Pub

garzon16 

O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, líder da equipa internacional que tenta travar a extradição de Alex Saab para os Estados Unidos, acusou este domingo, 16, as autoridades cabo-verdianas de prejudicarem a defesa, recusando duas vezes a entrada de um advogado.

"Esta é mais uma prova das limitações que estão a ser impostas. É óbvio que estão a ser colocados obstáculos no caminho do nosso cliente, Alex Saab, para aceder ao seu direito de defesa”, lê-se num comunicado, que cita Garzón, enviado à Lusa pela equipa de defesa internacional do empresário colombiano, considerado pelos Estados Unidos um testa-de-ferro do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

No mesmo comunicado é referido que um advogado da equipa internacional de defesa foi deportado de Cabo Verde “por duas vezes nas últimas 72 horas”, a primeira das quais em 13 de agosto, quando tentava entrar no arquipélago através do aeroporto da Praia, “para realizar o seu trabalho de aconselhamento” a Alex Saab, classificando o sucedido como uma “ação arbitrária e surpreendente”.

Na primeira ocasião, denuncia a defesa, o advogado teve de voltar para Lisboa por não ter a carta oficial de uma empresa cabo-verdiana em formato papel, apenas em digital, e a segunda por falta de pagamento prévio da taxa aeroportuária, que é possível liquidar no próprio aeroporto, denunciaram ainda.

Alex Saab, com 48 anos, foi detido em 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, mas a defesa e o Governo da Venezuela insistem na ilegalidade da detenção, por viajar com passaporte diplomático, como “enviado especial” do executivo de Maduro.

O Tribunal da Relação de Barlavento, a quem competia a decisão de extradição, aprovou esse pedido em 31 de julho, mas a defesa de Saab recorreu para o Supremo Tribunal do país.

Citado no comunicado da defesa, o antigo juiz espanhol afirma tratar-se de um incidente "intolerável pelas autoridades de Cabo Verde, visando prejudicar seriamente o exercício da defesa", salientando "a perseguição política a que está a ser sujeito através de um processo de extradição injusto e instrumental pelos EUA no seu confronto com o Governo venezuelano, do qual Saab é Enviado Especial".

Acrescenta que vai recorrer aos órgãos “jurídicos apropriados”, bem como ao Relator das Nações Unidas sobre a independência do poder judicial e dos advogados, “para investigar os factos e esclarecer as razões pelas quais o Governo de Cabo Verde está a limitar o direito de defesa” do empresário Alex Saab.

“É uma formalidade que poderia ter sido corrigida na altura [motivos invocados para travar a entrada do advogado em Cabo Verde], mas eles não o permitiram, pelo que tudo aponta para que existam ordens concretas para dificultar ao máximo o trabalho de advogados ou pessoas que vêm exercer nesta matéria", rematou Baltasar Garzón.

A detenção de Saab em Cabo Verde foi classificada pelo Governo da Venezuela como “arbitrária” e uma “violação do direito e das normas internacionais”, tal como as “ações de agressão e cerco contra o povo venezuelano, empreendidas pelo Governo dos Estados Unidos da América”.

Saab era procurado pelas autoridades norte-americanas há vários anos, suspeito de acumular numerosos contratos, de origem considerada ilegal, com o Governo venezuelano de Nicolás Maduro.

Em 2019, procuradores federais em Miami (EUA) acusaram Alex Saab e um seu sócio por suspeita de operações de lavagem de dinheiro, relacionadas com um suposto esquema de suborno para desenvolver moradias de baixa renda para o Governo venezuelano, que nunca foram construídas.

Baltasar Garzón indicou anteriormente que a estratégia da defesa se centra, por agora, no recurso para o Supremo “contra a decisão de extradição arbitrária”, ainda que tenha a intenção de recorrer “a outras instâncias jurisdicionais internacionais no momento oportuno”.

Com Lusa

 

Comentários  

0 # M de Souza 17-08-2020 23:57
Caro senhor espanhol, que tal ir a procura do vosso rei fora-da-lei. Deixa CV em paz. A Espanha é o país mais corrupto da Europa, que por conta de lavagem dá a nacionalidade a todos os ricos da América-latina. Todos os ricos da droga têm a nacionalidade espanhola. Por isso caro sei-lá-o-seu-nome, e deixa CV em paz.
Responder
0 # Alécio Romão 19-08-2020 12:27
Vamos mas é beber nosso groguinho e comer tartarugas á socapa, á moda do velho "Jeiti Cabverdeóne". Espanha país mais corruptp da Europa... Rei for-fora-da-lei... . Rei aquele que terá, alegadamente, ter cometido fuga ao fisco, certo.. Mas se quiser saber que é mesmo, não o rei, mas o presidente dos-foras-da-lei, visite o link "https://zap.aeiou.pt/fortuna-trump-esquema-fraudu lento-220853". É este o grande paladino da justiça no mundo? O exemplo a ser seguido? Isso de crimes e de criminosos acaba, á luz de certos interesses, leis e circunstâncias, por ser seu significado uma mera questão de interpretação jurídica, dirimida nos corredores das cortes. No caso de Cabo Verde, não atiremos pedras, pois nem sequer temos janelas, e podemos vir a sofrer grandes traumatismos cranianos, se insistirmos...
Responder
0 # Rui J. de M. Araújo 17-08-2020 23:06
É momento de respeitar os juízes! Quem gostaria de ser juiz numa circunstância tão complexa como esta? Eles serão crucificados em qualquer caso, mas que o sejam como quem bebe um copo de água, pois não escolheram missão fácil.
Responder
-1 # Palpite! 17-08-2020 13:43
Está a brincar! Deixou de ser juíz e agora quer mandar...
Ainda bem que descobriu que em Cabo Verde a lei é para todos. Se tem como se defender faça nos EUA ou está achando que vai nos comprar?
Responder
0 # Alécio Romão 17-08-2020 23:21
Quer mandar? A lei é para todos? Por favor, não vale a pena fingirmos que estamos a ser "soberanos", autônomos, ou que outro epíteto o sr. o queira chamar! Não estaremos antes a ser paus-mandados? Porque o não deixaram seguir AS para o seu destino final? Talvez porque naquele não se possa manipular, chantagear nem pressionar ninguém para o deter e extraditar? E é essa mesma lei que o Sr diz haver, que "decide" (ou devo dizer (obedece?) que deter um indivíduo "alegadamente" por cumplicidade com um governo criminoso ("não alinhado") em detrimento da decisão contrária? E porque não resolveu antes cumprir uma lei do DIP (Convenção de Viena das relações consulares de 1962, ratificado em 1964, no seu artigo 29º, que garante imunidade a qualquer diplomata (no caso de AS, detendo um passaporte diplomático emitido por um país soberano, e que não terá sido sentenciado culpado por crime algum, principalmente em Cabo Verde, e mesmo que fosse, ainda assim só poderia ser julgado no seu próprio país? E é essa mesma lei que temos, a despeito de qualquer atrasado mental em Cabo Verde, que sabe que qualquer cidadão da União europeia pode entrar em Cabo Verde sem sequer um visto, e a taxa aeroportuária é normalmente paga no próprio aeroporto de entrada, graças ao "digníssimo" acordo de vassalagem que Cabo Verde fez com esse continente, que encontra razões para não deixar entrar um advogado, provado vir esse em serviço.
Esse país em que havendo lei, se nomeia embaixador um suspeito de crimes de peculato, desvio de dinheiro público e corrupção activa, sob TIR, e (alegadamente) proibido de deixar o país! Constatado que Direito é mesmo a nossa especialidade, falta-nos se calhar, mais do Geógrafos, governantes versados em GeoPolítica...
Responder
+2 # Daniel Carvalho 16-08-2020 21:44
O Doutor Baltasar Garzón deve manter-se sereno, confiante na capacidade dos Advogados Nacionais membros da equipe de Advogados que ele dirige.
Deve manter-se sereno também porque, a ultima instância de recurso em Cabo Verde é um Tribunal confiável, do qual se espera uma justiça justa, sendo sabido de antemão que uma das partes vai ficar insatisfeita com qualquer que seja a decisão que vier a ser tomada.
Responder
0 # Alécio Romão 17-08-2020 23:27
Apesar dessa "confiabilidade" Eu não poria, nesse caso em específico, o dedo na máquina de fiar, na medida em que, em casos como esse, haveria probabilidades de se "dançar com o diabo para sair do inferno". Sinceramente não sei se devemos nos inclinar a acreditar que o STJ iria contradizer a penúltima instância, sobretudo num país em que os juízes também têm ideologia. E lá diz o ditado que "manda quem pode e obedece quem tem juízo".
Responder
-2 # Maria Fortes 16-08-2020 19:28
Baltazar Garzon passou talvez tencional ou intencionalmente um atestado de incompetência e menoridaderr profissional à equipa cabo-verdiana de defesa de Alex Saab ao trazer para Cabo Verde um batalhão de "advogados" para defenderem o seu cliente.
O chefe da equipa cabo-verdiana de defesa de Alex Saab foi antigamente Juiz em Cabo Verde portanto e como é lógico com mais conhecimento da jurisdição cabo-verdiana do que qualquer outro advogado ou ex-juiz vindo doutras paragens.
Responder
+1 # Alécio Romão 17-08-2020 23:37
Sra, talvez nos devamos ater ao facto de estarmos a lidar com uma questão, não específica da legislação caboverdiana mas sim muito delicada do DIP, e cuja experiência empírica ultrapasse a dos nossos dignos causídicos? E é natural que tendo sido ele Juiz da Central de Instrução do tribunal penal de máxima instância em Espanha, tenha mais experiência em lidar com processos ligados a crimes contra a humanidade, terrorismo, terrorismo de Estado, narcotráfico, corrupção política e delinquência econômica, que parece ser alegadamente o caso Alex Saab?
Responder
+3 # Djô Brokó 16-08-2020 23:23
Esse a que referes é o Manuel Pinto Monteiro? Esse senhor é mpd, amigo do governo. Estranho como foi sugerido para esse caso. Muito estranho!
Acho que o Baltazar devia afastar-lhe dessa equipa.
Mais, não esperem boas notícias do STJ porque lá é so fraudulentos e gente desonesta a fazer de juízes.
Responder
0 # toto 16-08-2020 18:18
Os covardes não tem dignidade seja qq a explicação , pior se for um membro do M.P ou /e da Justiça .cv. Não e' fácil defender entre um interesses pessoal e um publico .Uma questão sobre os barcos detidos ,são ou não de bandeira iraniana ? Pois o aiatolá Rohani esta negar .
Responder