Com o novo ano lectivo à porta, o atraso no pagamento das propinas por parte dos estudantes na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) continua a ditar a desistência de cursos, revelou o pró-reitor desta entidade do ensino superior público em Cabo Verde.
João Cardoso, que fez esta revelação em entrevista à Inforpress, explicou que a situação só não é mais grave devido às políticas de tolerância da universidade, com a utilização do mecanismo de pagamento parcelado das dívidas.
“A situação só não é mais grave porque a universidade tem adoptado uma política de tolerância, dado que conhecemos as condições macroeconómicas dos nossos estudantes, e a universidade tem recorrido constantemente ao mecanismo de permitir que os estudantes, com muita dívida, façam o pagamento parcial, depois vão amortizando ao longo dos tempos”, informou.
Revelou ainda que, mesmo assim, muitos acabam por reincidir na acumulação de dívidas, porque não conseguem meios para, num curto prazo, resolver todas as pendências.
Contudo fez saber que, “essa política de negociação tem permitido que grande número de alunos não desista e continuem a frequentar os cursos”.
O responsável atestou que o mau rendimento escolar está também na base da desistência de cursos por parte dos estudantes.
“Temos a questão académica, sobretudo estudantes que vão acumulando repetências em disciplinas e acabam por não conseguir, num tempo razoável, resolver as pendencias académicas”, observou.
Além disso, acrescentou, há ainda a problemática de estudantes estarem aptos para iniciarem os cursos, mas acabam desistindo quando o resultado das bolsas for anunciado e seus nomes não constarem nos que beneficiam da atribuição.
“A expectativa é de conseguir bolsas de estudo, para poderem continuar, portanto aqui vem a questão financeira a ter muito peso, no que tange a essa contrariedade”, salientou.
Quanto à avaliação do ano lectivo transacto, o pró-reitor ressalvou, numa primeira fase, que o balanço é “bastante positivo, tendo em conta as informações sobre o rendimento dos alunos. Os dados completos só serão apresentados no decorrer do mês de Setembro, adiantou.
O financiamento do ensino superior e da formação em Cabo Verde tem estado na agenda social há vários anos. Anualmente milhares de jovens terminam o liceu e ficam em casa, sem qualquer perspectiva de continuação do estudos, porque os país náo têm recursos, e o Estado não desenvolve uma política de bolsas de estudos que dê respostas às suas necessidades.
Esta situação tem criado grandes constrangimentos no seio das famílias, num país onde o custo de vida sobe ano após ano, e em contrapartida, o rendimento disponível é cada dia mais magro.
Com Inforpress
ARAUTO… Com a erosao de oportunidades de bolsas de estudo que beneficiou a maioria dos quadros actuais que operam em CV e tambem espalhadas por outras partes do mundo, essa “Aventura” do Governo de CV veio dar possibilidades a aqueles que doutra forma nao teriam oportunidades de sair do pais para continuar os seus estudos. Nao levar isso em consideracao seria adopter uma posicao egoista pua e simples.
Quanto a questao do custo (valor das propinas) a coisa torna-se mais dificil de analises. Verdade que os custos sao onerosos para os bolsos da maioria dos caboverdianos mas a ignorancia ultrapassaria os mesmos.
Daniel Carvalho, e inconcebivel que a propina da universidade publica de CV seja igual ao valor das que se praticam em Portugal ou tenha uma diferença minima das que se cobram nas privadas em CV. Ao contario das instituicoes privadas, a universidade publica e suportada com o dinheiro dos contribuintes. Por isso seria inadmissivel que nao houvesse uma grande diferenciacao no valor das propinas (mais ou menos o dobro) para as privadas cujo objectivo e ter lucros como retorno dos serivços prestados. Quanta a diferença com as praticadas em Portugal, basta comparar o que se paga aos professors entre os dois paises para entender o obvio.
Daniel Carvalho, apesar de concordar com a sua analise de modo geral, teria certa relutancia em aceitar a sua proposta de estabelecr “um quadro legal sobre propinas idêntico ao que existe para o Ensino Secundário, ou seja, variável em função do rendimento das famílias, deixando os que não podem por conta da FICASE, criando assim oportunidade para todos”. Nao funciona, apenas cria um sentido de dependencia e mendicidade por parte de muitos que seguramente fugiriam as suas responsabilidades inerentes. Ha varias outras formas de estimular excelencia e criar oportunidades para os que realmente lutam para a autoafirmacao. Falta de recursos nao devia ser nunca um obstaculo para esses. Nem todos seriam contemplados com essas oportunidades. SELECTIVIDADE!!!!!!
O Estado de Cabo Verde tem que decidir porquê que meteu nisto do ensino superior!
Não, meu caro: num Estado que se define constitucionalmente como sendo de Direito Democrático, tal como a justiça, a saúde e a educação não podem ser denegadas por mera insuficiência económica daqueles que as almejam. Que paguem os que podem na normal proporcionalidade para cobrir os que não podem.
Por ora não vou meter na questão da Lei de Base, que provavelmente impões-se rever. Mas a propina que a nossa universidade pública pratica é absolutamente excessiva.Basta ver que é o mesmo valor que se pratica em Portugal. Terá que ser revista antes da questão das bolsas, particularmente as de mérito.
Se muitos jovens não entram na universidade porque à partida sabem não dispõem de meios financeiros; outros abandonam pela mesma razão; outros conseguem desenrascar; nesse universo, onde resta o recurso para comprar sequer um LIVRO. Depois reclama-se pela qualidade dos formados debaixo de tanto stress.
A minha proposta é no sentido se criar um quadro legal sobre propinas idêntico ao que existe para o Ensino Secundário, ou seja, variável em função do rendimento das famílias, deixando os que não podem por conta da FICASE, criando assim oportunidade para todos.
Se voltar a ler a minha mensagem, há de convir comigo que estamos com a mesma opinião. O que eu questiono, é que o Estado tem que decidir para poder definir políticas que atendem a todas as situações que disse, e bem. Mas atenção, quando falo do Estado, não estou a falar do governo. E este é o nosso grande drama. Não conseguimos ser estados e não conseguimos traçar Políticas de Estado. Ficamos pelas visões, ideias e projetos pequeninos do governo, do ciclo legislativo, porque estamos sempre à caça do voto e com isto SEQUESTRAMOS todo o país. Se não vejamos: um exemplo, quase 50 anos depois da independência, o nosso PIB per capita anda ainda à volta dos 3000 dólares US, quando em 1975, era de pouco menos de 200 USD. Singapura, em 1956, data da independência, o PIB per capita deles era de cerca de 200 dólares. Hoje é uma dos mais alto do Mundo. Sabe quanto? cerca de 56.000 dólares.
O problema não se coloca em ser notícia ou não o assunto em apreço, mas sim provocar um debate em relação à matéria, sobre qual pessoalmente gostaria de participar.
Em primeiro lugar, tenho uma opinião muito própria de que a propina que se pratica na Uni-CV é excessiva e estúpida, e que o Estado de Cabo Verde tem uma dívida quase insanável para com a sua juventude que Ele mesmo vem negando a oportunidade de singrar na vida.
Como é possível perceber que num Estado que se diz de Direito Democrático, onde desemprego é o que se conhece; o salário mínimo seja praticamente igual à propina que se cobra numa universidade pública?
Esta realidade é motivo de revolta e eu não tenho nenhum receio em apoiar os estudantes a se manifestarem malevolamente contra esta brutalidade.
Como sabe, eu sou um professor, perfeitamente conhecedor da desgraça dos meus alunos que terminam o 12º ano e ficam por aí, não conseguindo avançar por razões financeiras.
Por enquanto, não defendo que o ensino superior deva ser gratuito, mas sou de opinião que o Estado de Cabo Verde não tem cumprido as suas OBRIGAÇÕES para com a sua juventude, neste particular.
Como é que se explica que a universidade pública aplica uma propina praticamente igual às privadas? Algo está mal e tem que ser necessariamente corrigido.
Sem essa pergunta e uma adequada resposta, é tudo comberço fiado, tal como disse o Diretor-Geral do Ensino Superior, na resposta a UCID, dizendo que a questão de bolsas, no concernente aos critérios, tem a ver com a Lei de Bases do Sistema Educativo. Que BARBARIDADE e IGNORÂNCIA? Onde se viu uma Lei de Bases, seja do que for, a tratar de critérios ou coisas semelhantes, que podem ser mudadas a qualquer momento?
Sr. DGES, há poucas bolsas, porque há pouco dinheiro disponibilizado pelo Governo. Deu-se 10 bolas de mérito porque assim o Governo quis! Não há nada na LBSE que diz que não se pode ultrapassar. Mais, a Lei de Bases não aborda nada disto e nem podia abordar. Seria Absurdo se assim fosse! A LBSE, grosso ao modo, diz apenas que cabe ao Estado criar condições para que as pessoas possam estudar.
O financiamento do Ensino Superior nao dever ser visto apenas na perspetiva social mas sim na perspetiva economica, financeira e desenvolvimentista. Há evidências claras de que esse segmento educativo constitui um importante fator de desenvolvimento, pelo que se torna um imperativo parar as reflexões e estudos e aplicá-los. Já se fez alguns estudos que apontaram cenários claros onde as autoridades devem pegar e decidir.
Há varias fontes de financiamento que se pode utilizar para financiar a Educação e o Ensino Superior e desatrelar-se do Orçamento Geral do Estado. É clato queo Estado nao deve abdicar das suas responsabilidades. Quando falo dessas fontes posso exemplficar, fazendo paralelismo com os variosfundos ecistentes em Cabo Verde e que têm dado resultados (Fundos do Turismo, da manutenção rodoviária, do Ambiente....). Porque nao um fundo para o financiamento da Educação? É preciso definir claramente o que se quer com o Ensino Superior em Cabo Verde, enquanto fator de desenvolvimento e uma das vias para a ascensão social e econômica dos indivíduos.
Porque não estribar -se nas boas praticas internacionais e fixar uma % do PIB e do OGE para o Ensino Superior? As familias não devem ficar de fora....
A Educação e o Ensino Superior sao assuntos serios e que devem nos mobilizar a todos, despidos de quaisquer questões conjunturais.
Bem haja Educação...
Quem acha cara a Educação que aposte na ignorância....