As instituições devem ser credíveis. É a lei a dizer isso. Impor o medo e o silêncio num contexto de democracia pode ser uma atitude explosiva e suicidária. O país precisa fazer coro com o músico, dramaturgo e escritor brasileiro, Chico Buarque de Holanda, para exigir que se afaste este “cale-se” das pessoas! Trabalhar a favor da sanidade mental da nação, não é uma opção, é o único caminho para assegurar o desenvolvimento integrado do país.
Lutar contra o livre pensamento, contra a liberdade de expressão, contra a palavra, seja em que regime político for, nunca teve sucesso. A história não regista um único caso de sucesso por todo este vasto mundo. Todos os regimes totalitários, ditatoriais caíram e caem sempre da pior maneira. Porque contra a liberdade e a verdade ninguém vence. De modo que, se tentativas de silenciamento, de imposição do sentido da marcha e do pensar social, próprios dos regimes totalitários e ditatoriais, caíram sempre em profundos logros e fracassos, o que é que os regimes ditos democráticos esperam quando se enveredam por estes caminhos?
Há pouco tempo, uma alta patente da Polícia Nacional escreveu na sua página pessoal do facebook a insinuar que o seu telefone estaria sob escuta, aconselhando os seus potenciais algozes a pararem com esta prática.
Na semana passada, um professor do Liceu Amílcar Cabral, em Assomada, publicou na sua página pessoal do facebook uma convocatória para uma reunião com a direção, em que o assunto em pauta se relacionava com as suas intervenções nas redes sociais.
Virou corriqueiro ouvir hoje das pessoas, quando ao telefone: “cuidado porque as comunicações estão sob escuta. Vamos tratar este assunto pessoalmente”.
Nota-se pelos comentários e desabafos, públicos e privados, que o país está atravessar um período pouco saudável. E o medo está tomando conta das pessoas, paulatinamente. É uma situação constrangedora para a coletividade. Sobretudo quando as autoridades se remetem ao silêncio, pairando no ar um sentimento de abandono, de fatalidade, de impotência.
Neste momento, muitos clientes da CV Multimédia, do grupo CVTelecom, não estão a ter acesso ao site Santiago Magazine. O jornal é lido em todo o mundo, em qualquer dispositivo. Mas aqui em Cabo Verde só os clientes da Unitel T+ é que estão a conseguir abrir o site em seus dispositivos.
Já vai para 3 semanas, segundo relatos de alguns leitores, que isto está a acontecer. Muitos já mudaram de operadora, outros ainda estão a tentar perceber o que se passa.
Para alguns, este problema pode ter sido provocado intencionalmente, para adulterar a audiência do site, provocando prejuízos ao nível da propagação de informações, e logo, ao nível comercial e financeiro. Pode ser verdade, pode ser mentira, o tempo há de mostrar onde está a verdade.
Certo, é que o provedor de alojamento, Domínios.PT, já disse que a este nível não há registo de qualquer anomalia com o site Santiago Magazine, e remete o problema para o provedor da internet, que até este momento continua calado.
Os leitores, por seu turno, continuam a reclamar junto do jornal, e este, sem muitas margens de manobra, tem-lhes aconselhado a procurarem, enquanto clientes, a empresa fornecedora da internet, para exigir a reposição de um serviço que eles já compraram e que lhes estão sendo negados.
Os órgãos de comunicação social públicos – a RCV e a TCV – normalmente resistem em falar de Santiago Magazine. Não falam das notícias do site, como, de resto, fazem em relação aos outros órgãos. Pode ser uma posição de quem é portador exclusivo do ónus da escolha…
Sim, pode ser! Porém, não é justa, nem legal. Fossem privados, tudo bem, mas quando são órgãos sustentados com o dinheiro de todos os cabo-verdianos, já a coisa muda de figura, e passa a ser violação da lei.
São, enfim, factos que interpelam o país à reflexão. As instituições devem ser credíveis. É a lei a dizer isso. Impor o medo e o silêncio num contexto de democracia pode ser uma atitude explosiva e suicidária. O país precisa fazer coro com o músico, dramaturgo e escritor brasileiro, Chico Buarque de Holanda, para exigir que se afaste este “cale-se” das pessoas! Trabalhar a favor da sanidade mental da nação, não é uma opção, é o único caminho para assegurar o desenvolvimento integrado do país.
A direção,
Entretanto enviei um comentário de apoio a José Sanches, para presidência do paicv e até hoje não foi publicado. NHÔS BÁ PA [censurado] KI PARI NHÔS!
O Freedom House acaba de publicar o relatório de 2019 e classifica CV de primeiro país em África, o mais pontuado de todos, no ranking da liberdade de imprensa.
Não vá o Santiago Magazine dizer que a Freedom House está a fazer frete ao governo do MPD!
Contra factos não há argumento.
Tudo o que dizem sobre a liberdade de imprensa em CV é apenas percepção vossa e só vossa.
Estou 100% de acordo consigo.
Vou mais longe, O Santiago Maganize podia ser um jornal de referencia mas optou pela politiquice barata. Estava com uma grande expectativa sobre este Online e em certo momento queria entrar em contacto com eles para fazer ponte com um Jornal de Online muito importante aqui em Dublin onde poderiam aproveitar para fazer formacao dos seus quadros. Voltei atras porque percebi que nao sao profissionais nos seus trabalhos. Eles tem que ter a nocao que existe muita gente fora de CV nacionais e investidores externos que procuram paises para investir e procuram ler noticias de Cabo Verde.
Ora, baseado no link que acedi, acha o jornalista que deve basear a sua informação apenas numa denúncia que um usuário do facebook postou na sua página?
Teve a preocupação de ouvir a direcção do Liceu Amílcar Cabral?
É informação, uma publicação numa página de facebook que envolve uma instituição pública e o jornalista não ter a preocupação de a ouvir?
Se a ouviu ou tentou ouvir e a instituição recusou colaborar, o artigo não diz isso.
Idem, em relação ao oficial da PN.
Onde está a seriedade nessa informação?
Os protocolos básicos para uma informação foram cumpridos?
Mas não, é a pressa de aparecer e mostrar trabalho, não interessa os procedimentos e muito menos o rigor que uma informação séria, objectiva, transparente e isenta requer.
O público tem o direito de ouvir e conhecer a posição de todas as partes, sobretudo quando envolvem instituições públicas, para poder aquilatar de um juízo correcto.
De contrário é um não jornalismo, é uma ausência de profissionalismo e uma intenção reiterada de manipular, desferindo ataques às autoridades sem lhes dar a oportunidade de se defenderem nessa mesma peça informativa.
O mais grave ainda, é que não se trata de um artigo de opinião, o que seria normal. Trata-se da posição da direcção desse jornal, tomando partido, claramente, contra as autoridades, sem as ouvir, numa clara manobra de oposição e não de jornalismo.
É isto que é condenável e evidencia, claramente, a preferência pela política ao jornalismo do Santiago Magazine, em nome de um jornal independente, o que não é e nunca foi.