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violação 

O director do Hospital Agostinho Neto (HAN), investido de poderes institucionais para cuidar da saúde das pessoas, resolveu fazer uso da força para impedir que um grupo de doentes renais falasse com a comunicação social sobre uma série de coisas que, segundo esses cidadãos, não anda bem nesta que é a maior unidade hospitalar do arquipélago.

Os doentes, reunidos em associação devidamente organizada e legalizada, queriam tão-somente informar o país sobre a afronta por que têm passado no HAN, sobretudo com a degradação do centro de diálise e a falta de medicamentos essenciais para os males de que padecem.

Falar com o país sobre o que lhes vai na alma, é um direito que se lhes assiste, enquanto cidadãos em pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, consagrado na Constituição da República de Cabo Verde.

Juntamente com os doentes, foi também corrida do pátio do referido hospital, a jornalista da Rádio Nacional, Carla Lima, que se encontrava ali para fazer a cobertura das legítimas reivindicações dos doentes. A direcção do HAN, que tem por cabeça o médico oftalmologista, Júlio Andrade, entendeu que se encontra investido de poderes bastante para impedir a comunicação social de fazer o seu trabalho, ficando um país inteiro sem informação, também este um direito consagrado pela Constituição da República a todos os cabo-verdianos.

É caricata a posição do director do HAN, Júlio Andrade. É até risível, por ser uma atitude atrapalhada de um homem que é pago - recebe um salário acima da média -, para proteger e tratar os doentes, com responsabilidade, eficiência e eficácia, sendo a saúde uma das funções tradicionais do Estado.

Júlio Andrade, um homem pago com o dinheiro de todos os cabo-verdianos para assegurar os cuidados primários da saúde na maior unidade hospital do país resolve, do alto dos seus poderes institucionais, violar a lei Magna da República e afrontar pessoas indefesas, sem qualquer sentimento de solidariedade ou de dever público.

A liberdade de expressão é um direito inalienável em sociedades democráticas como a nossa.

Aos jornalistas são assegurados entrada livre em todas as instituições públicas.

Porém, para o director do HAN, nada disso faz sentido. Tudo não passa de letra morta, porque só conta aquilo que ele quer, aquilo que lhe convém.    

O dia 4 de Setembro de 2018 há de ficar registado na história destas ilhas como um dia de reflexão sobre uma questão particularmente cara às sociedades humanas, em todos os tempos e latitudes - o Estado e as suas instituições representativas servem o público ou servem-se do público?

Ao longo da história, muita tinta já se fez correr sobre esta questão, que demanda a todos os regimes políticos, porém, até os dias de hoje, ainda prevalecem muitas zonas sombras, muitas perguntas sem resposta, muitas dúvidas sobre a bondade das instituições públicas no que concerne à satisfação das necessidades das pessoas, individuais e comunitárias.

O Estado e as suas instituições devem ser pessoa de bem, inspiradores de confiança e credibilidade e promotores da autoestima colectiva.

Se o Estado e as suas instituições não respeitam as suas próprias leis, o que será do cidadão comum?

Servir o público ou servir-se do público. Eis a questão!

A direcção,

Comentários  

+1 # Miguel Santos 07-09-2018 11:56
Este homem tem poder que o Primeiro Ministro lhe confere. Veja todas as reinvidicaçoes dos trabalhadores e doutras este homem ameaça com a justiça. Desta vez, publicamente ja disse que vai processar o jornalista e Presidente de Associação. A bem pouco tempo tambem tinha ameaçado os sindicatos e o seu presidente com o tribunal.
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+3 # João Domingos 07-09-2018 11:54
É o sistema sem djobi pa ladu no seu melhor, o mais grave é que os fanaticos (Sílvia Moreira,Damiana Correia,José lopes Correia), sem querer ver para o lado (sem djobi lado), insistem ainda em ver para trás, qualquer assunto desse des-governo ou é culpa de PAICV ou é culpa dos doentes, ou é culpa dos policias, ou é culpa do raio-que-parta....Pior governo que esse, Cabo Verde nunca viu. Santiago Magazine, conitune o seu bom trabalho informando dos desmandos de Movimento para Desgraça, que já proibiu a divulgação de noticias menos favoraveis na RTC e maioria dos canais informativos do Estado.
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+5 # SÓCRATES DE SANTIAGO 06-09-2018 16:55
Um Editorial digno do nome. Já é tempo de se mandar fazer uma competente auditoria ao HOSPITAL AGOSTINHO NETO, o HOSPITAL DA PRAIA. Isto é apenas uma pontinha do "iceberg". Para lá da diálise, há mais coisas, muitas coisas, muitos segredos ainda por desvendar. Quem de devido direito, que se investigue ou mande investigar, para se apurar, definitivamente, a verdade dos factos, doa a quem doer. Esta é a PRAIA MARIA ( a minha PRAIA, como dizia o grande poeta Mário Fonseca), Capital da República de Cabo Verde e não Capital da República das Bananas.
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-4 # Sílvia Moreira 06-09-2018 10:51
Esse jornal e a sua direcção são demasiado tendenciosos aponto de descredibilizar 95% dos escritos desse jornal. Um jornal deve dar informações nuas e cruas. Porque não fazem trabalho com esses doentes fora do hospital? Na rua ou em casa dos mesmos fazia diferença? A redacção injúria, ofende e fala tudo o que quiser, até à toa, como se fosse um partido político e ao mesmo tempo diz que não há liberdade de expressão. Eu nunca li um editorial e, sequer um ponto de vista desses senhores durante os 15 e desgraçados anos do paicv. Nem mesmo quando o navio Vicente afundou e que, enquanto alguns sinistrados estavam em cima da água do mar eamanheceram no ilhéu, o governo de então e esses senhores que hoje, falam por tudo e por nada, estavam calados e deitados alegando mau tempo e esperando amanhecer. Para Os que estavam em cima da água do mar não havia mau tempo e mais e mais senhor redacção. Nesse tempo todo o senhor estava sego, surdo e mudo. Se calhar não vão publicar isso; pode não vos conver!
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0 # Kaka Alfama 09-09-2018 14:59
A comunicacao social e isenta
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-5 # Damiana Correia 05-09-2018 22:44
Quantas rolhas seriam necessárias para mandar fechar a boca das pessoas, pode dizer-me oh SM? Estou a ver um porta contentores no Porto da Praia, carregado de rolhas, importadas pelo Director do HAN, destinadas a impedir dezenas de pessoas de falar. Fala sério! Podem até brincar com a inteligência da militância burra, mas por favor. Desde de 13 de janeiro de 1990 que falar deixou de ser crime. Observem o que todos os dias é escrito no Facebook, Twitter, nós jornais, nas rádios e TVs. Estaria muito louco o Dr. Júlio Andrade.
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-12 # José lopes Correia 05-09-2018 20:27
Director do Hospital da Praia impede a membros de uma organização de falar. Santiago Magazine está a fazer política. Isto não corresponde a verdade porquanto, mesmo que quisesse, não consegue colocar rolha na boca das pessoas como fazia o regime de partido único. Portanto, carece de verificação.
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