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1. Com a queda do “mito do governo enxuto”, há, ainda, dois aspetos que importam reter. Primeiro, é preciso deixar claro que não vale a pena tentar desviar a culpa do falhanço do governo para a questão do “número de ministros”, mas, manter bem presente “quem” tomou essa decisão de fixar esse número reduzido. Que se lembre sempre que a decisão quanto à quantidade de ministros foi do chefe do governo, o mesmo que fez toda a sua campanha eleitoral também com base nessa falácia superficial e populista. Segundo, que a sociedade cabo-verdiana aprenda isto para quando chegarem as próximas eleições: o enfoque primordial da governação não deve ser colocado no número de ministros, tout court, mas sim, na produção de resultados a favor do país no seu todo!

2. É bom deixar este alerta para que, lá mais para o fim do mandato, o Primeiro-ministro não volte a apostar nesse caminho simplista de vir fazer uma nova remodelação, numa busca de mais um escape para que possa atribuir, novamente, as culpas ao número de ministros e não no desempenho dos mesmos. Assim, é fácil remodelar governos: ninguém fica chateado por ser avaliado e demitido, somam-se mais beneficiados diretos e lavam-se as mãos em relação às questões críticas da economia, com o Vice-Primeiro-ministro a dar a cara e a assumir o papel de “carregador de todo o odioso” que virá dos despedimentos na TACV, protecionismo no sumo e no leite e derivados, etc. É a reedição da mesma tática que tinha sido utilizada na Câmara Municipal da Praia: para as questões desagradáveis, lá estavam os diretores e, no máximo, os vereadores. O então Presidente da CMP manteve-se sempre mais atrás, longe das questões quentes, resguardando-se – consolidando a imagem de um homem exclusivamente de soluções que fala só de respostas – aparecendo somente nos momentos de alguma vanglória populista e alegres atividades pontuais;

3. Por outro lado, acho curioso que, nesta remodelação governamental, em todas as contas feitas, tenha passado totalmente despercebido, o facto de serem sete secretários de estado e não seis. É que, em termos simbólicos o que se fez com o Ministro da Economia é algo que – quando existe um pingo de dignidade política – fecha-se a porta e vai-se embora! Há um tombo da categoria de Super Ministro da Economia com, talvez a mais extensa lista de pastas de que há memória, para a de gestor de apenas uma parte da economia – a marítima – e, ainda por cima, dependente de um ministro que faz toda a coordenação económica – o Vice-Primeiro-ministro. Será que, doravante, o Ministro da Economia vai passar a despachar com o Ministro das Finanças?

4. Por fim, é de se notar várias vozes que qualificam a colocação do Ministério da Economia Marítima em São Vicente apenas como um rebuçado para adoçar a cidade de Mindelo. O mais preocupante é que é uma medida isolada, bem ao estilo txapa-txapa, sem nenhum plano de fundo que seja abrangente e estruturante para o conjunto do país. Talvez, é chegado o momento de se refletir se não se tenha conseguido demasiado pouco para quem fez o bloqueio à comitiva do Primeiro-ministro, a quando de uma das suas deslocações à ilha de Monte Cara; organizou a maior manifestação popular de sempre de São Vicente e previu a maior manifestação do ano de 2018 para o dia 13 de janeiro que vem. Tanto bloqueio, manifestação e ameaça de manifestação e… só isto? É que esse ministro, afinal, nem vai estar a tempo inteiro em São Vicente. Nem isso! O homem tem duas pastas. É também ministro do emprego que fica na Praia!

5. O problema dos argumentos populistas e superficiais é que têm prazo de validade demasiado curto e não resistem ao teste do tempo: caem por terra com enorme facilidade! Em menos de dois anos, desapareceram os sorrisos trocistas que acompanharam essa ideia de “governo enxuto” e a regionalização prometida para São Vicente é, cada vez mais, uma miragem! Uma longínqua e distante miragem!

Comentários  

0 # Danilo monteiro 28-12-2017 17:57
Dr francisco de parabens falou exatamente aquilo que eu estava pensar em cheio. So pessoas cegas mesma, que não consegue ver o fracasso deste governo mas ainda pra frente que é o caminho.
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+1 # EM 26-12-2017 14:00
O Sr. Abel Lima poderia nos enumerar as coisas positivas que aconteceram em 2017? Quais as promessas/compromissos que foram cumpridos? Será o Sr. Abel Lima um dos muitos gatos que foram colocados linguiças ao pescoço? Eu como um mero cidadão só vi os meus rendimentos diminuírem, os preços dos serviços e bens de primeira necessidade a subirem e para o próximo ano ao que parece vão subir ainda mais...
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+1 # Aristocrata Bué 26-12-2017 09:32
Excelente artigo, como é do timbre de Francisco Carvalho. Ainda por cima cheio de piada.
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+1 # Aristocrata Bué 26-12-2017 09:30
O Abel Lima deve estar com enxaqueca... deixe de tretas criatura! Será que o Santiagomagazine está cá para lhe fazer as cócegas mpdianas, camarada?
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+1 # AM 26-12-2017 02:17
Abel ou Caim, mr Lima? Pela fúria demostrada, só pode ser o primeiro. Desta vez, por favor não mate Abel porque afinal de contas ele é teu irmão. Os escritos dele mais não são do que sacrifícios que um irmão-patriota consente em prol do bem comum. Festas felizes!
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-3 # Abel Lima 25-12-2017 17:34
Vocês do Santiago magazine são uma cambada de palermas e estúpidos. Comentários respeitantes /contra MPD publica - se imediatamente. Pode se ver sem dúvida que é um jornal encomendado pelo PAICV. Nunca terá futuro dessa forma. Pode crer. Sei que não vai ser publicado, mas vão ler e ver que estão fazendo asneiras.
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-3 # Abel Lima 25-12-2017 15:25
Esta foi uma das piores análises de 2017. Se for a última deste ano, o senhor Francisco está muito enferrujado. De começo ao fim, só falou de coisas negativas, atacando o governo coletiva e individualmente como pessoa que deseja, desesperadamente, o afundamento de Cabo Verde para se singrar. Mente negativa caminha sempre para um futuro opaco, pode ter a certeza. O povo de cabo verde está acostumado com comportamentos negativos e apenas negativos, desses senhores do eixo malígno. Fora do poder só sabem criticar para destruir. Nem tão pouco apresentam soluções credíveis.
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+1 # SÓCRATES DE SANTIAGO 25-12-2017 12:43
Como sempre, um óptimo artigo. Meu caro Zé, escreva sempre. É bom iluminar a mente dos nossos patrícios, para não mais serem enganados por "BENDIDORIS DI LORU FÉDI" como o MPD e o seu Governo. Sim, meu caro Daniel Carvalho, o Ministro José Gonçalves é um regionalista, bairrista e um UM PERIGOSO INIMIGO DECLARADO DE SANTIAGO. Muito cuidado com o Homem!
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+1 # Daniel Carvalho 25-12-2017 10:15
Gostei do artigo, mas devo dizer que para São Vicente foi uma chupeta e não "drops".
O Super ministro é um inimigo de Santiago, queria sempre instalar-se e Mindelo para melhor organizar a sua vida privada, por isso aceitou com tranquilidade essa solução.
Mas essa mexida no Governo nao trouxe nada de novo, no sentido de que há ministros que se mantiveram no posto e que não mereciam. O chefe há de se desenrascar,
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+1 # Benvindo 25-12-2017 07:05
Excelente apreciação do Dr. Francisco Carvalho que ja nos habituou com esta visão política exuberante.
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