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O relatório do Departamento Norte-americano ainda está na ordem do dia. Hoje a AJOC emitiu um comunicado de imprensa onde condena a atitude do governo, sobretudo do ministro Abraão Vicente e reafirma confiança nas capacidades dos jornalistas cabo-verdianos.

O sindicato e a asssociação da classe jornalística cabo-verdiana não aceita a carapuça que Abraão Vicente quis enfiar aos profissinais da comunicação social, pelo que já saiu em defesa dos seus associados. E repudia "expressivo desprezo e uma profunda falta de respeito pelos profissionais cabo-verdianos da comunicação social, que, em suma, são acusados de ser incapazes de interpretar um documento e de, no caso vertente, se terem limitado a fazer copy paste, e mais grave ainda, de tentativas de manipulação", que o ministro da Comunicação Social terá manifestado no seu comunicado de imprensa.

E é com este sentimento que a AJOC bota mão dos números 1. e 6. do Artigo 19º da Lei da Comunicação Social, para responder ao comunicado do gabinete ministro da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC), a propósito das notícias difundidas sobre o Relatório do Departamento de Estado norte-americano respeitante à situação dos Direitos Humanos em Cabo Verde.

E escreve o seguinte:

A AJOC começa por congratular-se com o acompanhamento que o Governo dos Estados Unidos fazem da situação dos Direitos Humanos em Cabo Verde, com especial referência à Liberdade de Imprensa, item que pela primeira vez é incluído no relatório, o que, por si só, justifica o destaque que mereceu da Comunicação social nacional, e não só.

Com efeito, o relatório é claro quando refere que durante o ano transacto, a liberdade de imprensa foi beliscada, e cita como exemplo o que aconteceu entre o ministro que tutela a Comunicação Social e a classe jornalística, sublinhando que, nenhuma medida foi tomada pelo executivo na sequência dos actos e declarações protagonizados pelo MCIC, e das consequentes reacções da AJOC e dos jornalistas, e que o assunto acabou por morrer sem que nenhuma das partes tivesse recuado.

Isto por si só constitui um libelo dirigido ao Governo, querendo significar que, face ao acontecido, alguma coisa teria de ser feita pelo executivo, o que, claramente, não aconteceu, deixando em aberto um espaço potencial para futuras práticas de interferência do poder político na esfera de actuação dos jornalistas.

"As questões mais relevantes em matéria de Direitos Humanos incluem privação arbitrária da vida, uso excessivo da força pela polícia e agressão a pessoas detidas, tratamento desumano e castigos degradantes, detenções abusivas, violação da liberdade de imprensa pelo Governo, corrupção, tráfico de pessoas, falhas na protecção das crianças face à violência e a trabalhos perigosos, além de falhas na protecção aos trabalhadores migrantes", eis uma parte, a nosso ver, importante, do relatório, que não é citada pelo Governo no seu comunicado.

Ainda que nos parágrafos seguintes o relatório reafirme que há liberdade de imprensa em Cabo Verde, o que é globalmente verdade, o documento não deixa de citar, expressamente, os factos ocorridos em Março de 2017, envolvendo o ministro que tutela a Comunicação Social.

Entretanto, face às notícias publicadas pela imprensa cabo-verdiana sobre o assunto, o gabinete do ministro emitiu o comunicado já referido, onde manifesta um expressivo desprezo e uma profunda falta de respeito pelos profissionais cabo-verdianos da comunicação social, que, em suma, são acusados de ser incapazes de interpretar um documento e de, no caso vertente, se terem limitado a fazer copy paste, e mais grave ainda, de tentativas de manipulação.

O comunicado do MCIC e o Primeiro-ministro (em declarações anteriores), acusam, por outro lado, os jornalistas e os órgãos de Comunicação Social cabo-verdianos de terem publicado acriticamente o tratamento dado pela LUSA ao relatório do Departamento de Estado e de estarem a ser “capitaneados” pela agência, como se se tratasse de uma cabala orquestrada por esta contra o Governo de Cabo Verde e secundada de forma desonesta pela imprensa cabo-verdiana.

“Trata-se claramente de uma interpretação errada do documento (…), e que toca a manipulação de informação do relatório onde não consta qualquer menção à violação dos direitos da imprensa”, afirma a propósito o MCIC, adiantando que, “perante estas constantes, o Governo estranha o tratamento dado à notícia pela Agência Lusa, bem como a reprodução acrítica da mesma por parte dos demais órgãos de comunicação social, que demonstram não terem consultado a fonte original da notícia, ou seja, o relatório do departamento do Estado dos EUA.”

Face a tais pronunciamentos, que considera irresponsáveis, a AJOC condena o tratamento dado à Comunicação Social pelo ministro que tutela o sector e reafirma a sua confiança na capacidade, na idoneidade e na seriedade da classe jornalística cabo-verdiana.

A direcção da AJOC estima que é perigoso o caminho que está a ser seguido pelo executivo de, sempre que as noticias não lhe agradarem, classificar as mesmas como fake news, tentando, dessa forma, descredibilizar a imprensa cabo-verdiana.

Assim, a AJOC chama ainda atenção para a necessidade do incremento da cultura e literacia mediáticas, a bem da democracia cabo-verdiana que tem, na Comunicação Social, um dos seus pilares e parceiros fundamentais.

Comentários  

0 # Pieter Pan 25-04-2018 12:12
O que acho estranho é, pessoas de esquerda, que foram da OPAD, JAAC, OMCV que nunca ligaram patavina das liberdades durante quinze anos, agora, são todos paladinos da liberdade de imprensa. Vejo jornalistas, imagina-se do Tribuna (jornal do Paicv) e que estudaram em Cuba, sem qualquer liberdade e que lutaram com o Terra Nova a falar de liberdade de imprensa. Dá NOJO!
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-1 # biadeluluxa 24-04-2018 19:29
O KABRON VICENTINO É O MAIOR PALHAÇO DESTE GOVERNECO. ESTE TIPO DE ATITUDE DO ULISSES QUE NAO TEM COLHOES PARA SANAR ESTA MEDIOCRIDADE SÓ DESGASTA A IMAGEM DO SEU GOVERNO QUE EM TEMPOS ELEITORAIS FOI A ESPERANÇA DESTA NAÇAO MAS QUE SE ESTÁ A DEGENERAR. OS CABOVERDIANOS ESTAO A FICAR FARTOS DESTES ARROGANTES QUE ACHAM QUE OS COLOCAMOS LÁ PARA NOS DESTRATAREM. ESTAMOS A FICAR FARTOS.
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-2 # SÓCRATES DE SANTIAGO 24-04-2018 19:26
Venho aqui expressar o meu total apoio e solidariedade à AJOC e repudiar firmemente esta atitude leviana e autoritária do Governo, mormente nas figuras do Primeiro Ministro e do Ministro que tutela a área. Em verdade, em verdade, é assim que começa a DITADURA, mesmo em regime tido por democrático. Hitler e Salazar também existem entre nós, muito embora em miniatura e com nomes de ULISSES CORREIA E SILVA e ABRÃAO VICENTE.
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+1 # PEPETELA 24-04-2018 11:20
A AJOC merece respeito. Os Jornalistas merecem respeito. Dizer que não sabem interpretar, ler inglês e precisam de aulas, formações é grave. Então é para todos os jornalistas porque todos os jornais falaram de uma só voz (ANação, Expresso das Ilhas, Asemana, os jornais portugueses, angolanos, moçambicanos, brasileiros): "O ministro provocou protestos dos profissionais dos media quando pediu aos 'VELHOS E EXPERIENTES JORNALISTAS' que se afastassem. COMO O kABRAÃO DECLAROU A GUERRA SEM TREVA, RECEBERÁ O QUE MERECE. SEM TREVA, A GUERRA CONTINUARÁ COM O MCIC.....
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0 # John Imbembi 24-04-2018 03:44
Contudo, Ulisses correia gosta da sua criaturinha de circo. Lembremo-nos que no ano passado, dois artigos de opinião, incluindo um dos melhores poetas de cabo verde de sempre, arrasaram por completo o ministro Vicente das idiotices, mas o senhor PM preferiu proteger o seu desastrado colaborador, contra a vontade expressa de meio-mundo. Alguém que vai ao exterior atacar um escritor da sua república, só para proteger os interesses dos seus amigos estrangeiros, o que não será capaz de fazer? Tirem microfone a este gajote, senhores jornalistas. Boicotem as suas boçalidades e depois vão ver que isto dá bronca e o Ulisses vai tomar medidas.
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