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É a estrada asfaltada que liga Achada Lage e Saltos, no concelho de Santa Cruz. O acto acontece hoje, pelas 15 horas. Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde é quem preside a cerimónia, onde também estarão presentes o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Carlos Alberto Silva, a ministra das Infraestruturas, Eunice Silva, entre outras personalidades governativas e políticas, centrais e locais.

Estamos a falar de uma via que devia ligar directamente os concelhos de Santa Cruz e Santa Catarina, denominada “Estrada Achada Lage /Arribada”. A sua construção era para ser feita em duas fases, sendo a primeira no percurso Achada Lage/Saltos e a segunda Saltos/Arribada. A primeira pedra foi lançada pelo antigo primeiro-ministro, José Maria Neves, em 2010.

O orçamento para a primeira fase era de 421 mil contos, e estava enquadrado dentro de um financiamento maior, no valor de 100 milhões de contos, fruto de um empréstimo contraído em Portugal pelo anterior Governo de Cabo Verde.

O projecto, que deveria ligar os dois concelhos mais importantes de Santiago Norte – Santa Cruz e Santa Catarina - visava desencravar zonas agrícolas e pecuárias com grande importância na economia da região, como Saltos (Acima e Abaixo), Ribeirão Isabel, Pingo Chuva, Mato Real, Simão Nunes.

Porém, este objectivo acaba interrompido, uma vez que não há prazo para a segunda fase, segundo as palavras da ministra Eunice Silva, aquando da aprovação do orçamento do Estado para o ano em curso, respondendo a uma interpelação que lhe fora formulada pelo deputado do PAICV, José Jorge Monteiro Silva, sobre a continuidade desta obra.

Ademais, o actual Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, tem afirmado amiúde que não irá apostar em betão, pressupondo que as obras não irão continuar.

Até porque, se as obras da segunda fase iriam continuar nos próximos tempos, como de resto, a população esperava, não faz sentido esta inauguração.

O projecto completo contempla uma estada asfaltada com seis metros de largura e uma extensão de 12 quilómetros. Neste momento, Ulisses Correia e Silva está a inaugurar apenas metade, ou seja 6 quilómetros – que vai de Achada Lage até a localidade de Ululu (Saltos Acima), pouco mais de 100 metros sobre a linha que separa Santa Cruz de Santa Catarina.

Na ausência da segunda fase, o dinheiro ali investido – no montante de 421 mil contos, sem contar as derrapagens e os trabalhos a mais – ficará seriamente desvalorizado. Porquê? Porque não desencrava as zonas, não liga os dois concelhos mais importantes da região Santiago Norte e não promove a qualidade de vida das pessoas, que são os fundamentos dos investimentos públicos desta envergadura.  

Comentários  

0 # Elsa Furtado 19-07-2017 16:31
Nem tanto ao mar nem tanto à terra! Precisamos de estradas, de barragens e de outras infra-estruturas também. Nenhum Governo díz o contrário. Todavia, pode haver erros na conceção e elaboração de umas e outras, alguma falha na priorização, problemas de financiamento, localização entre outros. Entretanto, as infraestruturas são necessárias e penso que este Governo será inteligente o suficiente para fazer o bom uso das já existentes e repensar outras tendo sempre por base as necessidades das popilações que delas beneficiarão
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0 # SÓCRATES DE SANTIAGO 18-07-2017 19:31
Não concordo com o comentário feito pelo Senhor Silvério Marques e subscrevo integralmente o do Senhor Manuel Tavares. Sim, desencravar o interior das ilhas, sobretudo o interior de Santiago, com estradas que se prezem, deve constituir uma das prioridades na agenda do Governo da República, independentemente da sua cor política e da sua ideologia. Transformar o interior de Santiago num grande cluster de agronegócio implica, consequentemente, a construção de barragens para a captação de águas para a rega de grandes parcelas agrícolas, a construção de fábricas para a transformação de produtos virados para o consumo interno e para a exportação, a construção de estradas de penetração, o que permite o escoamento de produtos e a troca comercial entre várias localidades do interior e o abastecimento da Capital do País e das outras ilhas ilhas, sobretudo das ilhas turísticas. Isto é que vai permitir o desenvolvimento económico e social da Região de Santiago-Norte, região esta que exibe a maior bolsa de pobreza de Cabo Verde. Como vê, Senhor Silvério Marques, isto nada tem a ver com partido da direita ou da esquerda, com o MPD ou o PAICV. Isto é, pois, um desígnio nacional, que deve constar da agenda de qualquer governo e qualquer partido político. Isto não é invenção cabo-verdiana. Isto é dos livros e pode-se encontrar em qualquer compêndio de ECONOMIA DE DESENVOLVIMENTO.
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0 # Manuel J. L. Tavares 18-07-2017 12:53
Camarada Silverio, podes armar-te em advogado do d.... mas, pergunta ao povo das Ilhas, que vivem distantes do Mindelo ou da Praia, que produzem o seu sustento nos vales e encosta, que sacam o seu dia a dia, da faina no mar, os que aproximam os portos e aeroportos nos vasos ou asas, de onde podes partir toda a dinamica necessaria a felicidade dos crioulos. Claro que este Governo é contra alfalto, contra betão porque estrada, portos, aeroporto, barragens ja temos alguns. Se nada disto houvesse, onde estariamos? Agora, independentemente dos Governos, quem realmente gere o País é a massa iluminada a que tu pertences e basta ver quem são os que realmente abocanham a pouca riqueza que este Pais consegue produzir. Todas as instituiçoes do Estado sao dominadas por gente do PAICV e do MPD e se o betao, o asfalto, as barragens e mais, para nada servem, estamos servidos de gestores de mer.. Hoje temos mais escolaridade, mais licenciados, mais mestrados, mais doutorados e para que? É aqui que o País nao anda. É aqui que o Pís se afunda, ...
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-1 # Silvério Marques 17-07-2017 16:15
Um dos maiores erros do anterior governo foi fazer infraestructuras ( estradas asfaltadas, incluindo a circular da Praia e barragens ) sem avaliar i impacto na economia e a produção de riqueza para amortizar a dívida. Produto final, estradas as faltadas a preços elevadíssimos ( S. Domingos - Assomada ) e barragens que não aumentara a área irrigada. Pergunto ao Santiago Magazine - qual foi o aumento da área irrigada com a construção das barragens ( não falo do Salineiro ) e que produtos a mais foram drenados nas estradas asfaltadas ? por exemplo - Assomada - Rincão ? quanto custa a manutenção destas estradas ? quanto custaram os erros cometidos na asfaltagem da estrada S. Domingos - Assomada, no sítio de Babosa - Picos e um pouco por todo o percurso. Estou de acordo que o Primeiro Ministro não devia inaugurar a estrada e demarcar-se da política eleitoralista do betão e das barragens. Mas também betão significa luvas e muitas outras coisas mais
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