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Por: José Carlos Moniz Varela

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O 1º de Maio foi instituído feriado pela primeira vez, em 1919 no século XX em França, em homenagem aos trabalhadores mártires de Chicago, sendo que a sua origem remonta a 1886 do século XIX e relembra a hostilidade e violenta repressão às greves e manifestações dos trabalhadores, revindicando aumento salarial, e a diminuição das estafantes jornadas de 16 a 18 horas diárias de trabalho, em condições desumanas principalmente para as mulheres e crianças.  

Anos antes à grande manifestação nos Estados Unidos, assistimos o apelo de Karl Marx com a sua célebre frase: “proletariado de todo mundo uni-vos”, entretanto este pensamento é a sistematização do culminar de uma consciência social, influenciado pelas grandes lutas sindicais violentamente reprimidas desde o século XVIII.

Volvidos vários séculos, não obstante muitos direitos conquistados, de destacar a jornada de 8 horas diárias de trabalho, ainda hoje no século XXI, nós os trabalhadores cabo-verdianos deparamo-nos com o sentimento de que a luta ainda continua, e que ainda os problemas subsistem até aos nossos dias.

Cingindo a alguns problemas da Administração Pública Central exemplificamos:

  1. i) Após 5 anos da entrada em vigor do novo PCCS, nenhuma promoção ou progressão foram feitas, atendendo que deixa a prorrogativa de abertura de concursos para o efeito, dependente exclusivamente do governo;
  2. ii) Modelos de avaliação pouco claros, embaraçosos que dificultam a sua apropriação por parte dos dirigentes e consequentemente a sua implementação, tendo como consequência em quase todos os ministérios avaliações ainda por fazer;

iii) Trabalhadores do regime de emprego, remetidos a insignificância, desânimo e frustração, sem perspetivas de carreira e futuro na Administração Pública, adveniente de um PCCS nada aliciante, estimulante, com consequência na produtividade, e na saúde e bem-estar dos trabalhadores;  

  1. iv) No ingresso na carreira para cada nível é exigido ao trabalhador determinados conhecimentos e habilidades, entretanto não há correspondência entre os níveis de cada trabalhador e as atribuições exigidas aos mesmos;  
  2. v) Preferência para a contratação em detrimento de nomeações, como forma de precarização da condição do trabalhador, e obrigatoriedade de assinaturas de adendas ao contrato anualmente a trabalhadores com mais de 20 anos de trabalho;
  3. vi) Desde o arranque da instituição do horário único na Administração Pública, em 2009, ficou-se por introduzir o subsídio de alimentação, que até esta nada se fez;

vii) Consequentemente, a adequação de espaços copa para as refeições dos trabalhadores, atendendo que ainda uma boa parte dos trabalhadores fazem as suas refeições em condições pouco dignas e chega-se ao cúmulo da sua proibição;

viii) Trabalhadores com receio de assumir a sua sindicância com medo de represálias da entidade empregadora;

  1. ix) Trabalhadores sobre repressão e clima de medo por parte de entidades empregadoras;
  2. x) Trabalhadores postos na prateleira por terem exercido cargo em governos diferentes.

O surgimento do SACAR enquanto associação sindical da Administração Pública Central, que pauta pela promoção dos direitos e da dignidade dos trabalhadores seus associados, vem na sequência da necessidade de denunciar e demarcar veementemente destas situações, por isso apela a todos os trabalhadores cabo-verdianos a unirmo-nos nesta luta férrea e desenfreada para que nossas preocupações/reivindicações, tenham soluções conjuntas concertadas e consentâneas, concorrendo para a promoção do trabalho decente/digno.

O Presidente do SACAR

José Carlos Moniz Varela

Comentários  

0 # José Moreira 03-05-2018 13:06
Um dos riscos da vida pública é que de repente torna-se apetecível para atirar pedras. O Zé Carlos que eu conheço tem uma grande sensibilidade social e são inumeras as situações em que não se coibe de ajudar os outros. Alma humana e caridosa. Acho estranho que o João Terêncio Pereira não tenha prestado atenção no conteúdo do artigo!
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0 # João Terêncio Pereir 02-05-2018 17:32
Se há coisa que fez ao País é o Paicv ter ido à Oposição. Muitos ex-dirigentes da Administração transformaram-se de um dia para outro em "comentaristas", "analistas", "fofoquistas" e afins. Zé Carlos, certamente não integra este último grupo, mas é surpreendente o número de cientistas tambarinas, que, recentemente, descobriram o seu dote pela "escrita". Impressiona ver um escrito sobre 1º de Maio. Será que o Carlos voltou a fazer da "classe operária" ele que até é acusado pelos seus colegas de partido de ter virado um pequeno "burguês"?
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