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Foi ontem, 15 de Março, por volta das 8h30mn, quando 5 agentes da Polícia Judiciária (PJ) aparecerem em casa do deputado, Moisés Borges, munidos de um mandato de busca emitido pelo 3º Juízo Crime do Tribunal da Comarca da Praia. Em causa, o processo judicial relacionado com o Fundo do Ambiente.

Os agentes da PJ levaram documentos relacionados com a gestão do referido fundo, bem como documentos dos investimentos pessoais e familiares daquele deputado do PAICV, eleito pelo círculo eleitoral de Santiago Norte.

Ao Santiago Magazine Borges disse que abriu as portas da sua casa às autoridades policiais, em primeiro lugar, porque nada tem a esconder, mas também porque está interessado que "autoridades judiciais façam o seu trabalho sem constrangimentos, visando o total esclarecimento desta questão".

“O país não pode ficar refém deste diz que diz, deste ruído à volta da gestão do fundo do ambiente. Temos que juntar os nossos esforços no sentido de esclarecermos de uma vez por todas esta questão”, declarou o deputado, para avançar que não irá se esconder atrás da imunidade parlamentar para não colaborar com a justiça.

“Eu sempre digo que ser deputado é conjuntural. Eu poderia não ser deputado”, explica, para avançar que vê com naturalidade a posição do Ministério Público em solicitar buscas em sua casa.

“Nada tenho a esconder. Por isso estou tranquilo e sereno. A justiça tem que ser feita”, sugere, reafirmando que a gestão do fundo do ambiente foi feita nos termos regulamentados pelo Governo e pela tutela.

O antigo director-geral do Ambiente e hoje deputado do PAICV pelo círculo eleitoral de Santiago Norte, avança a este diário digital não ter sido notificado para ser ouvido pelas autoridades judiciais, nem tão pouco sabe se há ou não neste momento algum pedido de imunidade parlamentar do seu mandato no parlamento.

“Ninguém me notificou para responder, seja na PJ, na Procuradoria ou no Tribunal”, avisa o deputado.

Recorde-se que o processo sobre o Fundo do Ambiente foi despoletado ainda durante a governação do PAICV, tendo como pano de fundo acusações sobre eventuais desvios de recursos financeiros, financiamentos indevidos, entre outros actos lesivos ao interesse público.

Corria o ano de 2015, quando o então presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde, Manuel de Pina, entrou com uma acção judicial sobre a gestão do fundo do ambiente. Na ocasião, aquele responsável máximo da ANMCV garantiu, à saída da Procuradoria Geral da República, que o fundo estava a ser desviado e que isto era um caso de corrupção.

Pina chegou a acusar directamente o então ministro do Ambiente, Antero Veiga, de estar “unilateralmente a fazer uma gestão danosa, vergonhosa e promíscua e com total falta de transparência na gestão deste fundo".

Desde então, o processo encontra-se na alçada da justiça. Em Janeiro deste ano, o Ministério Público pede o levantamento da imunidade parlamentar do também deputado do PAICV, José Maria Veiga, Zé Black, para depor como testemunho no processo, e o parlamento aceita. É a primeira vez na que um deputado vê a sua imundidade parlamentar levantada em Cabo Verde.

E ontem, 15 de Março, a PJ vai à casa de Moisés Borges, para realizar uma busca domiciliária.

Estas acções, são o prenúncio de que as coisas estão a mudar no cenário político e judicial cabo-verdiano. Neste momento, a procissão deve estar ainda a arrancar. O caso Tecnicil, que tem no centro, o vice-primeiro ministro e ministro das Finanças, recentemente vindo a público, poderá seguir o mesmo caminho.

Recorde-se que Olavo Correia está sob investigação judicial por alegadamente estar a beneficiar a Tecnicil com a medida do agravamento da taxa aduaneira sobre o leite e sumos, uma empresa em que para além de ter sido administrador até Abril de 2016, é ainda um dos accionistas. Ele e a esposa. 

Santiago Magazine acaba de receber uma informação dando conta de que na mesma hora, agentes da PJ estiveram também em casa do deputado do PAICV, José Maria Veiga, Zé Black.

Comentários  

-2 # Antonio 17-03-2018 08:07
Espero que haja bonsenso para se proteger o PAICV, enquanto patrimônio maior dos militantes e que os envolvidos neste escândalo se demitam de todos os Órgãos do Partido. Já não há como escamotear a corrupção que beneficiou politicamente a JHA e, economicamente, a todo uma rede de apoiantes que se organizaram para desviar dinheiro do Estado, instrumentalizando associações de desenvolvimento comunitário. Tenho dificuldades em compreender como é que um líder político sem currículo e manchado pela corrupção e deslealdades, pensa convencer os cidadãos eleitores de que constitui alternativa ao poder instalado ! Nesta era digital em que a informação circula, tenho dificuldades em ver militantes informados a suportar líderes e projetos políticos que à partida se sabe não ter condições para se vingar.
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0 # Manuel Brito 17-03-2018 07:43
Este caso explica a difícil situação por que passa o PAICV . Como justificar que a ganância de um punhado de jovens recém chegados à política leve a destruicao de um Partido político tão árdua e generosamente construído? Porquê que a Direção do PAICV ainda não tenha discutido este delicado assunto, incontornável para o futuro do Partido, agora que muito claramente foi descoberto o truque que levou Janira, Zé Black, Nuias, João do Carmo, Inocencio, Julião, Moisés, etc, ao comando do PAICV ? Quando é que haverá demissões para podermos proteger o que resta do PAICV ?
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0 # Antonio 18-03-2018 08:19
A situação é embaraçosa para a imagem do PAICV. Mas também não podia ser de outro modo quando Camaradas promovem namoradinhas e meninos-de-mandado imaturos para poderem prolongar o controle do Poder. Como foi possível que gente respeitável tivesse alinhado com a ideia de entregar o comando de um Partido de causas e valores a uma mocinha surgida em 2009, naquela circunstância conhecida, e que se destaca em desbaratar bens do Estado com gangs que se foram formando na barba cara de todos ? Com uma juventude nada próxima do PAICV, chega em 2009 e já em 2014 é Presidente do Partido !
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-1 # Duarte 16-03-2018 18:42
A justiça está perante um texte decisivo. Num meio pequeno como o nosso, todo o mundo sabe já o que aconteceu, quem são os beneficiários diretos e indiretos. Outrossim, determinados jovens do PAICV que mal começaram a trabalhar ostentam já patrimônios que incomodam os cidadãos normais que têm vindo a trabalhar durante a vida inteira e que continuam longe desses sortudos. É que para além do Patrimônio, conseguiram também financiar o golpe político que lhes propiciou o Poder no Partido, descaracterizando de vez a política e a vida política. Se este caso não permitir o confisco de bens e nem levar ao encarceramento da rede de criminosos, a justiça ficará na rua da amargura. Aliás, Cabo Verde ficará com o futuro comprometido se os expedientes para passar Patrimônio para os filhos ou outros familiares se vingarem . Que haja justiça para frear a ganância desses recém-nascidos que se julgam mais espertinhos que os outros.
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0 # Dudu 16-03-2018 18:21
Esta declaração do Móises Borges é claramente um bluff. A PJ fez buscas com mandato judicial, portanto, não foi nenhum voluntarismo do MB em franquear a porta. Ademais, o que se sabe hoje sobre o dossiê não pode deixar tranquilo o MB. E devia perceber que quando se chega a este ponto, com buscas na residência de um De[censurado]do, com mandato judicial, os indícios de crime estarão praticamente consolidados. Portanto deveria poupar a nossa inteligência. Somos daqui, conhecemo-nos, então, nesta altura do campeonato não vale a pena dar pra doido.
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0 # Peter 17-03-2018 22:50
esse dudu ou duda ou mesmo doida está mesmo maluko. nhu odja na rosto de Moises ma el é pessoa de nivel alto. ka di bu laia. n de laia de bandido. Cuidado si próximo Tug é ka bo ku família k ta pegado.
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+1 # Nhu Djon 16-03-2018 17:47
O bicho vai pegar. MAs pa ka para, pa sigui k processo ti fim. Pa tra Thugs de cadeia pa intchi de kes bandidos fatados armados em gentes. Disgraciados.
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0 # Catarino Dias 16-03-2018 15:24
E em relação ao caso de violência doméstica perpetrada pelo de[censurado]do nacional do MpD Damião Medina, a sua imunidade parlamentar já foi levantada para responder no Tribunal?
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