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Por: Rui Semedo

Rui Semedo 400 169
Nos últimos dias temos ouvido muito sobre a inclusão, pela FAO, de Cabo Verde na lista dos países de emergência alimentar.
Seria uma questão normal se o próprio Governo, através do Primeiro Ministro, não tivesse feito declarações precipitadas e irrefletidas, próprias de alguém que esteja desconfiado de tudo que possa cheirar a alguma dificuldade para o país e, consequentemente, sentir-se responsável pelo nível degradação a que chegamos.
Fica-se com a impressão, podemos estar errados, que o Primeiro Ministro, por força do reconhecimento de uma situação de governação pouco favorável, esteja a ver fantasmas em todas as declarações, críticas e avaliações.
As perguntas que deviam ser feitas à partida eram:
1. Em que situação a FAO toma esta decisão?
2. Qual a real situação de milhares de pessoas no campo e na periferia da cidade?
3. Qual era o objetivo da FAO?
Respondendo a estas perguntas a reação poderia ser bem diferente e muito mais natural, sem qualquer pedra na mão e sem qualquer complexo.
Respondendo à primeira questão eu diria que a FAO, através de uma equipa especializada e, como sempre, pluridisciplinar, avaliou a situação no terreno e constatou as consequências, talvez devastadoras, do mau ano agrícola, da seca e da falta de alternativas e falta de pão para milhares de bocas que estão a clamar pelo socorro de todos. De recordar que muitos, e o próprio Primeiro Ministro, estão a dizer que estamos perante uma das piores secas dos últimos 36 anos.
Com relação à segunda questão, quem visita o campo vê na cara das pessoas o desânimo, a impotência e um certo desespero, vendo os filhos a não se alimentarem bem, os rendimentos a escassearem, os animais a definharem e a morrerem à mingua, a água a sumir e a não dar vasão às milagrosas regas e a faltar mesmo para matar abundantemente a sede e a esperança a enfraquecer. A situação não é nem boa e nem animadora.
Respondendo à terceira questão eu diria que o objetivo da FAO era lançar um SOS para a comunidade internacional e mobilizar uma solidariedade dos homens de boa vontade para evitar uma situação ainda pior de consequências imprevisíveis.
Não devemos esquecer que um país de rendimento médio, ainda que baixo, não está sujeito à ajuda alimentar e outras semelhantes a não ser em casos extremos impostos por questões de emergência, fruto de fenómenos naturais, ambientais e climáticos, passe a relativa redundância. 
A declaração da FAO perece ter o objetivo de abrir janelas de oportunidades para socorrer e ajudar as vítimas da seca e as declarações do Primeiro Ministro, inconscientemente, estiveram no sentido contrário, mandando fechar estas janelas por serem desnecessárias.
Ouvi as declarações/reação do chefe do executivo a dizer, mais coisas, menos coisas, que em Cabo Verde o problema não era de necessidade alimentar mas sim de falta de água e de falta de pasto.
Senhor Primeiro Ministro, quando temos falta de pastos temos animais mal alimentados, mal nutridos e alguns até não conseguem aguentar a situação e a morrem e os seus donos ficam desorientados e desesperados porque quando se vive ou se sobrevive nestas circunstâncias os rendimentos provenientes da economia que gira em torno da pecuária ficam parcial ou totalmente comprometidos.
Quando há escassez de água não se pode fazer a agricultura e as famílias no campo veem-se a braços para levar a panela ao lume com a regularidade minimamente necessária para a vida de um ser humano. 
Se não há pasto e não há água as pessoas ficam na iminência de passar dificuldades enormes, e olha que estou a fugir à palavra FOME pela carga que tem no nosso imaginário enquanto povo que tem no seu DNA sinais marcantes das sequelas provocadas pelas carestias. 
Senhor Primeiro Ministro o Senhor não é responsável pela seca mas jamais conseguirá ter a sua consciência tranquila se não fizer, agora, o que deve ser feito. Reconsidere a sua declaração, fale com a FAO e outros organismos e todas as organizações internacionais e socorra a população do campo e evite uma situação de calamidade social (a última expressão foi tomada, por empréstimo ao Engenheiro Jorge santos que é presidente da Assembleia Nacional).
No rol dos pedidos inclua também meios para desassorear a barragem de Poilão, a primeira, a mais simbólica e a que demonstrou ser possível impedir que a água da chuva percorra os nossos vales, destruindo tudo que encontrar pela frente até se misturar com o nosso imenso mar e desaparecer no salgado do oceano que nos banha.
Está é uma oportunidade única de fazer isso e não colhe a justificação do Ministro do sector que a não ação é justificada pela necessidade de uns cento e tal mil contos, montante mais ou menos igual ao mobilizado só para adquirir o terreno onde aquela infraestrutura foi edificada.
SEJAMOS DIGNOS MAS TAMBÉM SENSATOS.

Comentários  

0 # José Mario Ramos 14-06-2018 17:12
Estão a transformar o SM numa espécie de TRIBUNA, jornal de intoxicação psicológica e ideológica que o Paicv criou e financiou com recursos do Tesouro na década de 1980. Assim fica difícil ter de ler e conviver tanta burrice vindo de tão ilustres dementes. Uma opção arriscada, essa do SM.
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0 # João Pedro Martins 14-06-2018 14:07
Rui Semedo deve merecer um desconto, porquanto pensa mal, escreve Rui e age pior. Em 2007 e em 2008 durante o governo do PAICV, cabo verde esteve presente na lista de Países em risco de fome. Naquela não vou nem se ouviu o Ruizinho
Amarildo deu uma aula de Engenheiro Rural num sujeito que se julga sabichão, porém, revela debilidade mentai insanável.
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0 # Amarildo 14-06-2018 10:41
A minha leitura é bem diferente da sua, Senhor De[censurado]do e Ex-Ministro do Governo PAICV. Cabo Verde sempre foi e continuará a ser, por muito tempo, deficiente do ponto de vista da produção alimentar (Leia os relatórios FAO/CILSS/CABO VERDE, sobre a situação alimentar). Com este ano de seca ficou claro e muito claro que a política agrícola seguida pelo Governo do Senhor José Maria Neves, do qual o Senhor fazia parte, foi um autêntico desastre… vou explicar porquê. Não se pode fazer agricultura sem água. Certo…! A política de mobilização da água… O PAICV, ao contrário do que se vinha fazendo desde 1975 (para não falar de época colonial) até o ano 2001, um investimento intensivo nos “trabalhos de conservação de solos e água”, optou por “grande intensidade” de construção de barragens, sem qualquer estudo consistente em termos de impacto socioeconómico, entre outros… As barragens tiveram um impacto psicológico grande nos cabo-verdianos e deram votos, mas não é mais eficiente do que o que se vinha fazendo (diques, banquetas, muretes, linha vegetalizadas, etc.). O que se vinha fazendo era um trabalho a longo prazo, mas com melhores resultados e muito mais duradouros… as barragens não funcionaram e vão-se assorear completamente dentro de 5 anos… O volume de material sólido que este ano, se chover, vai parar às barragens é enorme… e piora o assoreamento, mais ainda. O Governo do JMN abandonou completamente o programa de florestação… o solo está nu… pior, cortaram árvores (negligenciaram a plantação de novas/substituição) para remodelar algumas infraestruturas (vide o arroteamento de Achada S. Filipe e Pedregal em Santiago), impermeabilizaram grandes superfícies, com asfaltagem de ruas e estradas e, consequentemente, aumentaram o caudal das cheias, a velocidade das águas das cheias e o consequente aumento do arrastamento de mais materiais sólidos… Portanto, fracasso total na mobilização de águas! Mais, equiparam piezómetros para poderem inaugurar novos sistemas de abastecimento que funcionaram uma única vez: o dia da inauguração… O populismo de JMN pariu votos! Muita propaganda enganosa! O Governo do JMN abandonou o programa de chuva artificial que tinha sido negociado com os chineses no mês de Julho do ano 2000 (no pacote “domínio das águas” – que os Senhores sempre negaram) A política de conservação de solos e águas (1975 – 2001) tinha reflexo na Segurança Alimentar porque garantia mensalmente um rendimento mínimo às famílias vulneráveis e pobres que, por esta via, tinham acesso aos bens básicos necessários, etc. Do ponto de vista do desenvolvimento agrícola… o Governo de JMN deu continuidade ao programa de rega gota-a-gota… excelente! Mas destruiu a capacidade de produção de sementes de hortícolas (já adaptadas às condições de Cabo Verde), perdeu todo o investimento feito na área do cultivo da banana, financiado pela União Europeia; Não houve preocupação de inovar no período de 2001 a 2016… limitaram-se a discursar e a dar continuidade ao que se vinha fazendo, sem qualquer juízo crítico… A gestão do Ministério de Agricultura foi catastrófica… se desintitucionalizou o Ministério… trabalha-se “com pessoas e não com as estrututuras orgânicas” Isto fez com que se pôs à frente da construção de barragens alguém que era nada (não era técnico da área, não era politico, não era administrador e era deficiente emocional) e com relação ao Programa de Ordenamento das Bacias Hidrográficas deram as obras como empreitada a Empresas estrangeiras e colocaram à frente do Programa um Engenheiro com boa formação, mas que era um menino de mandado e que punho o dinheiro à frente de tudo… Relativamente à Pecuária, desenvolveu-se um programa de introdução de raças melhoradas, mas onde estava a base alimentar!? Isso não se faz. Deve-se garantir a base alimentar para que os animais introduzidos pudessem produzir, que é o mesmo que dizer, expressar as suas potencialidades (mesmo que se importasse a alimentação - depende da relação custo/beneficio). Os erros cometidos na Agricultura paga-se a longo prazo… A população está a pagar, neste momento, a política populista que desenvolveram durante 15 anos. A Factura é pesada… E então? Deixaram o Pais de tal forma endividado que não há volta a dar… O País não tem dinheiro para adquirir bens alimentares, abrir frente de trabalho, garantir a segurança alimentar. A FAO andou (os dados apontam) bem em colocar “Cabo Verde na lista dos países de emergência alimentar”. A responsabilidade é vossa, do PAICV. Assumam!
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0 # Djosa Neves 14-06-2018 17:55
Dedo na FERIDA; É preciso coragem para desmascarar as patranhas e com isso aprender de vez para que erros do género NUNCA mais se repitam. Mas o preço, iremos todos pagar. JMN foi o pior PM que o país já teve e os resultados COMPROVAM. Teve nas mãos a maior oportunidade de nossa história como país independente devido aos recursos disponibilizados em tempos de fartura, mas ao invés de cuidar da Nação como um bom estadista o faria, ficou-se pelos interesse medíocres de um grupo de atrasados, egoístas que mais pensaram nos próprios e nos camaradas. Esta é a verdade que o(s) desgraçado(s) tenta(m) a todo momento branquear. Por lhe ter disto dado conhecimento, bloqueou-me na sua pagina do facebook!!
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0 # cidadao 14-06-2018 10:00
Barbinha não tem moral para falar em nome dos caboverdianos. Usufrui 2 salários, um como de[censurado]do e outro como reformado, quando era Ministro utlilizou avião da guarda costeira para ir casamento na ilha do Maio, a mulher segundo um jornal da praça desviou 3 mil contos da conta de uma associação, etc... O senhor anda apensar no seu bolso e no bem estar da sua família roubando o nosso dinheiro. Pouca vergonha!
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0 # Djosa Neves 13-06-2018 23:24
Ai, as adoráveis ajudas; ai, ai, a lista de pedidos que deve ser aumentada para disfarçar as deficiências estruturarais e ir empurrando os verdadeiros problemas com a barriga; ai, ai, as lamurias dos flagelados. Já basta desta choramingueira!! A pergunta que faço é: Porquê, mas porquê, que passados 500 anos, continuamos sempre flagelados pelas secas?
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+1 # calisse 14-06-2018 12:20
Passam, o tempo a discutir como se fossem crianças: quem é culpado ??? em vez de assumirem que estamos num periodo dificil e a maioria està a passar fome. Fome de comida!!!!. BASTA senhores A.. Fdp...indignos etc.
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+1 # calisse 14-06-2018 12:16
Que situaçao!!!! Fome é FOME!!!! Quem tem comida e das boas todos os dias e quando quer, como o Sr. Primeiro Ministro e companhia nao sabe o que é passar fome. Perguntem à populaçao de Salineiro, Lora, Porto Mosquito ,etc etc o menu diàrio. Deem uma volta ao interior das nossas ilhas , todas elas, e parem de mentir e fazer politiquices. O povo està farto da vossa insensibilidade!!!! Desta teimosia em manter a màscara de pais de desenvolvimento médio onde a maior parte das pessoas nao tem comida sobre a mesa no dia a dia. Politicos indignos e mentirosos. Mais: EGOISTAS!!!
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