Que seja esta o objectivo da oposição, dúvidas não tenho.
Contudo, em abono da verdade, não faz mal aceitar que presentemente o Governo não está no seu melhor momento. Alguns, teimosamente, vão contrariando os sinais e dizer que a realidade que se pinta é invenção dos críticos e dos impacientes e que as coisas estão a funcionar bem. Tomara que assim seja.
1. O caso da TACV, deixando milhares de passageiros imobilizados nos diversos aeroportos, com reclamações e ter que suportar custos elevados e imprevistos;
2. A saída repentina da Icelandair, levando todos os seus aviões;
3. A ineficácia da Binter, que não consegue transportar todos os passageiros neste período de época alta;
4. Algumas manifestações e greves um pouco por todo o país;
5. Duas greves da Polícia Nacional, num período curto de tempo;
6. O claro endurecimento das pressões dos diversos sindicatos, que querem ver resolvidos todos os problemas de todas as classes laborais, não querendo se importar com a realidade e capacidade do país;
7. A politica intencional e radical do Paicv, que aposta em espalhar e repetir a mensagem de que tudo o que este Governo faz é negócios sem transparência, é aldrabice, que prejudica o país, e que este Governo não sabe gerir o país, e concluindo pela sua incompetência;
8. A pouca expressiva UCID, que teima-se em colar à estratégia do Paicv, atacando o Governo com os mesmos argumentos;
9. O que é mais grave ainda, são os vários sinais de desconforto de dirigentes e militantes do MPD, que entendem que a linha e orientação politica seguidas pelo partido, não são aquelas que o fortifica, concretamente a não separação nítida e clara das fronteiras politicas em relação ao Paicv. No entender desses dirigentes e militantes, a tal ambiguidade politica do MPD, enfraquece-o e de que maneira;
10. E, finalmente, a lentidão no aparecimento de resultados concretos da governação, resultado de ineficácia de certos e determinados departamentos ministeriais do Governo. Realidade hoje muito mais claro do que ontem.
Não creio que estes dez factores descritos são puras invenções dos críticos ou dos chamados impacientes.
Realça-se que é tanta coisa que inesperadamente acontece em apenas dois anos de governação e para qual, aparentemente, não há nenhuma explicação convincente. Isto já não é só falta ou deficiente comunicação. Sinceramente, há situações que escapam a compreensão dos mortais.
Na dúvida, e sempre à procura de uma explicação, muitos dos dirigentes e militantes descontentes apontam o dedo ao Governo, à sua composição, às escolhas e orientações feitas e, sobretudo, ao desempenho politico de alguns governantes.
Mesmo que se procure um meio termo, mesmo que se trata de uma mera dúvida ou equívoco, seria conveniente e de bom tom, no mínimo, colocar-se uma presunção de dúvida e ouvir as pessoas: os militantes.
Fingir que nada está a acontecer, que tudo não passa de alucinações levianas e contrapor-se com um braço-de-ferro, pode ser uma atitude com os seus custos.
Resultado da politica seguida, é a visível e crescente desmotivação dos militantes e certos dirigentes, que vem tomando a forma de descontentamento.
Perante essa infeliz realidade, se a direcção do partido e do Governo não quiser saber das inquietações, fazendo finca-pé e não escutar as suas bases, é de se concluir que a tradição deste partido foi alterada e, neste caso, não se pode contar que o caminho percorrido e o estilo de fazer politica serão alterados.
O que é certo, visivelmente certo, é que o peso de todos os factores acima apontados, podem conduzir o Governo a agir sob um permanente stress, ficando a remediar, a fazer zigue-zague nas medidas e a encontrar soluções a reboque dos acontecimentos, perdendo o foco das medidas politicas essenciais e estratégicas.
Em consequência do quadro politico descrito, os seus efeitos, e sobre o qual pode haver polémica ou até discórdia, entretanto, não se pode negar que os resultados da sondagem do Governo, embora ainda apresentam algum conforto, apresentam simultaneamente alguns sinais de alerta.
És ponta de lança no sal ou lá para as bandas de sv sv ? Daqui da estranja uma surradeira para ti e proximos.
Cumprimmmmentos meus.
Ao teu dispor
Acido sulfúrico
O ensino superior (motor de desenvolvimento no mundo atual) anda num sono profundo. Não há notícias do seu desenvolvimento, um setor que "nasceu" há apenas 15 anos e com muito por fazer ainda. As instituições do ensino superior andam completamente abandonadas e os jovens sem qualquer esperança de poder estudar;
A Educação no gera, anda numa completa desorganização e bangunçaria, com a estória de agrupamentos.
Os jovens, particularmente do interior, sentem-se completamente abandonados à sua sorte e, como alternativa, se envolvem cada vez mais com as drogas e álcool. Veja que os dados indicam que para cada 100 rapazes no ensino superior, temos 140 meninas. Mas isto é o reflexo do que se passa também nos últimos anos do ensino secundário. Onde estão os jovens rapazes? Os dados do INE demonstram que o nº da população cabo-verdiana é agora quase igual, em termos de género.
A formação profissional, já quase nem se fala. Das poucas atenções que os jovens vêm tendo é para ações que promovem a bebedela, o consumo de droga e a prostituição.
Em face desse quadro todo, não é de se estranhar a debandada de valores que assistimos na sociedade cabo-verdiana e com prejuízo para todos nós. Em abono da verdade, penso que a nossa situação socio-económica é potenciadora de uma situação que poderia ser ainda pior. Pena é que, por incapacidade das autoridades em compreender o fenómeno de certos comportamentos criminosos provocados pelos jovens, esses acabam por ser duplamente vítimas. Vítimas de uma educação e atenção social que não tiveram e vítimas da ação judicial que, injustamente lhes caem por cima ao agirem como agem (prova disso, é que de acordo com o estudo, a média de habilitação das 1156 pessoas presas na cadeia central da Praia é 6ª classe). Preocupante é que em momento algum falou-se que se trata de uma questão de DEBANDADA da nossa EDUCAÇÃO. Tenho dito.