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Por: José Jorge Costa Pina

José Jorge Costa Pina Pro Praia12

Recentemente, embora timidamente e de forma descontinuada, foi anunciada pelo Sr Secretário de Estado Adjunto da Educação o estabelecimento de um pólo da escola do mar na Praia, Santiago, no quadro do trabalhos que realizou em S.Vicente para a criação do campus do mar nessa ilhas.

Enquadramento

Tendo nos últimos anos abordado sistematicamente a necessidade de tal escola para Santiago e todo o sul, enquanto técnico do sector e presidente da Pró-Praia, considero, assim, como alguns potenciais parceiros para avançar com uma iniciativa privada a respeito, que se trata de um dos projetos mais esperados e impactantes para o sul e Santiago, a par do centro de convenção de grande porte e parque industrial para suster a dinâmica e evitar o colapso da economia de Santiago e não só, minimizando as mais altas taxas de desemprego do país prevalecentes na ilha.

Os argumentos a favor

Santiago goza das seguintes condições que alimentarão o sucesso e o pleno funcionamento dos cursos de varia ordem da futura escola, designadamente por: i) Ter o Porto da Praia, o maior do país em termos de movimentação de cargas (que é o que interessa em qualquer porto), sendo aquele que tem os mais resultados financeiros das atividades portuárias do arquipélago, e que constitui um dos maiores centros coletores e de distribuição de cargas e passageiros marítimos do país; ii) Possuir a maior frota pesqueira, quer de embarcações artesanais quer de semi-industriais; iii) Ter (embora instalado e a funcionar sob condições adversas), um dos maiores complexos de pescas do país, sendo o mais procurado pela frota pesqueira do pais e ser aquele que alimenta o maior mercado interno de consumo do pescado que é o da Praia; iv) Ostentar uma das orlas marítimas mais apetecíveis do país, cujas obras representam um dos maiores investimentos do país; v) Integrar um grupo restrito de ilhas com a maior frota mercante, (vi) ter o mais elevado número de agencias de navegação e de transitários e constituir um dos maiores centros coletores e distribuidores de carga e passageiros marítimos, vii) Ter o maior «trade» do país o que reverte a favor do shipping já que o comércio externo processa-se a mais de 90% por via maritima ; viii) Ter uma frota mercante como os fast ferries e Praia d´aguada, Verde lines, Nsa Senhora da Graça, Djondade etc que constituem boa parte da tonelagem efetiva nacional (ix) a experiencia demonstrar que constitui vantagem poder contar com tripulação e gestores formados e disponíveis na região, (x) Ter milhares de jovens na cintura da Praia, nas cidades e espaços rurais do norte e sul de Santiago, nas ilhas do Boavista e Maio que buscam na ilha, capacitação para o emprego nas várias áreas marítimas acima e particularmente a bordo do navios estrangeiros ávidos de marítimos cabo-verdianos que garantem rendimento a partir dos cem mil escudos mensais a esses profissionais; (xi) Ter carência absoluta de técnicos (esta é a situação geral em pelos menos sete outras ilhas exceto S.Vicente) para a administração autónoma do seu setor marítimo, portuário, das pescas, a intermediação do shipping, a reparação naval, o sistema de controlo/segurança marítima e a gestão costeira.

Nenhuma outra ilha tem fatores tão importantes para garantir o sucesso de uma escola do mar em termos de atendimento e produção de uma importante oferta de mão de obra marítima para os mercados local e internacional.

Algum inquérito já efetuado indica que, á semelhança do que aconteceu com o alargamento do ISCEE á Praia, a escola seria um sucesso em termos de potenciais formandos para atendimento dos cursos da Escola do Mar da Praia para servir todo Sotavento na Praia/Santiago, já que, seguramente, com a proximidade e apoio familiar não distantes, as condições financeiras do atendimento dos cursos seriam mais favoráveis. Não se trata, portanto, de ter mais uma escola lá no norte para servir a todos mas sim ter uma autónoma na Praia para servir bem em termos de acesso e impacto no emprego e gestão marítima da região!

Estamos perante um projeto há muito merecido aqui porque Santiago iniciou, em primeiro lugar, na região oeste africana, a aventura marítima, competindo com armadores reinóis, após século XV , quando muitas ilhas estavam ainda por serem povoadas, oficialmente. No presente, as condições são excelentes e o futuro confirmará o sucesso de eventual investimentos no setor do mar em Santiago porque a ilha tem quase tudo que uma economia marítima pujante requer: maior volume de carga marítima em «trade», orla marítima apetecível para investimentos turísticos, dinâmica das pescas com investidores a processarem investimentos nas embarcações, incluindo nas da marinha mercante e milhares de jovens e profissionais a busca de capacitação para emprego marítimo.

Que fazer para a rápida implementação

Por isso rogo e estou certo que esse projeto tão importante para Santiago não vai ficar pelo tímido anuncio do governante, mas sim suscitará empenho qb das gentes da região, dos seus deputados, dos seus jornalistas, dos presidentes da câmaras de todo sotavento e sobretudo dos jovens e profissionais do mar que devem sair á rua para combater pela sua qualificação e emprego, para entrada de divisas e para aumentar os rendimentos para as famílias.

E enquanto a escola teima em demorar…

É grave a situação de capacitação para emprego e de disponibilidade de quadros em geral para o mar nesta região. Por isso, á semelhança do que tem sido feito com a Escola de Hotelaria e Turismo na Praia que, compulsivamente, tem sido obrigado pelo governo, a receber dezenas de formandos de S.Vicente e do Fogo e a ministrar cursos nas ilhas de Boavista e Sal, tudo custeado por nós todos/governo ( na Praia, damos tudo isso por bem), proponho que, enquanto se estabelece o Pólo de Formação para o mar para Sotavento na Praia, se faça o mesmo em relação a jovens e profissionais da cintura da Paria, Interior de Santiago e de outras ilhas que não tem sido beneficiado (ou o tenha sido de forma humilhantemente desproporcional) com formações pagas por nós/governo, para que também eles possam se sustentar, contribuindo para mais divisas para o pais e para o desenvolvimento do setor nas suas ilhas!

Num dos números do jornal A Nação, apresentei os resultados económicos da criação de uma nova escola do mar no sul, fornecendo, complementarmente á sua congénere em Mindelo, mais algumas centenas de oficiais da marinha mercante e de pessoal de mestrança e marinhagem ao shipping nacional e particularmente ao internacional, o que permitirá a C.Verde e varias famílias, angariar em divisas, o correspondente a milhares de contos ao mesmo tempo que resolve parte importante do desemprego no sul do país. Filipinas tem 66 escolas marítimas, mais de 20% do PIB gerado pelo negócio de colocação de marítimos «abroad» e milhões de euros em remessas de marítimos para as famílias. Por isso, é mister que seja constituída a comissão para a instalação da escola do mar para sotavento (nas suas vertentes de localização/terreno, pessoal docente, equipamentos (simuladores …), biblioteca, etc com a brevidade possível e, para isso, todos devem contribuir, anulando o silêncio que se seguiu o tal anuncio tímido do governante, tendo havido, entretanto, como habitualmente, um enorme barulho durante a semana toda, á volta das restantes vertentes do projeto do campus ali para o norte! Quando é que as coisas mudam e todas as ilhas passam a merecer igual pressão em relação a seus projetos para o mar!!!???

Comentários  

0 # apartidário 29-08-2018 15:53
Ainda para terminar, dizer que o problema de abandono em que se encontra assuntos relacionados com o mar aqui em Santiago prende-se com um facto - dependência ou falta de autonomia da "Zona" do Sotavento. Veja, que desde de sempre os PCA e Administradores que são postos à frente da ENAPOR são sempre de São Vicente. E lembro que após ser empossado PCA da ENAPOR, Jorge Maurício, numa entrevista na TCV, no Jornal da Noite com Nazaré Barros, perante a pregunta sobre qual era a prioridade da ENAPOR, ter dito que era a construção do Terminal de Cruzeiros, tendo a própria Jornalista preguntando se não havia algo mais prioritário. Isto por si só diz muito sobre os desafios que teremos que enfrentar para equilibrarmos esta situação, porque claramente é de loucos pôr regionalistas irracionais presidindo e administrando empresas nacionais.

Tenho dito!
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0 # apartidário 29-08-2018 15:35
Como sempre parabéns e obrigado por trazer à tona questões candentes e preocupantes do desenvolvimento da "ilha mãe" e por conseguinte de Cabo Verde.

A diário, ouvimos a nível mediático, representantes do Governo da República (inclusive "badios") fazer menção a uma estratégia de desenvolvimento para alavancar a ilha de São Vicente, sem contudo até o dia de hoje ter-se dito um "piu" sobre uma estratégia de desenvolvimento integrado para toda a ilha de Santiago, que por obrigatoriedade deveria incluir estruturas de conhecimento ligados ao mar. Claramente uma forma perversa de governar que busca satisfazer desejos mesquinhos e "umbiguista" de certos grupinhos já identificados.

E agora, por estes dias chega a nós, através de um mandatário do Governo da República, a notícia da existência de uma intenção associada a construção de uma Escola do Mar na Praia. Facto que pelas bandas do "Norte", já começa a causar um certa inquietude, sendo quase certo que nos bastidores já iniciaram-se "joguinhos de influência" com vista a impedir ou retrasar ao máximo a consecução da tal projecto. Sendo assim, depende de nós "badios", fazer valer diante das instituições nossas revindicações legítimas relativamente a esta questão e outras .

Poucos dias atrás, o Partido Popular regozijava-se com a construção do Campus do Mar sem contudo aproveitar a oportunidade para relembrar ao governo a necessidade da existência, para ontem, de uma escola do mar aqui em Santiago.
Uma oportunidade que se perde! Imaginemos como posicionaria a UCID se a questão fosse ao contrário.

Impõe-se que todos (CMP, Jornalistas, Emigrantes, Empresários, estudantes,...) aqui em Santiago nos unamos à volta desse desiderato, de forma a promover o desenvolvimento integrado, equilibrado de Santiago e "liquidar" assim os desejos mesquinhos e perversos que buscam incansavelmente relegar Santiago ao atraso.
Um abraço "hermano" Pina e junto somos mais fortes.

Viva Santiago, Viva Cabo Verde!
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+1 # Jose 29-08-2018 15:24
Força José Jorge, precisamos de muitas gente na cidade da Praia e Santiago com a sua coragem e inteligência. Abraços.
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-2 # Djon Goto 29-08-2018 05:50
Não entendo uma coisa: este cidadão termina a sua longa dissertação com três "pontos de exclamação" seguidos de três "pontos de interrogação". Será essa alguma nova do alupkes de Manuel Veiga ou do crioles do "Marsianu"?
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+3 # SÓCRATES DE SANTIAGO 28-08-2018 20:24
Parabéns, meu caro patrício José Jorge Costa Pina, um incansável defensor da PRAIA e de SANTIAGO, sobretudo, dos projectos e investimentos a que, "de jure" e "de facto", têm direito. O que se está a passar, em matéria do MAR, em Cabo Verde, é uma autêntica DITADURA do Norte em relação ao Sul, mais concretamente, de S.Vicente em relação às restantes ilhas, mormente, SANTIAGO, seu antigo e eterno rival imaginário e real. O actual Governo de Cabo Verde cometeu um erro muito grave, um erro de palmatória ao transferir, sem estudos prévios e sólidos, o Ministério do Mar para S.Vicente e, consequentemente, todas as outras estruturas decisórias como a Direcção Geral das Pescas e quejandos, ficando SANTIAGO e PRAIA, Capital do País, sem poder de decisão e exercício de autoridade sobre os assuntos ligados ao MAR. Não basta ter um Ministro do Mar descendente da Brava e um Secretário de Estado Adjunto do Mar natural da PRAIA para equilibrar as coisas. Estes, praticamente não têm poder de decisão, ao que parece, nem o Primeiro Ministro de Cabo Verde, pois, todas as estruturas decisórias desse Ministério são dirigidas pelos barlaventenses, em particular, os sãoventinos, alguns regionalistas convictos e compulsivos e declaradamente contra os projectos ligados ao MAR referentes à ilha de SANTIAGO e à CIDADE DA PRAIA, em particular. A título de exemplo, o próprio PORTO DA PRAIA, o maior e mais dinâmico e rentável do País, está dependente de S.Vicente que, na prática, o gere a seu bel-prazer. O PORTO DA PESCA DA PRAIA, o
maior do País, financiado pela Cooperação Japonesa, está ali abandonado e, quase, às moscas, sem autoridade, sem uma gestão eficaz e eficiente e, em algumas matérias relevantes, também dependente da boa vontade de S.Vicente como, por exemplo, um simples concerto de uma pequena embarcação de pesca. Ainda hoje, no "Cabo Verde Magazine", estive a ver uma pequena reportagem sobre o PORTO DA PESCA DA PRAIA, em que uma armadora praiense apelava ao bom senso do Governo da República no sentido de PASSAR A VER O PORTO DA PRAIA E O PORTO DA PESCA DA PRAIA COM OLHOS DA PRAIA, ou seja, dar a COMPLETA AUTONOMIA a esses dois portos. Sim, meu caro Zé Jorge, parece que, a nível das instituições, não há uma vontade para fazer as coisas do MAR funcionarem e acontecerem em SANTIAGO e na CIDADE DA PRAIA, em particular, como na ilha de S.Vicente que tem monopolizado tudo, mas tudo a respeito do MAR, como se a mesma fosse a única ilha cabo-verdiana rodeada pelo MAR. Vamos todos lutar, sim, para que as coisas do MAR também se realizem nesta ILHA DE SANTIAGO, sobretudo e em primeiro lugar,, a CRIAÇÃO DE UMA ESCOLA DO MAR NA CIDADE DA PRAIA, escola essa que servirá de base para a criação de outra na REGIÃO-NORTE DA ILHA, mais concretamente no TARRAFAL DE SANTIAGO. Pode crer, mau caro Zé Jorge, que não está sozinho nesta luta. Vamos mobilizar SANTIAGO TODO e, com ajuda da "PRÓ-PRAIA" e da "VOZ DE SANTIAGO", exigiremos imediatamente do Governo da República de Cabo Verde e não da República de S.Vicente a INSTALAÇÃO DA ESCOLA DO MAR NA CAPITAL DE CABO VERDE, CIDADE DA PRAIA, mesmo que para isso seja possível um novo "RUBON MANEL MATCHADU" e "NHANHA de BONGOLON TORNA MICHA BRAJERU NA BOKA". Um forte abraço, MANO ZÉ, "SANTIAGO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO".
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+3 # JJ Costa Pina 29-08-2018 13:02
É quase sempre com uma lágrima de canto do olho que registo denuncias, por vezes coincidentes ás minhas, elaboradas pelo companheiro Sócrates, pelo ajustado teor veemência e sentido de injustica que muitas delas encerram.Quero que conste que eu e muito de nós em Santiago não manipulamos dossiers para exigir coisas q não são prioridades (e sequer viáveis) e por vezes sequer necessidades como por exemplo terminal cruzeiros, tendo ilhas com falta de cais básicos, terminais, rebocadores e estruturas de administração marítima, portuárias e de pescas apropriados. Limitamos a argumentar e exigir, num quadro de equilíbrio nacional que respeite prioridades e demanda ligítima da economia (incluindo situação da taxa de desemprego de cada ilha e dívidas internas e externas), projeto que tenham sentido económico e se possível, viabilidade financeira para, pelo menos, manter essa dinâmica da economia e nunca tirar ou inviabilizar os projetos dos outros. Por isso condenamos a decisão atual de fazer em exclusivo o desenvolvimento do mar para uma ilha ou duas ilhas quando várias ilhas têm tb argumentos fortes para o desenvolvimento do mar. Este modelo não foi praticado em país nenhum. É mais uma caboverdura e expressao de vil cobardia!Faça-se o que fôr necessário para aquele que tiver potencialidade a respeito mas nunca tirar ou negar ao outros que por acaso no setor do mar não têm nada ou quase nada para tb desenvolver Cabo Verde a esse nível!
Força Sócrates. Pelo anúncio feito sobre a escola (o que parabenizamos) e por outros que seguramente vamos juntos combater ate ás últimas consequências, chegaremos lá.
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