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Por: Samilo Moreira

"O outro senão neste momento, nesta candidatura, é a sensação de estar a ser guiada por algumas antigas figuras proeminentes do Partido, que neste momento têm os seus capitais políticos em queda livre, que não lhes permitem aventurarem-se pessoalmente em disputas para cargos de Liderança que exige votos diretos dos Militantes. E dificilmente José Sanches libertar-se-á desta perceção. Claro que há e haverá Militantes e Simpatizantes a apoiar o José Sanches de uma forma sincera, honesta, com sentido de militância e consciência. É preciso respeitar a escolha destes Militantes e Simpatizantes, sem quaisquer reservas, antes, durante e depois da eleição . A liberdade de escolha não deve ter condicionantes;"

Samilo Colunista

1. Depois de Pedro Pires (85 anos), José Maria Neves (59 anos) e Janira H. Almada (41 anos), e o anúncio de José Sanches a liderança do Partido, demonstra a vitalidade democrática no PAICV. Prova também que de facto, o PAICV é único partido com a renovação geracional efetiva em Cabo Verde. E assim será nos próximos 10/5 anos. Portanto é de salutar esta candidatura, apenas neste ponto;

2. Recebi no dia 01 de Agosto de 2019, um convite para pertencer ao Grupo que apoiará José Sanches. Convite que declinei por considerar não ser o momento oportuno, na minha opinião, para qualquer alternância, por motivos mais do que óbvios. Defendi e defendo que devem esperar pelos resultados das eleições de 2020 e 2021;

3. Um dos mitos criados por certos Militantes/Políticos é que são tão populares e influenciadores, que nas suas Localidades/Zonas são Donas/os e Senhoras/es; caso decidirem dar ordens nas suas Comunidades para não votarem, assim será. Uma das formas encontradas para passar esta falsa premissa é aproximarem de Militantes, Simpatizantes ou Cidadãos com algumas influências em determinadas Localidades/Zonas, oferendo-lhes algumas coisas e promessas, para depois usarem de forma subtil a popularidade destas pessoas nas suas Localidades/Zonas como moeda de negociação, imposição ou chantagem no Partido. O mérito tem que ser o fator diferencial como vantagem competitiva e, cada vez mais é uma necessidade;

4. O PAICV perdeu as eleições em 2016 em todas as ilhas de Cabo verde, e só ganhou duas Autarquias. A culpa foi toda ela dirigida a Líder do PAICV. Então os Deputados Cabeças das Listas não tiveram quaisquer responsabilidades na derrota? Têm as suas Zonas/Localidades e não ganharam? É preciso descartar estes mitos como forma de ter uma lealdade real;

5. Acredito que o PAICV ganhará as eleições no País em 2020 e 2021, sob esta Liderança. Portanto, como Militante do PAICV apoiarei a Direção e a Líder atual, Janira H. Almada, na eleição direta que se advinha. A Lealdade Institucional é imperativa neste momento;

6. Uma das coisas que faz falta no PAICV, muitas vezes, de pessoas com responsabilidades acrescidas é a Lealdade Institucional: ter amor à instituição (sua História e o seu Estatuto) e não somente as Pessoas, Grupos ou Alas;

7. A Lealdade Institucional também ocorre, quando, ao ser eleito num cargo ou órgão do Partido, agir em função do sucesso do mesmo, respeitando o Estatuto do Partido e, as diretrizes da Direção eleita. Caso não concorde com os caminhos e as diretrizes traçadas, a melhor opção é a demissão ou a abstenção. Aceitar continuar na linha da frente e, comportar-se como entrave e bloqueio a Liderança ou a Direção eleita, em nome da sua liberdade ou da defesa de interesse alheios, é desonestidade intelectual, institucional e falta de caracter. Tem que aceitar as retalhações/consequências dos seus atos. Faz parte da dinâmica Política;

8. A um ano de eleições em Cabo Verde, é nítido que o objetivo de qualquer candidatura no PAICV, neste momento, e nas circunstâncias favoráveis da direção atual na conjuntura nacional, não tem como objetivo ganhar a Liderança do Partido, mas sim, no curto prazo, ter forças condicionantes suficientes para negociações, em questões de interesses pessoais que beneficiarão determinadas pessoas, em particular nas questões de acesso ao Parlamento;

9. O outro senão neste momento, nesta candidatura, é a sensação de estar a ser guiada por algumas antigas figuras proeminentes do Partido, que neste momento têm os seus capitais políticos em queda livre, que não lhes permitem aventurarem-se pessoalmente em disputas para cargos de Liderança que exige votos diretos dos Militantes. E dificilmente José Sanches libertar-se-á desta perceção. Claro que há e haverá Militantes e Simpatizantes a apoiar o José Sanches de uma forma sincera, honesta, com sentido de militância e consciência. É preciso respeitar a escolha destes Militantes e Simpatizantes, sem quaisquer reservas, antes, durante e depois da eleição. A liberdade de escolha não pode ter condicionantes;

10. Quando o Candidato diz que o PAICV atual  “ requer da liderança, um elevado sentido de missão e forte capacidade federadora, capaz de mobilizar e conquistar a confiança dos cabo-verdianos e liderar os destinos da Nação”, isto é, que a Direção atual e sua Líder não têm condições de estarem a Liderar o PAICV, será uma incoerência e paradoxo brutal exigir estar na equipa Parlamentar;

11. As questões que os Militantes, Simpatizantes devem fazer de forma de analisar a Lealdade Institucional e o real objetivo desta candidatura, e os Cidadãos a sua Pessoa:

a) Se o José Sanches (Grupo de Reflexão) perder a eleição direta, apoiará à Janira H. Almada, mesmo se ficar fora da lista elegível para Deputado?

b) Se o José Sanches (Grupo de Reflexão) perder a eleição direta, abstém ou fará oposição a Janira H. Almada, se ficar fora da lista elegível para Deputado?

c) Há algumas condições que o José Sanches (Grupo de Reflexão) irá exigir, se perder a eleição direta, para apoiar a Janira H. Almada mesmo se ficar fora da lista elegível para Deputado?

d) Se o José Sanches (Grupo de Reflexão) perder a eleição direta, só apoiará a Janira H. Almada, se ficar na lista elegível para Deputado?

12. Que seja uma eleição digna, com debates e propostas à altura dos desafios do País e, do PAICV.

Comentários  

+1 # Puxim 26-08-2019 07:42
Lamentamos que nesta altura do campeonato haja gentes que desesperadamente querem permanecer os donos do PAICV. JSanches pouco tem a ver com esta candidatura, disse o articulista e muitobem, trata-se de uma candidatura daqueles frustrados que de tanta derrota sofrida acabaram por sentir vergonha de dar a cara mas na mesma nao conseguem ficar de fora acabarao sempre por aparecerem como tissadores de lume.
Os refletores ou flexetores devem lembrar que ha sempre um limite para tudo.
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-1 # Da Moura Marisa 25-08-2019 09:38
Lealdade institucional? A que ponto chegámos, até já se inventam conceitos para manipular e coagir. É triste Samilo Moreira que tu, logo tu, priviligies a amnésia voluntária, és livre de o fazer, estás no teu direito. Contudo, não deixar de ser triste e lamentável!
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0 # Samilo Moreira 28-08-2019 00:57
Marisa da Moura,

Seja especifica e directa , agradecia.

Só assim.poderei responder -te convenientemente.

Manipular e coagir? Quem?


Sim,Lealdade Institucional!
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+1 # Venâncio 22-08-2019 08:16
Que não se pensar que apresentar qualquer linha divisória dentro do Partido a minar a sua coesão interna virá trazer alguma vantagem nas vésperas das eleições!!! Será uma forma de descartar a sua fraqueza interna e que, sagazmente, a oposição saberá aproveitar-se da ocasião! A escolha deverá ser com estratégia e inteligência política meritória insitucional institucional e não pessoal ou de grupos em dissidências obsecadas pelo cargo do 1°. M. Não pelo ser tudo ou nada!
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-1 # Djosa Neves 22-08-2019 05:21
Incrivel como a escola da "Lealdade institucional" está incrustada em certas mentes. Isto, na prática, é algo primitivo, de tempos e ideias que consistiam em apagar o valor individual de cada homem e mulher dentro do grupo; É não saber conviver com a diferença de forma positiva e não ter capacidade de gerir as transformações que sucedem cada vez com maior rapidez no mundo actual. É a defesa da ACEFALIA partidária para beneficio dos "Iluminados" e "Guias" da "organização"(pergunta-se então, de quê e com que finalidade). A dinamica e actividade dentro dos partidos politicos não devem ser tratadas como uma espécie de actividade PASTORIL (com cajados, feno á medida e alguns caninos á mistura), e muito menos como uma casa de bonecas. Mas pronto, também há os que gostam de manter os neurónios em permanente descanso e os que acham os neurónios alheios um empecilho!!
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+3 # Pedro Rosário 21-08-2019 23:59
O José Sanches não tem coragem não! É a ambição a falar mais alto. Só isso. Que pena. Uma excelente análise. Parabéns Samilo.
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+6 # Luizinho Figueredo 21-08-2019 19:37
A candidatura e de Felisberto Vieira só que não tem a coragem de a fazer em seu nome por sua imagem estar em queda livre e que envergonha os militantes e seus amigos. O carasco Sanches tem coragem.
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+1 # Fredy 25-08-2019 19:16
Desonestidade intellectual da parte do articulista que, convidado a integrar o grupo de apoio, vem expor publicamente o convite.
Pode dizer o que bem entender mas nunca desta forma. A isto se chama desonestidade intelectual.
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