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Vamos lá a ver se entendemos isto! Temos as nossas dúvidas, mas cremos não estar a exagerar se dissermos que, certamente, hão de faltar engenho e arte ao país para compreender e resolver uma tão complexa e estranha “matimatica”. Ou será equação?...

Maritza Rosabal

Manuais escolares. As aulas começaram em setembro. Já estamos em finais de novembro, e ainda grande parte dos manuais escolares estão em falta. A ministra (foto) faz promessas - ou será compromisso? – não cumpre, e ninguém lhe chama à pedra, para prestar contas, uma vez que é paga com o dinheiro de todos nós.

Já ninguém sabe em quem acreditar. Pois, no ano letivo passado havia acontecido uma coisa semelhante e a ministra continuou igual a si mesma, se esquivando em assumir as suas responsabilidades, se vitimizando e apontando o dedo aos que sonharam com uma educação cada dia melhor, para o futuro do seu filho e do seu país. Quem não se lembra do escândalo da “matimatica” manual?

Os livros, encomendados na Suécia, chegaram aqui cheios de erros. A ministra, num primeiro momento, disse que eram algumas gralhas, fáceis de serem corrigidas com a produção de emendas. Nesta desculpa Maritza Rosabal contou imediatamente com o apoio do primeiro ministro, este que, um dia, do alto do seu pedestal, resolveu chamar os cabo-verdianos de “boiada desavisada”, só porque acreditaram nas suas “soluções” e começaram a exigir o cumprimento das mesmas.

Na ocasião, Ulisses Correia e Silva saiu em defesa da sua ministra, afirmando que se está a colocar o foco no erro e na falha, com motivações politiqueiras.

“Foco no erro, na falha e até na gralha, detecta um erro, uma gralha ou uma falha e coloca a lupa sobre eles, procura mais e amplifica-os de forma a criar a impressão de que 1% de erro, gralha ou falha, se sobrepõe a 99% de mérito. Pior do que isso, procura liquidar a iniciativa e coloca rótulos. Esta pré-disposição que se manifesta na forma como lidamos com o erro e a falha reflete-se também na forma como lidamos com iniciativas fracassadas ou com os percalços da vida: o empreendedor que falha é crucificado; o indivíduo que é preso, é socialmente estigmatizado. Paradoxalmente, o sucesso não é celebrado”, escreveu o primeiro-ministro, acrescentando, contudo, que “se o erro e a falha forem intencionais, é claro que devem ser sancionados”.

Adiante. A ministra da Educação, quando finalmente se deu conta que, afinal, o buraco dos seus manuais eram efetivamente grandes, resolveu sacrificar a então directora geral da Educação, Adriana Mendonça, que, desorientada com a pressão, viu-se forçada a pedir a demissão.

Logo de seguida, a ministra aparece a acalmar os cabo-verdianos, afirmando que tudo ficaria resolvido tranquilamente com as correções que estavam sendo feitas e que os manuais seriam disponibilizados em suporte digital para consulta de professores e alunos, ao longo do ano letivo.

Paralelamente a estas promessas da ministra da Educação, aparece o primeiro ministro a anunciar que os manuais seriam retirados do mercado, supostamente por ter caído em si, e finalmente percebido que os erros eram insanáveis e uma simples correção ou emenda não resolveria o problema.

O primeiro ministro, ao anunciar esta medida ao país – retirar os manuais do mercado – estaria a passar um atestado de incapacidade à sua ministra, fosse Cabo Verde um país sério. Mas não. Fez a promessa ao país, não se sabe se com o foco no erro, nas falhas cometidas pela sua ministra da Educação, ou nas suas responsabilidades enquanto chefe do Governo. E até hoje ainda o país aguarda uma explicação do Ulisses Correia e Silva.

A única coisa que se sabe, é que, até este momento, nem uma coisa, nem outra, aconteceram. Os manuais continuaram no mercado, a ministra da Educação continuou de pedra e cal no seu cargo, o primeiro ministro não mugiu nem tugiu até hoje sobre o assunto, os alunos e professores continuaram a trabalhar com documentos impróprios para o processo ensino-aprendizagem, e os cabo-verdianos continuaram com seu epiteto de “boiadas desavisadas” e pessoas dadas a festejar os erros alheios, atribuídos pelo seu chefe do governo.

Surreal, não é? Se sim, se não pouco interessa, passados estes meses todos. Interessa, no entanto, reter – e isso sim, interessa - que nesta “matimatica”, a Adriana Mendonça é a única variável que se eclipsou no meio da equação, onde “matimatica manual” ou “matimatica maritziana” será sempre a variável independente, mesmo que o abismo caia sobre o tesouro público.

Comentários  

+1 # Correia 27-11-2018 13:57
O nosso Primeiro Ministro e a sua equipa simplesmente nao estao nem ai para os problemas dos caboverdianos. A Sra. Ministra e o Sr. Primeiro Ministro dizeram no inicio do ano letivo que estava tudo aposto para o arranque do ano sem nenhum sobressalto,agoram imaginam se nao estava. O processo ensino aprendizagem esta a retroceder e isto e muito grave. Gostaria de perguntar a Sra Ministra e ao Sr. Primeiro Ministro como e que os alunos podem ter um bom resultado sem manuais disponiveis e como que os pais e encarregados de educacao vao ajudar os seus educandos. Sao perguntas que ficam para ser respondidas.
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+2 # Terralonge 24-11-2018 17:29
Está claro que a Marítza não reune condições para ser Ministra da Educação e Ensino Superior e Ministra da Inclusão Social. Estão a imaginar uma Ministra com dois Ministérios? É verdade, parece insólito, mas é! O Ministério da Educação e Ensino Superior fica na Várzea e o Ministério da Inclusão Social fica na Achada. O problema é que a Senhora não reune condições para nada. Não domina os conceitos e não tem um pensamento estratégico. O quê que o Ulisses anda a ver nessa senhora para o manter como duas ministras, insultando a todos os cabo-verdianos?
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+2 # Daniel Carvalho 24-11-2018 10:19
Está claro que esta Senhora não estava preparada para o desafio que assumiu, e não acertou numa equipa de trabalho que a podasse ajudar tendo recrutado para lugares chaves do Ministério pessoas sem perfil adequado e outras que não revêm no programa deste governo.E os resultados estão à vista. De modo que, para esta legislatura que vai mais ou menos a meia, reze-se para que o pior não aconteça. Rezar é a solução, na medida e que não se pode esperar nenhuma medida positivamente relevante da actual Ministra e sua equipe. Por exemplo, passar um trimestre faltando cerca de trezentos professores, enquanto que centenas ou milhares de formados aguardam pelo primeiro emprego, é algo simplesmente incompreensível, numa conjuntura em que todos se queixam do défice do nosso sistema de ensino:alunos; professores;pais e encarregados de educação...todos. Enfim, uma miséria autêntica, sem alternativa à vista.
O curioso é que há dias, ouvi o Ministro Elísio Freire no parlamento a gabar-se dos grandes feitos deste Governo para o sector da educação, bazofiando frente do PAICV que está disposto a debater o sistema e apontando como novidade o desbloqueamento da carreira; progressões e reclassificações, enfim, uma argumentação tonta irreconhecível para um ministro com as habilidades que se lhe conhecem. Desafio o Ministro a deixar de lado o PAICV e a promover debate sobre o Sistema de Ensino com a sociedade cível, Isto se estiver a sério e quiser ouvir o que nós outros pensamos.
É que na verdade, contra factos não há argumentos, tal como diz o ditado. Os feitos apontados são reais, corrigiram uma grande barbaridade de um governo que não teve receio em escravizar os professores, mas esse problema era velho e o seu impacto muito pouco tem que ver com as medidas que precisam ser estudadas e tomadas para a melhoria do nosso sistema de ensino. Podem pagar aos professores e a todos os outros sujeitos activos do processo ensino/aprendizagem salário que quiserem, certos de que nada irá melhorar sem outras medidas de fundo, que não arrisco em enumerar, mas que o Gabinete de Estudos do Ministério da Educação devia conhecer.
Sobre o Ensino Superior não vou pronunciar, mas estou convencido que um dia, os estudantes em geral, expressarão os seus sentimentos, exigindo, com o vigor que os caracteriza, aquilo que julgarem serem os seus direitos, nomeadamente a uma educação e formação académica de qualidade.
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+3 # julio cesar 24-11-2018 12:54
Nunca ouvi a Ministra da Educação a pronunciar sobre o ensino superior. Certeza não tem arcabouço para tratar deste assunto, por isso foge deste assunto como o diabo da cruz. Tudo indica que delegou esta competência ao Secretário de Estado da Educação.
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+1 # Triste GÔ 24-11-2018 09:15
Também, com uma cubana no comando da Educação!
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+2 # Tonga 24-11-2018 09:13
Muito bem.Uma boa reflexão e denúncia sobre o que está a passar na nossa Educação. GRAVE! Alguém imagina o quanto é grave? Estamos praticamente em dezembro, faltam ainda muitos Professores e não há Manuais! Quem é responsável, ou a responsável? É a Marítza, ou Ulisses? Como é que essas falhas vão ser superadas? Haverá um plano de recuperação para os alunos que ainda não têm Professores? E os prejuízos causados pela falta de manuais?
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+2 # SÓCRATES DE SANTIAGO 23-11-2018 17:42
A nossa ministra, cubana, há muito que está de férias, algures, numa galáxia qualquer. A EDUCAÇÃO, esta, há muito que está no mar de amarguras, abandonada à sua sorte. Paradoxalmente, nas nossas escolas, neste preciso momento, não há manuais alguns, nem de MATIMÁTICA nem de MATEMÁTICA.
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+2 # julio cesar 23-11-2018 16:37
É grave o que está a passar na educação. Não se compreende porque razão esta ministra ainda não foi demitida.
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-3 # João Mario 23-11-2018 16:33
Isto se chama macaco ta xintã riba si rabu ta fala mal dos outros: "Vamos lá a ver se entendemos isto! Tenho as minhas dúvidas, mas cremos não estar a exagerar se dissermos que, certamente, hão de faltar engenho e arte ao país para compreender e resolver uma tão complexa e estranha “matimatica”. Ou será equação?..."
Vejamos, o texto começa com "tenho minhas dúvidas...logo na primeira pessoa...". Não dá dois passos, adota "mas cremos não estar a exagerar se dissermos". Ora, se andamos mal de "matimatica", de Português estamos ainda pior. kkkk
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+3 # Terralonge 24-11-2018 09:04
Ao João Mario.
Que tristeza que pena! O sr. é mesmo um coitado. Perante um grito de alerta, o sr. reage com a tentativa de defender a PORCALHADA que se está a passar na nossa Educação?
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