Os dois aparelhos que a companhia islandesa gestora da TACV anunciou para Novembro já estão pintados com as cores de Cabo Verde. Os 50 pilotos da TACV vão continuar a receber em casa pelo menos até Maio do próximo ano.
A Icelandair, empresa islandesa que lidera negócio internacional da TACV, já concluiu os trabalhos de pintura dos dois primeiros boeings 757 (ver fotos) que prometeu colocar à disposição da transportadora aérea nacional no âmbito de contrato de gestão assinado com o Governo. As duas aeronaves, de 215 passageiros, são esperadas este domingo, 5, permitindo à TACV retomar voos internacionais regulares a partir de terça-feira, 7 – em Dezembro chegará o terceiro aparelho da Icelandair.
Nesta fase, sabe Santiago Magazine, a TACV Internacional vai operar apenas com o pessoal de cabine (assistentes de bordo) de Cabo Verde. Todo o resto será assumido pelo pessoal da Icelandair, isto é, pilotos, técnicos de manutenção e de operações. No caso dos pilotos, num total de 50 pertencentes ao quadro da TACV vão ficar em casa pelo menos até Maio do próximo ano, altura em que os aparelhos deverão obter o respectivo registo e licença junto da Agência de Aviação Civil, segundo este diário digital apurou.
Indefinida fica a situação do pessoal de manutenção da TACV, sector que espera também pela sua privatização.
Para já, a TACV retoma, a partir do dia 7 deste mês, a sua operação entre a cidade da Praia e Lisboa, em voos diários. A própria transportadora aérea cabo-verdiana anunciou a novidade no seu stand na Expo Abreu, que decorreu no passado fim-de-semana na FIL (Parque das Nações), em Lisboa, Portugal.
A TACV revelou ainda a sua operação desde Lisboa, para Fortaleza e Recife, quatro vezes por semana, com conexão imediata do aeroporto da Praia, a partir de 3 de Dezembro. Uma vez que o hub da companhia passará a ser no Sal, as conexões destes voos para o Brasil deverão ser igualmente transferidos para aquela ilha.
Segundo o site turisver.com, “com esta retoma das ligações ao Brasil, operadores turísticos portugueses, nomeadamente a Solférias, já ponderam programar pacotes turísticos para Fortaleza e Recife, via Cabo Verde, uma forma também de colmatar a falta de lugares disponibilizados pela TAP”.
Note-se que a empresa cabo-verdiana, cujo negócio internacional passou a ser gerido pelo grupo Icelandair, estava a enfrentar grandes dificuldades para assegurar as ligações internacionais por falta de avião – o único Boeing da companhia, o 757, teve que parar por causa de avaria num motor e a empresa teve dificuldades em alugar um outro aparelho devido à época alta, conforme explicara o Governo.
Estávamos no início de Setembro, época alta, e isso levou a que vários passageiros ficassem em terra, sendo ao poucos reencaminhados através de outras companhias aéreas. A TACV estimou um prejuízo de mais de 200 mil contos com a avaria do motor do Boeing 757, devido ao cancelamento de voos e ao reencaminhamento de mais de 4 mil passageiros.
José Luís Sá Nogueira afirmou na altura que a Icelandair, empresa que assinou um contrato de gestão da TACV, não conseguiu ajudar por falta de disponibilidade de aviões.
Esse acordo, prevê que a Icelandair venha a reforçar a frota internacional da TACV com mais dois aviões, aumentando para cinco até final de 2018 e onze dentro de três anos. Os dois primeiros aparelhos devem chegar este fim de semana.
Devemos passar a ter vergonha na cara. A Islândia é um país com quase metade da população cabo-verdiana, ou seja 320 mil e tal habitante. Como é que um país deste esteja a nos "socorrer"?
Era bom que fizessemos do caso TACV um study case. Estou quase certo que o que se passou com a TACV é apenas a ponta do ice-berg do que nós somos em matéria de gestão. Se não vejamos: Singapura tomou independência em 1956 e tinha um PIB per capita de cerca de 200 dólares. Cabo Verde tomou a independência em 1975, com o PIB per capita de 100 e tal dólares. Hoje, Singapura tem um PIB per capita de 56.000 dólares e nós o nosso PIB per capita é de 3400 e tal dólares. Ambos os país, não tem recursos naturais tradicionais e a Singapura tem o agravante de ser um país com tamanho da ilha de Boa Vista e uma população heterogénea, culturalmente. De uma simples "aldeia piscatória para um dos gigantes económicos do mundo.
Sou brasileiro, mas parece que aqui se dá o mesmo fenómeno que lá: não se acredita realmente no potencial humano, tendo sempre uma mentalidade subserviente de que os "de fora" sempre podem mais e fazem melhor... que triste!