A professora e pesquisadora da Uni-CV Carla Carvalho apresentou hoje ao público a obra “Os Donos da Terra. As Donas da Terra. Ou… As Terras de Ninguém”, uma investigação sobre questões agrárias, género e desenvolvimento.
Em declarações à imprensa, horas antes da apresentação do livro ao público praiense, na sede da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), Carla Carvalho afirmou que no livro, resultado da sua tese de doutoramento, tentou analisar e compreender as lógicas sociais e culturais que estavam por detrás das desigualdades de género no acesso à terra, mas também no controlo e gestão de acesso à terra para agricultura.
A obra, que retrata o acesso, a posse e a gestão das terras agrícolas na ilha de Santiago, em particular nas comunidades de Charco e Boaventura, foca, segundo a autora, nas problemáticas de género, destacando desigualdades e desfasamentos entre homens e mulheres perante estas questões.
“Uma das conclusões a que cheguei na pesquisa é que de facto, tanto os agregados familiares chefiados por homem ou mulheres, a propriedade da terra não é efectiva. Porém, a situação de desigualdade nas mulheres é maior em elação aos homens, quanto ao acesso, recursos e insumos para a prática agrícola”, disse.
Perante esta constatação, Carla Carvalho recomenda o Governo a pensar em políticas públicas de desenvolvimento que contribuam para minimizar a diferença e desigualdade entre mulheres e homens.
Embora considere que os sucessivos Governos tenham vindo a investir na política de igualdade e na distribuição de terras, a investigadora afirma ter constatado que as mulheres, por serem mais pobres e por terem menos acessos ao recurso financeiros para a prática agrícola, acabaram por ficar em situação de desigualdade.
Neste caso, sublinha, mais do que ter acesso à terra é preciso que se crie outras condições e recursos financeiros para que as mulheres possam evoluir e competir em pé de igualdade.
Além das suas funções actuais na Uni-CV, a autora trabalha como consultora e realiza pesquisas, principalmente com foco na área de Sociologia e nos seguintes temas: Cabo
Verde, mulheres rurais, desenvolvimento, questões agrárias, questões de género.
Carla Carvalho é doutorada em Estudos de Desenvolvimento pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (2019), mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Cabo Verde (2009), e graduada em Sociologia pela Universidade Jean
Piaget de Cabo Verde (2005).
Com Inforpress
Uma análise de gêneros entre pessoas que muito pouco têm, ou seja, comunidades de pessoas desfavorecidas (homens e mulheres).
As senhoras têm de parar de usar essa narrativa do gênero para justificar questões de desigualdade social, porque a verdadeira desigualdade social é consequência de um problema de classes e não de gêneros, porque certamente uma mulher que é parte da burguesia de Boaventura, suponhamos, terá mais terras, do que um homem que pertence a uma família materialmente desfavorecida. Classes e não gênero é nessa óptica que devemos ver as questões de desigualdade, porque as sociedades, sobretudo as capitalistas, não são divididas por homens e mulheres, mas sim por classes, ou seja, há classes de homens e mulheres com muito e há classes de homens e mulheres com quase nada.
O problema é que como o feminismo está em muito em voga por estas bandas, tudo e tudo hoje em dia é "debitado" na conta do homem.
Agora, qual a política a aplicar para mulheres que têm mais terra que homens? Ou isso já não é um problema de desigualdade social ou de género?
Tenho dito