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O governo de Cabo Verde quer conseguir dos parceiros internacionais perdões parciais da dívida pública, assumindo o compromisso de reinvestir esses valores em setores que promovam o desenvolvimento, declaou à agência Lusa o ministro das Finanças, Olavo Correia.

"Queremos que a comunidade internacional continue a apoiar Cabo Verde. Por exemplo, na questão da dívida pública, temos de baixar o rácio e precisamos de sensibilidade para converter uma parte da dívida em projetos de saneamento, água, ambiente e educação", adiantou Olavo Correia.

Olavo Correia, que é também vice-primeiro-ministro, falava à agência Lusa no mesmo dia em que apresentou às organizações internacionais e aos representantes diplomáticos acreditados em Cabo Verde, o plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentado (PEDS) para o período 2017-2021, estimado em 400 mil milhões de escudos (cerca de 360 milhões de euros).

Segundo Olavo Correia, a ideia é conseguir dos tradicionais parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, União Europeia, Portugal, Luxemburgo, entre outros) um "perdão de dívida com o compromisso de reinvestimento em outros setores".

"Vários países já fizeram isso", disse, apontando como exemplo as ilhas Maurícias.

Olavo Correia disse ainda querer continuar a ter o apoio dos "parceiros clássicos" para mobilizar o investimento privado para o financiamento do PDES.

"Queremos criar um quadro de parceria com os vários governos para mobilizar o investimento privado. Precisamos de acordos para evitar a dupla tributação, livre circulação de pessoas, de capitais, um conjunto de medidas para propiciar o investimento de estrangeiros em Cabo Verde e de Cabo Verde no estrangeiro", disse.

Nesse sentido, o ministro adiantou que em Maio e Junho será realizado um conjunto de mesas redondas com os parceiros clássicos de desenvolvimento, o sector privado internacional por áreas (transportes marítimos, aéreos, plataforma financeira, tecnológica) e as Organizações Não Governamentais (ONG).

"Queremos apresentar as ideias do país e poder contar com empresários e a comunidade internacional no financiamento do plano que temos para mudar a economia cabo-verdiana", disse.

Olavo Correia mostrou-se ainda convicto de que o plano será financiado sobretudo pelos privados.

"Quem vai participar no financiamento é o sector privado. Vamos ter um modelo em que o Estado não vai investir nos portos, nos aeroportos, nos transportes marítimos, nos transportes aéreos, na energia e em outros sectores", acrescentou.

Com este modelo, considerou Olavo Correia, as necessidades de financiamento do Estado vão diminuir e serão concentradas na educação de qualidade, segurança e em infraestruturas públicas que estimulem mais investimento privado.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou, em Janeiro, que a dívida pública cabo-verdiana se situou, em 2017, nos 126,5% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo na sua maioria dívida externa (45% multilateral, 23,3% bilateral e 31,7% à banca comercial).

Para 2018, as estimativas da proposta de Orçamento do Estado apontam para a subida do endividamento público para os 132%.

O PEDS estipula, entre outras, como metas a atingir no horizonte de 2021 uma taxa de desemprego de 9,4%, a erradicação da fome e redução da pobreza absoluta de 35% em 2015 para 28,7% da população.

O documento, elaborado em parceria com parceiros multilaterais e bilaterais, pretende também reduzir a criminalidade e aumentar a segurança e confiabilidade do país, bem como reforçar a democracia, promover a regionalização do país e de descentralização do Estado.

Com Lusa

Comentários  

0 # Rolando 18-02-2018 19:08
Essa filosofia de pedir perdão não abona em nada um país que tem ambição de "caminhar com os seus próprios pés ". Os políticos são todos aldrabões, recebem donativos internacionais destinados à vitimas de calamidades e fenómenos naturais, desviam, comercializam para engrossar o cofre de estado com intuito de encontrar margens para roubar. Engraçado que uma das justificações que deram acerca do vale cheque é exactamente que não se deve tirar responsabilidade aos agricultores. Agora eles vem com essa cara de [censurado] para pedir perdão??
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0 # Caty Lopes 18-02-2018 10:15
Esse Dr. Olavo Correia, é o mais latoso militante do MpD e o Ministro mais malandro politico do Governo do Dr. WCS. Nenhuma instituição financeira concede emprestimo ao sector privado sem o aval de pagamento por parte do estado e por isso o Estado de Cabo Verde, fica sempre em divida em relação aos financiadores. So se engana uma vez e o vosso destino em 2021 ja està definido. Rua e nunca mais cheirar o poder.
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