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Por: DRC

 TACV I

Veio a público, através do jornal Terra Nova, que a empresa nacional de transportes aéreos de Cabo Verde, TACV, atrasou o pagamento de salários nesta ocasião festiva. A empresa só conseguiu pagar os salários dos trabalhadores no dia 26 de dezembro. Depois do Natal, portanto!

Embora os trabalhadores estão informados de que foi um problema de ordem técnica a ditar desta vez o atraso no pagamento de salários, não deixa de ser um fato inédito e preocupante - sobretudo em se tratando de uma empresa com a envergadura dos TACV – uma vez que privar centenas de famílias das festas de natal, é algo que só se entende quando razões muito ponderosas e imprevisíveis estão na origem da desfeita.

Entretanto, Santiago Magazine sabe, através de alguns trabalhadores dos TACV, que o atraso no pagamento de salários tem sido recorrente, havendo mês em que a demora se estende a 10 do mês seguinte.

Os contatos que este diário digital teve com alguns trabalhadores, para se aferir do sentimento dos mesmos sobre este assunto, estes levantaram, obviamente que sob anonimato, as seguintes questões: i) O atraso no pagamento dos salários se deve à incúria administrativa ou a problemas de tesouraria? ii) O que é que impede a administração da empresa de avisar os trabalhadores sobre os atrasos no pagamento de salários? iii) Estará a administração da empresa apostada em criar fatos contra a própria empresa? Se sim, porquê e para quê?

Segundo as nossas fontes há vários meses que a empresa vem pagando salários com dias de atraso, havendo meses em que a demora vai até o dia 10 do mês seguinte. E nunca, afirmam, a empresa dá qualquer cavaco aos trabalhadores.

Os trabalhadores estão cansados com a situação, cogitando inclusive que tudo isso poderá estar a acontecer por mera incúria administrativa dos responsáveis da empresa, concretamente do conselho de administração.

E cogitam porquê? Porque entendem que se há dinheiro para pagar no dia 10 do mês seguinte, porque não há de haver para pagar a tempo e horas? O que é que leva a empresa a não adotar medidas preventivas para evitar os atrasos no pagamento de salários?

O controlo logístico é uma matéria transversal a toda a gestão empresarial, mormente uma empresa de transportes. E isto inclui obviamente a gestão financeira, que é aquela que suporta as demais áreas de funcionamento das empresas.

Ora, para esses trabalhadores, pode até ser que a empresa esteja a enfrentar roturas de tesouraria, mas entendem que uma gestão previsional dos recursos financeiros, por mínima que seja, daria respostas satisfatórias no final de cada mês, sendo os salários despesas certas e permanentes em qualquer instituição.

Uma outra questão que também anda a intrigar os trabalhadores, é que os responsáveis da empresa nunca avisam os atrasos no pagamento de salários. Para eles, se a empresa estiver com problemas de tesouraria, e não consegue pagar os salários a tempo e horas, devia, ao menos, avisar os trabalhadores para que estes possam negociar com os seus credores, nomeadamente os bancos, ou outras instituições com as quais poderão ter pendencias comerciais.

São factos que os próprios trabalhadores consideram insólitos, e que os interpelam a questionar se não estarão os responsáveis da empresa a agir de forma propositada, não se sabe a troco de quê ou para atingir que fins…

É certo que a atitude da administração da empresa está a agastar os trabalhadores, e estes, embora já cansados, não querem, entretanto, desistir da empresa e da carreira profissional que abraçaram, muitos já com dezenas de anos de serviço prestado na empresa.

Primeiro-ministro sacode água do seu capote

Recorde-se que os transportes aéreos em Cabo Verde sofreram uma profunda refundação, com o governo liderado por Ulisses Correia e Silva. As linhas domésticas foram concessionadas à Binter Cabo Verde, em regime de monopólio, e as linhas internacionais estão em processo de privatização, onde o grupo Icelandair já formulou, conforme informações tornadas públicas pelo governo, a compra de 51% da empresa.

Neste meio tempo, o governo decidiu pela instalação do Hub aéreo no Sal, obrigando quase 3 centenas de trabalhadores a fixarem residência na ilha do aeroporto internacional Amilcar Cabral.

Com esta medida, todos os voos da TACV internacional passaram a ser realizados a partir do Sal, prejudicando de forma direta as ilhas de São Vicente e Santiago.

Neste momento, embora de forma tímida, a empresa retomou os voos internacionais a partir da Praia.

São Vicente continua sem voos diretos, tendo o grupo da sociedade civil Sokols 2017 realizado uma manifestação na primeira semana de dezembro, a exigir a retoma de voos internacionais da empresa nacional de transportes aéreos, o mais breve possível.

Na sequência da manifestação, a Sokols 2017 emitiu um documento oficial ao governo, e promete não parar até que a questão seja resolvida.

Entretanto, tudo aponta que o calvário pode ser duro para os manifestantes, uma vez que o chefe do governo sacudiu a água do seu capote, afirmando que a retoma ou não dos voos internacionais para São Vicente não é uma medida de política, mas sim empresarial.

A fotografia é de uma das manifestações dos trabalhadores

 

Comentários  

0 # JB 30-12-2018 04:38
O objectivo desde que se iniciou este processo de privatizacao dos TACV tem sido desvlorizar e desvirtuar a empresa metendo-a num estado em que ninguem pagaria asneira qualquer pela mesma assim entregamo-la de bandeja servida ao proximo cliente ja bem identificado. Porque pensam do caos em que se meteu neste verao em que fomos ate banidos de voar para Italia onde clientes viram as suas vidas de pernas para o ar pelas falhas nos voos. TACV perdeu credibilidade sendo assim nao tem valor nenhum. Pergunto porque e que se escolheu um negocio em que tomamos avioes de terceiros numa altura de baixa procura, parece que ate fomos enganados quando nos levam os avioes e ficamos sem assumir responsabilidades com clientes que ja tinham adqueridas as suas passagens. Ate parece que nem os administradores crioulos contavam com essa falha caso contrario so se pode explicar o acontecido por falta de profissionalismo. Como aceitar avioes em periodo de baixa para as entregar quando a procura e a rentabilidade das mesmas aumenta nos meses de verao????? So um incauto, corrupto ou vende-patrias faria tal negocio!!! Que e que temos entre esses???
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-1 # João Mário 29-12-2018 17:29
Neste jornal, há diferenças entre uma notícia e uma opinião política. Ora, é necessário que o leitor seja informado dos factos e das opiniões legítimas deste jornal.
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-1 # Migué 29-12-2018 04:49
Parece-me que o Djosa Neves está de serviço para desdizer tudo, ou entao nao regula da tola e ou tem uma rosca montada
Pense bem antes de sair asneiras seu maroto....
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0 # Djosa Neves 28-12-2018 17:43
Se há atrasos, chamem os Sokolitos2017, 2018,2019,2020 para emprestarem uma parte dos recursos que têm reservados para subsidiarem as operações a partir de S. Vicente
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