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Por: José Jorge C. Pina

 

Já há garantias seguras de que o carnaval e cinzas praienses atingirão o nível que a Praia pode fazer e merece ter.

Foi tudo espetacular: a avenida requalificada, a moldura humana e a melhoria de prestação dos grupos oficiais de primeira divisão que desfilaram nessa magnifica avenida da cidade da Praia.

De novo, milhares de praienses se fizeram á avenida para assistir ao seu carnaval, justificando a reivindicação da gente desta cidade que o seu carnaval deve retomar a sua grandeza interrompida nos anos 80 e atingir o nível que o permita posicionar como evento estruturante do programa de desenvolvimento cultural e do turismo santiaguenses e assim darmos resposta ao progressivo aumento de turistas e visitantes que buscam Praia e Santiago para férias, lazer, estada e lugar para viver nos tempos que correm.

Entretanto, inúmeros são os constrangimentos que teimam em atrasar a caminhada para o top – objetivo apontado pelo «Mayor» da Praia – e que todos juntos haveremos de ultrapassar, designadamente:

- Baixíssima prestação do governo em relação ao nosso carnaval, negando a afetação dos editais com as maiores quantias e os ouvidos moucos á exigência de tolerância de ponto para terça inteiro á Praia;

- A falta de tolerância de ponto para toda a terça carnavalesca, libertando as pessoas para mais cedo prepararem e iniciarem, condignamente, os desfiles na tarde desse dia! Há anos que estamos e merecer e a exigir isso sem haver a dignidade de uma resposta!

- Indisponibilidade de plataformas que a ENAPOR disponibiliza com meses de antecedência, mas que aqui têm-se feito na última hora e em número insuficiente;

- Falta de espaços com iluminação em número suf para demanda de ensaios dos grupos;

- Indumentária e alegorização dos carros ainda a um nível muito distante do que, ( sabêmo-lo), os nossos designers, arquitetos e artistas em geral podem fazer para melhorar. Falta muito mais capacitação e recursos financeiros para uma melhor sofisticação dessas prestações em concreto;

- Há engajamentos muito insuficientes dos políticos (o Mayor esteve lá praticamente sozinho no sambódromo pois boa parte dos políticos/da Praia e governantes, desafiando até o principio de insegurança de concentração simultânea dos dirigentes do país num só espaço, preferem sempre acarinhar e incentivar os outros). Falta sobretudo os grandes artistas musicais de Santiago, empresários/empresas que aqui realizam o grosso dos seus resultados económicos como Shell, ENACOL, ENAPOR, ASA e de algumas empresas comerciais e de construção civil contribuírem muito melhor; mas definitivamente falta mais engajamento da comunicação social (há melhorias de prestação da TCV e RCV, houve sempre boa prestação da TV Record e TIVER) em relação aos quais reclamamos mais dedicação no incentivar de preparativos, na organização dos desfiles e no combate para edições diretas desse nosso carnaval (outros fazem-no muito bem em relação aos seus! Parabéns, entretanto, ás melhorias notadas este ano. Mas constata-se sobretudo a necessidade de mais engajamento de muitas pessoas que preferem mais assistir do que desfilar na magnifica avenida;

Insistimos pois nas seguintes recomendações:

- Realização de uma reunião geral entre a CMP e todos os stakeholders para um balanço global do feito este ano e projeção de todas as melhorias/medidas para o próximo carnaval num trabalho que deve começar imediatamente após terça carnavalesca;

- Destacar o levantamento das necessidades de capacitação técnica e financeira para melhoria de qualidade do carnaval no seu todo;

- Todos (Comunicação social, jornalistas, políticos, artistas, designers, arquitetos e detentores de know how e recursos financeiros) nos engajarmos nos trabalhos para melhoria do futuro do carnaval praiense / santiaguense;

- Insistir com o governo para faça a sua parte e alargar á Praia a possibilidade de os grupos, cumprindo os critérios, acederam aos valores mais altos dos editais e decrete tolerância de ponto terça inteira do carnaval;

- À CMP, apelo para que prossiga com os objetivos de melhoria desse nosso carnaval sobretudo a nível de planeamento e sofisticação de modo a satisfazer os simpatizantes do nosso carnaval e constituir mais um atrativo do programa turístico e do desenvolvimento da cultura praiense /santiaguense (nada de ser brasilinho para esse efeito!).

Sobre cinzas

Neste particular, há sobretudo melhorias e elogios:

Foi magnifica a prestação de dezena de restaurantes na pedonal de «Riba Praia» que, com o requinte já habitual, brindaram aos que por razões várias buscam esse tipo de serviços para a suas cinzas. Foi vastíssima a procura desse espetáculo para degustação da muito mediterrânica culinária, passando já a constar da lista de assédio obrigatório de turistas e residentes praienses.

Este ano, preferi um outro ponto da área metropolitana da Praia, Eco-Centro do Zeca em São Domingos, onde para além do Comandante Pedro Pires e família estiveram sobretudo inúmeros outros residentes praienses que encheram esse magnífico restaurante todo de verde e com quase completa autonomia em termos de água, energia solar, hortaliças e plantas da própria lavra e com magníficos cozinhados em fogões ecológicos.

Estava tudo o que conheço ser essencial nas cinzas incluindo o hachim e o esparegal. Após sobremesa com mel, queijo local, cuscuz e leite dormido/fresco como é da praxis, serve-se o grogue e chá local mais a magnifica interpretação musical do Albertino, esse monstro de presença cultural da Praia e que foi objeto de minha proposta de homenagem de comemoração dos 160 anos da Praia.

Proponho que:

- Sobretudo os espaços rurais santiaguenses, especializem nesse festejo de cinzas, implementando serviços de alta qualidade capazes de constituir programa cultural dos sítios e atrair turistas / visitantes em geral, fomentando atividades / rendimentos e emprego jovem.

- Na Praia, que se descentralize e se massifique as prestações de cinzas um pouco mais para fora do plateau e se constitua um pacote que, combinado com um bom carnaval, constituirá programa turístico único no trópico nessa ocasião.

Termino parabenizando também as outras cidades / ilhas com clara continuidade de melhoria do carnaval designadamente São Vicente, São Nicolau, Sal, Fogo, Calheta e Picos.

Praia, 15 de Fevereiro de 2018.

Comentários  

0 # Emanuel Almeida Brit 19-02-2018 02:12
Meu amigo: sempre houve gente de Mindelo, residente na Praia, a dinamizar o Carnaval da Praia, cidade que não pertence, exclusivamente, a badius, mas a todo e qualquer cabo-verdiano. Essa sua expressão « beneficiar os outros», significa o quê?
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0 # SÓCRATES DE SANTIAGO 16-02-2018 19:21
Parabéns, meu caro Pina, por mais um artigo mui responsável e esclarecedor, em prol do desenvolvimento da Praia e de Santiago. "KU NÓS KA PUDEDU"!-diz um velho aforismo desta GRANDE ILHA DE SANTIAGO. Podem os governantes, em tempos do REI MOMO, desertar-se para S.Vicente, São Nicolau ou "aquela parte", porém, nós, aqui, na CIDADE DA PRAIA MARIA, vamos brincar ao nosso Carnaval, "krê ou es ka krê", vamos mostrar ao mundo que nós temos O CARNAVAL MAIS GENUÍNO E CULTURAL DE CABO VERDE. Exemplo concreto: O grupo BATUKASSANBA e os GRUPOS OFICIAIS DA PRAIA, sem referir ainda os grupos infantis e de animação, vieram provar, este ano, este facto. Só esperamos que o Governo e Ministério da Cultura deixem desta mania de "Carnaval Factory" e apoie todos os grupos nacionais e oficiais em pé de igualdade, pois, é uma grande injustiça e tamanha leviandade gastar o dinheiro do cofre do Estado em apenas duas ilhas-S.Vicente e São Nicolau, esquecendo-se do velho princípio de equilíbrio nacional na (re)distribuição das receitas nacionais. PRAIA MARIA é a MAIOR ECONOMIA NACIONAL, contribuindo com cerca de 40% para o PIB NACIONAL e, estranha e caricatamente, não recebe nem um centavo do Estado para brincar ao seu Carnaval, um dos mais possantes do País e o único Carnaval nacional que arrasta consigo, todos os anos, mais de 70 mil pessoas para a FANTÁSTICA AVENIDA CIDADE DE LISBOA, seguramente, O MAIOR SAMBÓDROMO DE CABO VERDE. Haja, pois, saco, e não se brinque com o bom senso dos praienses e santiaguenses. Como disse muito bem, a Directora do grupo BATUKASSAMBA e repisado pelo edil da Capital, " o Caranaval faz-se com dinheiro e, com dinheiro nas mãos, TODOS NÓS SOMOS ARTISTAS. Oxalá que o Senhor Primeiro Ministro Ulisses Correia e Silva e o Senhor Ministro da Cultura Abrãao Vicente, ambos "RAPAZINHUS DA PRAIA E DE SANTIAGO" tenham registado essa mensagem, diga-se de passagem, endereçada sobretudo aso mesmos, o que constitui também a a inquietante preocupação de todos os praienses e santiaguenses, cabo-verdianos estes que sustentam a RTC através dos impostos e taxas que pagam e elegem com os seus votos qualquer partido político para ocuparem a CADEIRA DO PODER, pois são a MAIORIA SOCIOLÓGICA E ELEITORALISTA DE CABO VERDE. O Senhor Ulisses e o Senhor Abrãao foram eleitos, sobretudo, com votos dos PRAIENSES E SANTIAGUENSES e não podem continuar com com essa sina de TRAIR A CIDADE E A ILHA QUE OS PARIU E QUE OS PÔS NO PODER. Ingratos filhos são pois, o Senhor Ulisses e o Senhor Abrãao. "Sonbra di koku", como dizia o meu avô lá do fundo do Tarrafal. Ao que parece, os dois não têm SANGUE ALGUM E ORGULHO BADIO NO SANGUE. Quando é que deixarão de ser BAKAN, apoiando os outros e esquecendo-se dos seus?!
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+2 # Ministro 16-02-2018 10:06
O Sr. deve ser/estar doente. O que quer dizer com isso de "ajudar os outros"? Tenha muita calma e tome o seu chazinho ok?
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-2 # Maria 16-02-2018 09:25
Boa constatação!Parabéns José Jorge pelo artigo.
Saudações
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