O julgamento do advogado Amadeu Oliveira foi suspenso até sexta-feira, 1 de Março, para ter tempo aos intervenientes de lerem os novos documentos entretanto anexados às restantes 800 páginas do processo.
Take II: a segunda parte do julgamento de Amadeu Oliveira foi utilizada para questionar o arguido sobre as provas que o levaram a afirmar que houve denegação de justiça por parte dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, Benfeito Mosso Ramos e Fátima Coronel, em relação a alguns processos de cidadãos que tinham em mãos.
Entretanto, porque foram acrescentados novos documentos ao processo, que Oliveira disse não ter noção do seu conteúdo, o juiz Alcides Andrade, depois de consultar os advogados de acusação, José Manuel Pinto Monteiro e Manuel Miranda, decidiu suspender a audiência até sexta-feira, 1 de Março, de modo a dar tempo aos intervenientes de tomarem conhecimento dos novos elementos arrolados.
No período da manhã, e perante uma sala do Tribunal da Praia completamente cheia, Amadeu Oliveira, negou ter cometido qualquer dos 14 crimes de injúria e difamação que terá cometido contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça, Benfeito Mosso Ramos e Fátima Coronel.
O arguido procurou desfazer os argumentos do Ministério Público, representado pelo procurador Carlos Gomes, devolvendo, na prática, as acusações de que foram feitas, lembrando que fez uma denúncia pública dirigida ao Presidente da República, ao Procurador Geral da República e ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, após esgotar todas as possibilidades de luta judicial ao seu alcance.
Disse ter agido “em legítima defesa”, mostrando, em sua defesa, como é possível, por exemplo, o STJ deixar inocentes mais de dois anos em preso ilegalmente, quando esta instância do poder judicial tinha 30 dias para pronunciar sobre o assunto.
Tal como de manhã, a sala de audiência esteve totalmente cheia para assistir a este julgamento que promete sacudir o sistema judicial cabo-verdiano. À frente do Tribunal também estiveram dezenas de apoiantes do causídico, envergando camisolas com imagens de Amadeu Oliveira com a inscrição “O revolucionário”.
Devíamos dar as graças pelo facto de que uma pessoa como o Ilustre Amadeu teve a coragem de denunciar tais atos ignóbis e atentatórios contra a liberdade e dignidade humanas.
Considero que o Amadeu Oliveira deveria ser condecorado pelo Presidente da República pela sua coragem, ousadia e honestidade intelectual.
Tenho dito.
Na minha opinião, enquanto um não leigo na matéria, entendo que o Dr. esteve extremamente bem. Se ele poder fazer prova das suas declarações, feitas em audiência de discussão e julgamento, em curso, o mais provável é que ele velha a ser absolvido de todas as acusações.
Mas ainda que ele venha as ser sancionado por algum tipo de exagero, do meu ponto de vista a razão está do lado do Amadeu Oliveira.
TENHO POR MIM QUE TEMOS UM SISTEMA DE JUSTIÇA QUE PRECISA SER IMEDIATAMENTE REVOLUCIONADA.
Se Deus quiser, vou acompanhar esse julgamento até ao fim, para depois escrever um artigo próprio sobre o nosso sistema de justiça, que neste momento parece ser permissivo à arbitrariedade dos decisores.