Pub

O provedor de Justiça defendeu hoje o direito à greve da Polícia Nacional, mas sublinhou a necessidade de negociar "linhas vermelhas" e de "fugir à tentação" de resolver a questão através de "medidas administrativas.

"A polícia tem direito à greve e o que será preciso é negociar as ‘linhas vermelhas', porque a greve de uma força de segurança não é igual à greve numa fábrica de calçado ou à greve de médicos. Há o direito à greve, mas há outros bens jurídicos a serem salvaguardados", disse António Espírito Santo.

O Provedor de Justiça falava na cidade da Praia, durante um pequeno almoço com jornalistas para fazer o balanço dos quatro anos de mandato como provedor, que hoje se assinalam.

No encontro relevou ter recebido recentemente representantes do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL), que em dezembro promoveu uma greve de três dias da Polícia Nacional, a primeira da história da corporação.

Durante a paralisação, Governo e representantes sindicais não chegaram a acordo para a definição dos serviços mínimos, tendo sido decretada a requisição civil de 1.800 agentes para os três dias, sendo que quase metade não cumpriu a requisição.

Simultaneamente várias cidades foram palco de manifestações não autorizadas de polícias, levando o Governo a garantir que os polícias que não respeitaram a lei serão responsabilizados.

A forma como decorreu a paralisação, com acusações mútuas de violação da lei, lançou o debate sobre o direito à greve das forças de segurança em Cabo Verde, consagrado na Constituição da República, e levou várias vozes a admitir que venha a ser limitado.

O Provedor de Justiça sustentou que, como principais interessados no direito à greve, os polícias deverão ser os primeiros a "ver as linhas vermelhas a não serem ultrapassadas", aconselhando-os a serem "parceiros nessa negociação".

António Espírito Santo considerou ainda importante "perceber o significado" daquela que foi a primeira greve da polícia em Cabo Verde.

"Antes de virmos dizer que há ‘linhas vermelhas' que a polícia terá pisado, que há ‘linhas vermelhas', nomeadamente legais, que o Governo terá pisado, temos de tentar compreender, sociológica e politicamente, qual é o significado dessa greve e de outras manifestações que estamos a ter em Cabo Verde", disse.

Para o Provedor é preciso "fugir a sete pés" da "tentação de enveredar por medidas administrativas" na procura de uma solução para esta matéria.

"É preciso olhar para o conjunto das forças de segurança, perceber o que se passou e, se tiverem direito à greve, tem de haver ‘linhas vermelhas'. Temos que chegar primeiro a esse consenso", reforçou.

António Espírito Santo considerou ainda que para a "negociação das fronteiras a não serem ultrapassadas" em nada contribuem "as recriminações" de parte a parte.

O mandato de cinco anos do Provedor de Justiça termina em Janeiro de 2019.

Com Lusa

Comentários  

0 # José Realista 25-01-2018 21:07
Quanto a mim. Se há instituição que não faz falta a nação é a Provedoria da justica. Uma instituição que ninguém respeita , principalmente a Administração central e local . Em Cabo Verde. Quando os políticos falam, todos fecham o bico, até o Ministério Publico. Preferia mil vezes a Casa do Direito a funcionar do que a Provedoria. Provedoria é fachada, tenho vergonha do Provedor. Viva a vida ! você não é Culpado, ainda por cima agora com o seu partido rebentola no poder. Por acaso Ovalo não tem espaço para alugar as novas instalações da Provedoria? Rrrrrrrrrrrssss
Responder
0 # Paula Mendonça 25-01-2018 11:57
Sim, senhor. Parabéns!! Excelente desempenho deste Homem com letra grande. Foi também um grande Presidente da Assembleia Nacional em plena época 90. Homem que pensa com a própria cabeça. Um democrata de verdade e não fingido e sucundido. Meus sinceros votos de continuação de bom trabalho. Sem medo e livre.
Responder
0 # henrique lopes 25-01-2018 09:24
O Se Provedor, que apanhou uma grande boleia, deveria estara a encher o seus gabinete de gentes e mais gentes e gastar dinhejro do estado, e ficar calado. Ao falar que é favor da grave dos policias, o senhor quer ter protogonismo quer policito e social, ppois esta desaparecido do mapa, nao fala coisas com coisas, nao sabe intrepretar suas ideiais convenientemente, so talvez por escrito, mas expressando na Radio e Televisao deixa muito a desejar.
Gosto ate do homem, simles e sem vaidade, mas covenhamos ES
adeus e a abraços amigo
Hemrique di lolota (ja sabes quem sue sou)
Responder
0 # marcio 25-01-2018 00:12
Sr Provedor
O sr ao dizer isso, simplesmente está a fazer o seu papel de Provedor. Não há aqui nenhuma novidade. Para além de estar guardado por eles, policias.
Mas nós cidadãos é outra coisa e pensamos diferente: esses senhores não devem ter direito a greve e devem ser melhormente pagos. É uma vergonha o que ganha um policia. É vergonhoso mesmo. Só amor a farda os faz estarem a trabalhar.
Responder