
Se fez bem o PGR em pôr alguns pontos nos iis, sucumbiu à pressao ao dizer que dentre os suspeitos/ arguidos nenhum é titular de cargo politico.
Qual a necessidade?
É que esse esclarecimento nem resolve a im[censurado]çào de ser um processo politico, pois mesmo que houvessem politicos envolvidos( e foi o MP que adiantou haver mais seis suspeitos) nem por isso deixaria de ser um processo judicial para ser politico.
Trazer tal informaçao a publico é, em cera medida, violar o segredo da investigação e sucumbir-se à pressão.
No entanto, fiquei satisfeito em ver um MP que demonstra que não se intimida pelo "grito dos lobos"
Porém, aguardamos que o PR nos venha explicar melhor o que fez Arnaldo Silva nesta terra para merecer condecoração do Estado !
Não foi feliz, afinal, aonde fica o segredo de justiça?
Apressar-se a vir dizer que não há titulares de cargos políticos como suspeitos...
Para quê essa pressa, se o processo está em sigilo?
Medo de não ser reconduzido?
Mesmo que houvesse titulares de cargos políticos a serem investigados nesse processo, não significa, necessariamente, se tratasse de um processo político, não é?
Estou certo ou estou errado?
A constituição em arguido é condição de quem sobre o qual recai a dedução de pelo menos uma acusação pelo Ministério Público. Até agora, pelo o que sabemos, só há um unico arguido neste caso, o Dr. Arnaldo Silva, que não é cumulativamente titular de cargo político.
A linguagem jurídica é precisa, portanto, ainda não podemos falar em titulares de cargos políticos ou de qualquer outra coisa que seja sobre quem ainda não tem condição de tal.
Não se deixe enganar pela informação incompleta que o PGR nos passou.
Desnorte? Aonde?
"Something is rotten in the state of Denmark" - Hamlet, William Shakespeare