Os erros são inadmissíveis, são reprováveis e claro que este livro não tem condições de continuar como está, mais ainda, o(s) responsáveis por estes erros deve(m) ser responsabilizado(s). Mas, também, não podemos aceitar que se venha com tudo, com pedras nas mãos para cima deste governo, pretendendo fazer passar a ideia de que estes erros são a razão e causa da falta de qualidade do nosso sistema de ensino. A falta de qualidade estrutural decorre de anos de um processo que tem sido vicioso e que produz cada vez menos qualidade.
Vamos mudar sim, vamos mudar porque não concordamos com o estado das coisas, vamos mudar porque queremos construir algo diferente, vamos sim testar novos modelos, novas metodologias, mas temos também de ser humildes, assumir o erro, corrigir o que foi mal feito e pode impactar negativamente a nossa ambição.
Dan Senor e Saul Singer, tentam, no livro “Start-Up Nation”, explicar o milagre econômico de Israel e elegem como factor-chave a forma descomplexada e positiva como os israelitas abordam a falha ou o insucesso, o facto de não se crucificar aquele que errou cria um ecossistema que incentiva as pessoas a arriscarem, pois, como dizem, “a falha é, em última linha, uma oportunidade de se apreender como não se deve fazer”. Pelo que errar não pode ser um drama nem, tão pouco, a responsabilização de quem falhou: o drama seria deixar as coisas como estão!!!
Recentemente tive a oportunidade de conviver com crianças que estavam a iniciar a terceira classe em Boston, EUA, e fiquei profundamente impressionado com a capacidade de escrita. Não pude deixar de pensar que em Cabo Verde alunos terminam o 12º ano sem saber escrever convenientemente a nossa língua oficial, podia também falar de professores que têm dificuldades em escrever correctamente uma simples nota de serviço.
Para terminar quero sublinhar que, como tenho dito, o ALUPEK impacta negativamente todo o nosso processo de desenvolvimento, sobretudo sobre a “geração Google” onde todo o on-line é edificado sobre o acasalamento das coisas às palavras, aqui a etimologia (que se pretende aniquilar) se assume como activo essencial.
Mat(I)matica é apenas mais um reflexo deste impacto negativo.
*Deputado nacional do MpD/Presidente da Comissão Especializada de Economia Ambiente e Ordenamento do Território da Assembleia Nacional de Cabo Verde
Um bom governo é aqui que através dos erros que se aprende e corrige.
Bem aja Cabo Verde
Devo dizer-lhe que fui professor de crioulo desde a década de 1980; fui docente do crioulo na Uni-CV desde 2010; dirigi o primeiro Mestrado de Crioulística e Língua Caboverdiana na Uni-CV e os meus alunos, a maioria esmagadora pertencentes à chamada geração google, tinham e têm uma empatia extraordinária com o crioulo e com a escrita baseada no ALUPEC.
Daí que a sua afirmação, generalizada, como a fez, esteja longe decorresponde à realidade.
Note ainda que desde 1998, universidades nacionais e estrageiras, universitários nacionais e estrangeiros que fizeram estudos académicos sobre o crioulo de Cabo Verde adoptaram o ALUPEC como modelo de escrita.
Se quiser, pode consultar o estudo feito por mim no livro A Palavra e o Verbo, páginas 311-330, subordinado ao tema: Prusésu di Afirmason y Valorizason di Língua Kabuverdianu (1975-2012)...
Isto não significa que não haja resistência, mas como deve saber o Acordo Ortográfico para a escrita do português, de 1990 conta também com muitas resistências.
Pode crer que qualquer modelo de alfabeto adoptado para a escrita da nossa língua vai contar com alguma resistência. A vantagem do ALUPEC é o facto dele ser pertinente, funcional, económico e sistemático.
Se conseguir propor um outro modelo de alfabeto mais pertinente, mais económico,mais funcional, mais económico e mais sistemático do que o ALUPEC, passarei a apoiar esse seu modelo.