Hélio Sanches, deputado da Nação, eleito pelo círculo eleitoral de Santiago Norte pelo MpD, está a analisar a possibilidade de concorrer às eleições presidenciais em 2021. O jurista está desde há muito com essa pretensão, mas o projecto começa a ganhar forma, a ponto de haver já “movimentações internas” de um grupo seu apoiante dentro do MpD em torno da possível candidatura de Sanches.

Fontes próximas de Hélio Sanches, com quem Santiago Magazine não conseguiu chegar à fala, avançam que existe “uma forte possibilidade” do deputado, que também é líder do grupo parlamentar no Parlamento Pan-Africano, se apresentar como candidato às eleições presidenciais de 2021.

“Sanches encara esse desafio como uma missão da sua geração, em prol do aprofundamento da democracia e da necessária congregação dos cabo-verdianos em torno dos grandes desafios do país”, adianta um seu apoiante.

A acontecer essa candidatura, Hélio Sanches entrará numa lista com outros potenciais concorrentes da esfera política do MpD, nomeadamente Carlos Veiga, Jorge Santos, Eurico Monteiro e Milton Paiva, que também estarão a fazer o seu trabalho de casa, e todos contando com o suporte do partido liderado por Ulisses Correia e Silva, outro nome já aventado para o Palácio do Plateau.

Político com anos de estrada, Hélio Sanches, hoje deputado, foi secretário geral do Governo nos anos 1990 além de exercer outros cargos de relevância na Administração Pública. Foi também director geral do Património do Estado e, já no início da década de 2000, foi eleito membro da Comissão Nacional de Eleições. Em 2000 concorreu à presidência da Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago, de onde é natural, como candidato do extinto PRD (Partido da Renovação Democrática) contra Carlos Albertino Veiga (MpD) e José Maria Neves (PAICV) que ganharia essa disputa.

Note-se, todavia, que até este momento o único pretendente ao Palácio do Plateau que se disponibilizou publicamente para o cargo foi o deputado Milton Paiva, num post de Dezembro de 2017, onde também anunciava a sua saída dos órgãos do MpD, mantendo-se entretanto como militante. E até hoje ele continua com o projecto presidencial de pé, aguardando melhor ocasião para anunciar oficialmente a sua candidatura a presidente da República. Paiva, aliás, está forte no terreno com vista a apresentar um projecto ambicioso, escolhendo a dedo os seus principais colaboradores para ganhar essas eleições. 

José Maria Neves é “possibilidade muito forte”

Da lado do PAICV, parece cada vez mais evidente que o partido presidido por Janira Hopffer Almada irá apoiar a mais que provável candidatura do ex-primeiro ministro José Maria Neves. Esta semana, em entrevista à Agência Lusa, Neves voltou a referir-se a uma “possibilidade muito forte” de ser candidato a Presidente da República nas eleições de 2021, garantindo que já está “a trabalhar para transformar essa possibilidade em certeza”.

“Eu diria que hoje a possibilidade é muito mais forte de ser candidato a Presidente da República. É uma possibilidade forte, estou a trabalhar para transformar essa possibilidade em certeza e hoje essa possibilidade é muito mais forte do que era antes”, afirmou José Maria Neves, admitindo, ainda assim, que está “em processo de reflexão”.

Neves recordou ainda que uma candidatura presidencial em Cabo Verde, “hoje mais do que nunca, é muito exigente”, face aos “desafios actuais”, nacionais e internacionais, mas reconhece que os cabo-verdianos precisam de “um líder da Nação”.

“Uma candidatura presidencial tem de ser suprapartidária, então vai exigir um trabalho mais alargado, mais amplo. Mas estou nesta fase a trabalhar para transformar essa possibilidade numa certeza”, reforçou José Maria Neves, 59 anos, actualmente professor universitário.

O político defendeu que o país “precisa de um árbitro, capaz de unir os cabo-verdianos” e de “romper” com a “forte crispação política actual”.