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januario nascimento

O presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), Januário Nascimento, defendeu hoje uma maior eficácia na implementação da lei que interdita a comercialização e utilização de sacos de plásticos convencionais.

Citado pela Inforpress, que o abordou no âmbito das celebrações do Dia Mundial do Ambiente, que hoje se assinala, Januário Nascimento reconheceu que há da parte do Governo algum esforço, mas salientou que há que fazer o devido seguimento, devendo as acções serem implementadas de forma mais rápida.

“Entendemos que devemos ir mais rápido e ter mais eficácia na implementação dessa legislação, porque não se trata apenas de substituir os sacos de plásticos. Os sacos biodegradáveis ajudam, mas não é a solução completa”, disse aquele activista ambiental.

Januário Nascimento sugeriu que é necessário apostar também nos sacos de pano e utilizar também os sacos produzidos a partir dos “produtos da terra” como a bananeira e o sisal, como de resto já acontece em outros países.

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“Nós iniciamos esse projecto, mas é claro que não se pode fazer tudo de um dia para outro. Há algum esforço do Governo, devemos reconhecer, mas precisamos fazer mais. É um trabalho que leva tempo, que precisa que todos sejamos sensibilizados”, disse, defendendo também um maior envolvimento das casas comerciais e das próprias entidades de fiscalização.

Por outro lado, afirmou que é necessário recolher o plástico antigo lançado no ambiente e sobretudo, chamar a atenção das empresas de construção para não lançarem os plásticos de embalagem dos produtos nas ruas.

Neste sentido anunciou a realização, no próximo sábado, 08 de Junho, que é também Dia dos Oceanos, de uma ampla campanha de recolha de plásticos, que deverá contar com o alto patrocínio da Presidência da República.

Uma campanha que, segundo indicou, vai decorrer em simultâneo em vários países que integram o espaço PRCM – Parceria Regional para Conservação Marinha na África Ocidental e que envolve também as ilhas da Macaronésia.

“A maior parte dos nossos parceiros já confirmou nesse dia. É praticamente à mesma hora. No caso de Moçambique vai ser muito mais cedo devido ao fuso horário. Vai ser um grande dia. Cabo Verde vai estar no centro do mundo. Vamos convidar a representante das Nações Unidas e essa actividade tem o alto patrocínio da Presidência da Republica”, frisou.

A lei que interdita a comercialização e utilização de sacos de plásticos convencionais, entrou em vigor em 01 de Janeiro de 2017, com mecanismos legais que penalizam os agentes económicos que insistirem nesta prática.

Publicada em Agosto de 2015, a lei contempla coima que vai de 50 mil a 400 mil escudos, para pessoas singulares, e de 250 contos a 800 contos para pessoas colectivas, assim como a interdição da produção, importação e a comercialização dos chamados sacos convencionais que levam anos a deteriorarem-se, causando mal ao meio ambiente.

Com Inforpress

caravelas

Caravelas-portuguesas deram esta semana à costa em praias de Cabo Verde, alertou uma associação ambientalista, indicando que o fenómeno acontece devido ao mar revolto e às correntes que se fizeram sentir nos últimos dias.

O Movimento Contra a Poluição em Cabo Verde (MCPCV) referiu que a espécie surgiu na praia de Kebra Canela, na cidade da Praia, no último domingo, mas alertou que também pode estar em outras praias das ilhas cabo-verdianas.

"Venho por este meio alertar os banhistas e nadadores para terem atenção com o aparecimento da espécie caravela-portuguesa nas nossas praias", escreveu o movimento ambientalista na sua página no Facebook, ilustrando a publicação com fotos da espécie na praia de Kebra Canela.

De nome científico ‘Physalia physalis’, o organismo gelatinoso apresenta um flutuador em forma de "balão" de cor azul e, por vezes, de tons lilás e rosa.

O grupo aconselhou os banhistas e nadadores a não tocarem nesta espécie, mesmo quando aparenta estar morta na praia.

"Os seus tentáculos têm uma cor bastante atrativa, azul, lilás ou rosa, e mudam de tonalidade. As pessoas e as crianças que não a conhecem podem ir brincar ou apanhá-las", alertou.

Em caso de contacto com os tentáculos de uma caravela-portuguesa, a zona afetada deve ser bem limpa com água do mar e devem ser retirados quaisquer pedaços de tentáculos que possam ter ficado presos na pele, explicou o MCPCV.

"Além destes cuidados pode ainda ser aplicado vinagre e bandas quentes”, acrescentou a organização, recomendando que se procure assistência médica.

Há um ano, a associação ambientalista cabo-verdiana Biosfera I também informou que centenas de caravelas-portuguesas deram à costa das ilhas de Santa Luzia e São Vicente.

Os ambientalistas referem que a espécie aquática parecida com a alforreca tende a aparecer com maior incidência devido ao aumento da temperatura dos oceanos.

A Autoridade Marítima Nacional (AMN) portuguesa descreve a caravela-portuguesa como um organismo que vive na superfície do mar graças ao seu flutuador cilíndrico, azul-arroxeado, cheio de gás, cujos tentáculos podem atingir os 30 metros, sendo o seu veneno muito perigoso.

Na terça-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) alertou para o aparecimento da espécie em toda a costa de Portugal, incluindo Açores e Madeira.

Com Lusa

Por: Paulo Varela*

 Paulo Varela

Este fenómeno natural, pode ter várias causas:

1. As espécies marinhas, estão localizadas em habitats próprios, com características e condições, aos quais se adaptam durante os anos de sua existência, encontrando ali as condições ideias para suas necessidades, desde alimentação, temperatura, proteção, luz, oxigénio, potência hidrogenada - PH, essencialmente.

Contudo, com as oscilações térmicas, provocadas pelas alterações climáticas e a perda de vegetação marinha - o fitoplâncton - e o deslocamento de sub-espécies dos quais se alimentam as espécies maiores, dá-se, então, uma rotura no ciclo de alimentação ou no equilíbrio térmico ou ainda pelo desequilíbrio dos demais factores, causando assim, o deslocamento das espécies em massa, procurando novos habitats para compensar o desequilíbrio.

camarão

Assim, ao se aproximar muito da costa, no caso dos camarões, encontrando-se fragilizados pela falta de alimentos e pelo stress térmico, são facilmente arrastados pela crista das ondas e lançados na praia.

Esta 1ª hipótese afasta o perigo da contaminação alertada pelas autoridades de saúde,

Contudo:

2. Existe também a possibilidade de durante o processo de sua deslocação e portanto, procura de alimentos, terem ingerido alguma substância ou alimento incompatível com seu organismo ou hábito alimentar, que lhe possa ter provocado intoxicação e consequente morte. Por isso é preciso saber se deram à terra mortos ou ainda com vida, tendo assim, as autoridades de saúde local, agido corretamente ao desaconselhar o consumo destes crustáceos.

Estas duas hipóteses são as mais prováveis, no meu entender pela experiência dos estudos e conhecimentos de maricultura e gestão de recursos haliêuticos costeiros no Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas.

No entanto, como neste fenómeno, nem tudo é negativo! Estamos perante um excelente indicador: Afinal, temos potencial de produção de Camarão no mar de Tarrafal.

Desafio:

3. Agora é lançar mãos à investigação, encontrar o habitat deste exemplar, identificar/confirmar as causas de seu deslocamento e quiçá introduzir medidas de proteção deste habitat e promover a produção em condições controladas.

O quilograma de Camarão no nosso mercado atinge valores equivalentes a mil escudos.

É preciso saber interpretar a linguagem da natureza e os sinais dos tempos.

* Ambientalista, jurista, pôs-graduando em Direito do Ambiente