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Por: Maika Lobo

 Maika lobo1

Que seja esta o objectivo da oposição, dúvidas não tenho.

Contudo, em abono da verdade, não faz mal aceitar que presentemente o Governo não está no seu melhor momento. Alguns, teimosamente, vão contrariando os sinais e dizer que a realidade que se pinta é invenção dos críticos e dos impacientes e que as coisas estão a funcionar bem. Tomara que assim seja.

1. O caso da TACV, deixando milhares de passageiros imobilizados nos diversos aeroportos, com reclamações e ter que suportar custos elevados e imprevistos;

2. A saída repentina da Icelandair, levando todos os seus aviões;

3. A ineficácia da Binter, que não consegue transportar todos os passageiros neste período de época alta;

4. Algumas manifestações e greves um pouco por todo o país;

5. Duas greves da Polícia Nacional, num período curto de tempo;

6. O claro endurecimento das pressões dos diversos sindicatos, que querem ver resolvidos todos os problemas de todas as classes laborais, não querendo se importar com a realidade e capacidade do país;

7. A politica intencional e radical do Paicv, que aposta em espalhar e repetir a mensagem de que tudo o que este Governo faz é negócios sem transparência, é aldrabice, que prejudica o país, e que este Governo não sabe gerir o país, e concluindo pela sua incompetência;

8. A pouca expressiva UCID, que teima-se em colar à estratégia do Paicv, atacando o Governo com os mesmos argumentos;

9. O que é mais grave ainda, são os vários sinais de desconforto de dirigentes e militantes do MPD, que entendem que a linha e orientação politica seguidas pelo partido, não são aquelas que o fortifica, concretamente a não separação nítida e clara das fronteiras politicas em relação ao Paicv. No entender desses dirigentes e militantes, a tal ambiguidade politica do MPD, enfraquece-o e de que maneira;

10. E, finalmente, a lentidão no aparecimento de resultados concretos da governação, resultado de ineficácia de certos e determinados departamentos ministeriais do Governo. Realidade hoje muito mais claro do que ontem.

Não creio que estes dez factores descritos são puras invenções dos críticos ou dos chamados impacientes.

Realça-se que é tanta coisa que inesperadamente acontece em apenas dois anos de governação e para qual, aparentemente, não há nenhuma explicação convincente. Isto já não é só falta ou deficiente comunicação. Sinceramente, há situações que escapam a compreensão dos mortais.

Na dúvida, e sempre à procura de uma explicação, muitos dos dirigentes e militantes descontentes apontam o dedo ao Governo, à sua composição, às escolhas e orientações feitas e, sobretudo, ao desempenho politico de alguns governantes.

Mesmo que se procure um meio termo, mesmo que se trata de uma mera dúvida ou equívoco, seria conveniente e de bom tom, no mínimo, colocar-se uma presunção de dúvida e ouvir as pessoas: os militantes.

Fingir que nada está a acontecer, que tudo não passa de alucinações levianas e contrapor-se com um braço-de-ferro, pode ser uma atitude com os seus custos.

Resultado da politica seguida, é a visível e crescente desmotivação dos militantes e certos dirigentes, que vem tomando a forma de descontentamento.

Perante essa infeliz realidade, se a direcção do partido e do Governo não quiser saber das inquietações, fazendo finca-pé e não escutar as suas bases, é de se concluir que a tradição deste partido foi alterada e, neste caso, não se pode contar que o caminho percorrido e o estilo de fazer politica serão alterados.

O que é certo, visivelmente certo, é que o peso de todos os factores acima apontados, podem conduzir o Governo a agir sob um permanente stress, ficando a remediar, a fazer zigue-zague nas medidas e a encontrar soluções a reboque dos acontecimentos, perdendo o foco das medidas politicas essenciais e estratégicas.

Em consequência do quadro politico descrito, os seus efeitos, e sobre o qual pode haver polémica ou até discórdia, entretanto, não se pode negar que os resultados da sondagem do Governo, embora ainda apresentam algum conforto, apresentam simultaneamente alguns sinais de alerta.

Maika Lobo

Comentários  

0 # Elísio Semedo 22-07-2018 12:04
Bastante pertinente a crítica. É mais uma alerta. Aproveito, contudo, para uma única observação: o papel da oposição é o que os da oposição estão fazendo e o que o MpD fez no seu tempo. Esse tipo de argumento deve ser deixado de lado. O trabalho da oposição infelizmente ainda é nesses moldes. Não faço juízo. O MpD ganhou com a pressão que fez sobre os acidentes marítimos e a crise do Chã das Caldeiras. Fez muito bem e não ousou dizer que o PAICV não fez obras. Muito bem pensado. Portanto, uma proposta para os racionais: não usar esses discursos e nem pedir para que os não se faça. Peguemos em coisas de mais e de melhor importância. Há coisas boas que está fazendo este Governo e que até lhe pode renovar o mandato e de forma justa. Mas há falhas graves e sem justificações que podem causar fatalidades. Para quê? o que está a passar dentro do Governo? Nunca se viu em tão pouco tempo uma avalanche de desacertos. Isso me preocupa muito. Nunca desejo derrotas em função da desgraça. Quero sempre que aquele que governa possa ter sempre no mínimo os seus dois mandatos e para fazer coisas. A haver mudança, teria a ver com a incapacidade de trazer acréscimos na sua nova proposta. Não quero e nem desejo desgraça. Quero desenvolvimento. O que me põe profundamente triste é saber que o MdP tem Cabo Verde todo nas suas mãos mas não consegue potenciar esse contrato de amor para perdurar. Como é possível? O que é verdade é que efectivamente a oposição não disse mentiras. Pode ter coloridos com tons diferenciados mas não faltou a verdade e está a fazer o seu trabalho e que não peçamos para calar a boca. Nesse aspecto, o Lobo saiu do racional ao dizer que a UCID está colado ao PAICV. Não é verdade. Há coisas evidentes. Assim como pode aparecer uma pessoa que não está contente com a exposição do LObo e dizer que está contra o MpD ou que está colado à oposição. Procuremos ser neutros e é isso que Cabo Verde precisa porque se ficarmos todos a mercê dos partidos jamais chegará o dia de amanhã. Eu quero que oMdP governe bem. Eu quero que a oposição, na qualidade de nosso advoagdo, faça o seu trabalho e que o faça também da melhor forma. E nós? Que façamos o nosso trabalho aqui, criticando e elogiando.
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+2 # Bia 21-07-2018 16:32
Justificar as falhas do MPD, como um problema de comunicação é gozo, o MPD esta agir em contra mão do que aquilo que prometeu, partidarizou o estado nunca vista em Cabo verde, a tacv esta pior que antes os transportes domésticos esta uma berlinda, a educação esta mal, a saúde está doente, a insegurança é gritante, a corrupção é preocupante tendo descida mais de 10 posições nos últimos 2 anos, a dívida pública está aumentar sem ser criada activos fixo no país endividar o país para consumo interno e despesas de funcionamento a comunicação social do estado manipulado, assessores brasileiros que não conhecem nada de cabo verde a dar conselhos ao governo, este país está doente e grave.
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0 # H2SO4 21-07-2018 14:33
Oi Maika.... tudo bem. ?
És ponta de lança no sal ou lá para as bandas de sv sv ? Daqui da estranja uma surradeira para ti e proximos.
Cumprimmmmentos meus.
Ao teu dispor
Acido sulfúrico
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+2 # Militante Zangado 21-07-2018 11:45
Muito bem Maika. Isto é prestar bom serviço ao Partido e à Nação. Pena é que muitos entendem que estás a fazer fretes ao PAICV. Para além do que disseste, há mais e mais que se pode acrescentar ainda. Por exemplo:
O ensino superior (motor de desenvolvimento no mundo atual) anda num sono profundo. Não há notícias do seu desenvolvimento, um setor que "nasceu" há apenas 15 anos e com muito por fazer ainda. As instituições do ensino superior andam completamente abandonadas e os jovens sem qualquer esperança de poder estudar;

A Educação no gera, anda numa completa desorganização e bangunçaria, com a estória de agrupamentos.

Os jovens, particularmente do interior, sentem-se completamente abandonados à sua sorte e, como alternativa, se envolvem cada vez mais com as drogas e álcool. Veja que os dados indicam que para cada 100 rapazes no ensino superior, temos 140 meninas. Mas isto é o reflexo do que se passa também nos últimos anos do ensino secundário. Onde estão os jovens rapazes? Os dados do INE demonstram que o nº da população cabo-verdiana é agora quase igual, em termos de género.

A formação profissional, já quase nem se fala. Das poucas atenções que os jovens vêm tendo é para ações que promovem a bebedela, o consumo de droga e a prostituição.

Em face desse quadro todo, não é de se estranhar a debandada de valores que assistimos na sociedade cabo-verdiana e com prejuízo para todos nós. Em abono da verdade, penso que a nossa situação socio-económica é potenciadora de uma situação que poderia ser ainda pior. Pena é que, por incapacidade das autoridades em compreender o fenómeno de certos comportamentos criminosos provocados pelos jovens, esses acabam por ser duplamente vítimas. Vítimas de uma educação e atenção social que não tiveram e vítimas da ação judicial que, injustamente lhes caem por cima ao agirem como agem (prova disso, é que de acordo com o estudo, a média de habilitação das 1156 pessoas presas na cadeia central da Praia é 6ª classe). Preocupante é que em momento algum falou-se que se trata de uma questão de DEBANDADA da nossa EDUCAÇÃO. Tenho dito.
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