O PAICV acaba de colocar as suas cartas sobre a regionalização do país na mesa. O documento comporta 131 artigos e propõe uma profunda reforma do Estado, a começar pela redução do número de deputados - dos actuais 72 para 50 - e a introdução de listas uninominais nas eleições, propostas estas consideradas "perniciosas e perigosas" por Ulisses Correia e Silva, na sua página do facebook, no dia 14 de Abril.
A proposta do PAICV, que já suscitou uma reacção do presidente do MpD e primeiro-minstro, Ulisses Correia e Silva, defende a introdução de duas administrações – “a administração da soberania e a administração de desenvolvimento”.
A administração da soberania ficaria a cargo do Governo, e seria constituída pela “defesa nacional, a política externa, a segurança pública, a política monetária, financeira e cambial, política nacional de transportes, as comunicações eletrónicas e postais, a justiça e o ensino superior”.
Por seu turno, “a administração de desenvolvimento” seria regionalizada. Ou seja, toda a “função de fomento e coordenação do desenvolvimento económico e social e de valorização integral do território, com intervenção nos sectores de turismo, ordenamento e ambiente, desportos, educação (básica e secundária), juventude, emprego, saúde, segurança social, agricultura, comércio, pescas, indústria, cultura, habitação e urbanismo, obras públicas e transportes”.
A materialização da proposta tambarina, que tem por premissa “qualificar a governação territorial, reduzir o custo do Estado e melhorar a sua eficiência”, requer uma profunda revisão da Constituição da República, nomeadamente na “reformulação do Título III, (epigrafado “Da Assembleia Nacional”), da Parte V (epigrafada “Da Organização do Poder Político”), no seu Capítulo I, no artigo 141º, para garantir uma redução do número de Deputados, e do Título VI (epigrafado “Do Poder Local”) da Parte V (epigrafada “Da organização do Poder Político”), em ordem à definição do estatuto das autarquias local (freguesia, município e região)”.
Com esta proposta, Janira Hopffer Almada acaba de mostrar ao que veio. Já lançou as suas cartas. Agora o jogo vai começar na arena campal!
Logo que o assunto se tornou público, o MpD não perdeu tempo, e já veio a terreiro manifestar o seu desconforto em relação à proposta do maior partido da oposição, considerando-a “perniciosa e perigosa”.
Para Ulisses Correia e Silva, a posição do PAICV são “derivas populistas e extremistas apontadas ao coração do sistema político multipartidário - o Parlamento”, e por isso, “perniciosas”, sobretudo, quando “são motivadas por contas aos custos da existência de deputados e quando, lá no fundo, se estigmatiza a sua utilidade”.
Para o presidente do MpD, o deputado é parte imprescindível do sistema. “Optamos pela democracia representativa e nela o deputado, seja aquele com mais visibilidade e intervenção nas sessões parlamentares, seja aquele que raramente usa da palavra, é parte imprescindível do coração do sistema”, escreve, sugerindo que a proposta do PAICV “é perigosa”.
“Investidas como a de reduzir o número de deputados para 50, motivadas pela redução de custos do Estado ou pela eficiência do Estado, são no mínimo perigosas. Quando essas investidas apontam claramente para o alimentar de um sentimento popular anti sistema político, os perigos são maiores. Quando vêm da liderança de um partido político, a perigosidade amplifica-se”, afirma.
Manifestando-se incomodado, Ulisses Correia e Silva, termina o seu post, com as seguintes questões: “A propósito do número 50, as perguntas que se colocam são: como é que se chegou a esse número? Como é que se consegue conciliar a representatividade dos círculos eleitorais com uma redução drástica do número de deputados? Que círculos vão ser reduzidos? Os de dois? Os da diáspora? Os de Santiago? De São Vicente? Para atingir que objectivos? Expliquem-se!!!”
Esta primeira tirada do partido no poder vem demonstrar o que o país já sabia: o dossier regionalização, que exige o voto favorável de 2/3 dos deputados, está longe de gerar consensos entre os principais actores políticos.
As linhas de separação estão bem vincadas, e a partir de agora a guerra vai ser campal.
Entretanto, segundo fontes deste diário digital, o MpD, eventualmente prevendo o pior, ou possivelmente para fragilizar a liderança de Janira Hopffer Almada, estará neste momento a ensaiar minar a divisão interna reinante do PAICV para levar avante os seus intentos políticos.
Explicando. Consta que, na última semana, uma delegação rabentola terá tido um encontro, aqui na cidade da Praia, com um grupo de cinco deputados tambarinas, conhecidos pelas suas brigas com a actual líder do partido, em que o mote era alegadamente firmar um acordo para que estes votassem a favor da proposta ventoinha.
Esta pretensa “negociação”, segundo as nossas fontes, poderá ser a primeira das muitas partidas que a partir deste momento vão ser promovidas entre os atletas em presença, onde a traição, a venda de consciência e o ajuste de contas eventualmente também farão parte das regras do jogo e do cardápio da festa.
O dossier deve subir ao parlamento em Maio. Até lá, estaremos aqui para observar as manobras, os truques e os trunfos que cada um vai usar agora que verdadeiramente o jogo já começou, ciente de que são os cabo-verdianos é que vão pagar todas as facturas.
So kel ki Parlamentu o Guvernu pode disidi, e ki pode ser objetu di referendu (artigu 4º di Lei nº 91/VIII/2015, di 1 di julhu). Pur isu, ka pode justifikadu rijeison di referendu ku faktu ma Asenbleia Nasional ten konpitensia pa disidi. So pode rijeitadu referendu ku justifikason ma atu (rejionalizason) ka e di «relevanti interesi nasional». Kuze ki ten mas «relevanti interesi nasional» di ki satadja nos Stadu mikroskopiku na 10 pruvinsia autonomu? Nton, pa ke ki instituidu es dimokrasia diretu, es spreson masimu di dimokrasia - referendu? Pamodi sa ta tapadu povu boka? Manba e pabia sabedu ma maioria e kontra kriason di 10 pruvinsia autonomu!? ----§----
REJION PLANU
Nu ten difikuldadi di inplanta un fabrika di avion, pabia Kabu Verdi e pikinoti; un fabrika di karu, pabia Kabu Verdi e pikinoti; un fabrika di kon[censurado]dor, pabia Kabu Verdi e pikinoti. I sen konplimentaridadi entri ilhas (planiadu i inplimentadu atraves di Guvernu Nasional), nen fabrika di alfineti nu ka ta ten kapasidadi di inplanta. I es konplimentaridadi ka e faktivel atraves di Guvernus Pruvinsial... Purtantu, na verdadi i di mumentu, soluson rasional e rijion planu sima ex-Primeru-Ministru Dr. José Maria Pereira Neves sa ta difende lisin https://santiagomagazine.cv/index.php/ponto-de-vista/1384-que-regionalizacao-para-cabo-verde! ----§----
REJIONALIZASON NUN TERA MIKROSKOPIKU?! ----§----
Pa komodidadi di leitor, N aglutina, nun so post na internet, serka di 1 dizena di ensaiu ki N publika na jornais di es prasa na 2013 i 2014 pa dimonstra irasionalidadi di kriason di 10 pruvinsia autonomu nes Kabu Verdi pikinotinhu: http://tinyurl.com/yden9nzr
Vendo a reação do Ulisses, acabo de confirmar a minha convicção. Afinal, a Regionalização defendida por ele durante as campanhas e que o fez conseguir muitos votos em São Vicente era e continua a ser a PURA DEMAGOGIA e POPULISMO. Eu estou profundamente convicto de que o Ulisses está ciente que ele agora está refém de uma "batata quente" e, inteligentemente, quer meter e comprometer o PAICV nessa jogada política. Ou seja, ele não está nada interessado e nunca pesou suficientemente o quê que ele queria dizer aos mindelenses quando lhes prometeu a Regionalização. E como tem de sair disto, inventa uma artimanha, apresentando uma proposta INADEQUADA de Regionalização e, com isso, ao não ser aceite como apresentado, ele, habilidosamente, criará espaços para dizer aos mindelenses que, afinal o PAICV é contra a Regionalização e por isso, a coisa não vai avançar. Com este cenário, o PAICV tem de se cuidar, fortalecer a sua comunicação com o país e, particularmente, com os mindelenses para os explicar a sua visão de Regionalização e a diferença do seu projeto com o do MpD.
O Ulisses, ao reagir, colocando a tónica na redução do nº de de[censurado]dos, acabou por dar uma tirada nos próprios pés, pois, ele sabe que há muito que os cabo-verdianos, mesmo fora do âmbito da Regionalização vêm clamando pela redução do nº de de[censurado]dos, pelo encargo que os 72 de[censurado]dos representam para o país, sendo certo que muitos não têm qualquer serventia ali na Casa Parlamentar.
Esses não são mais o partido. Vergonha